por Sandra Vasques
“Tenho um relacionamento de um ano e meio com minha namorada. Nos relacionamos muito bem por causa da boa afinidade de ideias e nossos papos são prazerosos. Mas sinto falta de uma postura de mulher ‘safada’ na cama, pois com ela só faço amor. Já tentei conversar com ela, mas ela diz que isso é ser submissa, é ser p… e ela não gosta. Será que isso pode trazer dissabores quando eu for casado com ela? Tem como reverter esse quadro?”
Resposta: A falta de sintonia no sexo pode, sim, trazer problemas para o relacionamento. Na atualidade, o papel do homem e da mulher no casamento vem mudando intensamente. O que se espera não é, como antes, ter um marido que sustente, proteja e dirija a casa, a esposa e os filhos. Assim, como não se espera uma esposa que cuide e acolha os filhos, o marido e a casa.
Esses papéis pertencem ao casal e devem ser distribuídos segundo a disponibilidade, necessidade e habilidades de um e de outro e acordado claramente para não haver desarmonia. E um outro papel que passa a fazer parte da vida do casal no casamento é o de amante um do outro.
Antes, isso não era necessário, aliás, nem esperado. As mulheres eram educadas para acreditar que gostar de sexo, desejar um relacionamento prazeroso e criativo não era coisa de mulher ‘direita’, que não combinava com o papel de esposa e de mãe. Os homens por sua vez, também acreditavam nisso e não estimulavam esse tipo de desempenho por parte de suas esposas, procurando muitas vezes um complemento fora, com as mulheres consideradas ‘fáceis’. A educação e a cultura vem mudando essa concepção, mas isso não acontece de forma harmoniosa, mesmo porque, as mudanças, e essa é uma grande mudança, se processam de forma lenta e gradual. Muitas pessoas e famílias ainda acreditam e investem no modelo antigo de casamento. Essas convivem com aquelas famílias que já vem pensando e agindo diferente.
Você e sua esposa, convivem nessa sociedade que dá mensagens duplas sobre o que se espera do comportamento de uma mulher no sexo. Assim, é natural que sua esposa se sinta insegura para assumir alguns comportamentos mais ousados e quentes no sexo. Ela, pelo que você conta, considera você um homem especial, que pode ser seu parceiro de vida e consequentemente, aceitou aprofundar o relacionamento e iniciar a vida sexual. Mas, é provável, que ela não acredite que um sexo picante combine com ela e o relacionamento de vocês, e se sinta desvalorizada por ela mesma se concordar e fazer o que você pede.
Tem jeito de mudar isso?
Sim, mas exige tempo e investimento, e não dá para prever qual o grau de mudança que será alcançado. Um jeito de começar é conversando sobre sexo, mas não no momento em que se está fazendo. Os dois devem falar do que e como gostam. E tanto ela como você devem prestar atenção e procurar acrescentar, gradativamente, na hora da transa, algo que descobriu sobre o outro. Não só ela deve mudar o jeito de olhar o sexo, você também.
Além disso, buscar informações em sites confiáveis, leituras que propiciem tanto sugestões sobre como incrementar o momento da transa, como aquelas que ampliem o olhar sobre o exercício da sexualidade, e depois conversar sobre o que leram, pode contribuir para se libertar mais no sexo.
Vocês podem combinar alguma fantasia, ou inovação, que os dois se sintam à vontade, ora mais do jeito de um, ora de outro, e ficando mais a vontade, com maior intimidade.
Se apenas essas conversas, informações e acordos não forem o suficiente, um psicólogo pode ajudá-la a perceber o exercício da sexualidade como algo que pertence a ela e que é lícito que ela possa explorar com mais curiosidade e intensidade, mesmo que não seja exatamente como você espera. No entanto, se ela realmente tiver valores e princípios que a impeçam de ir além, então você terá de lidar com essa realidade e avaliar se está disposto a abrir mão do que espera no sexo. Afinal atualmente um casamento tem significado, se apontar para uma parceria feliz em múltiplos sentidos, inclusive no sexo.