Será que sou feliz com ele e não sei disso?

por Anette Lewin

“Sou casada há nove anos. Tenho uma filha de sete. Optei por separar apos algumas traições. Não temos muitas afinidades, nem transamos mais há muito tempo! Mas ele é uma pessoa maravilhosa, coopera comigo, cuida de minha filha, me apoia e não me nega nada. Agora encontrei outra pessoa por quem me apaixonei! Mas me dói quando olho pra ele e não consigo colocar um ponto final. Choro e toda vez que penso em me separar, eu desabo. Penso que talvez eu seja feliz com ele e não saiba. Estou muito confusa. Será que no fundo tenho pena dele por ser bom para mim?”

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Resposta: A decisão de separar-se quase sempre é conflituosa. Afinal, por pior que seja, todo casamento tem seu lado positivo.

No seu caso, você tenta encontrar um motivo racional para permanecer num casamento, que já perdeu vários dos seus encantos, e levanta a ideia de "ter pena dele porque ele é bom". Sim, provavelmente ele é uma boa pessoa que te encantou durante algum tempo, e com quem você teve uma filha. Depois veio o esfriamento, as traições (não fica claro no seu e-mail quem traiu quem) e uma nova paixão.

Sair de um casamento esfriado para mergulhar de cabeça no calor de uma nova paixão pode sim colorir sua vida novamente. O problema é quanto tempo essas cores permanecerão vibrantes. Paixão tem prazo de validade e, quando acaba, pode se transformar em algo mais parecido com uma amizade, se transformar num inferno ou morrer de vez.

Assim, sua dúvida: "talvez eu seja feliz com ele e não saiba" faz algum sentido. É possível que após nove anos de casamento, a mobilização conseguida em uma parceria amorosa não seja capaz de atingir as altas vibrações inerentes a relacionamentos em seu início. Seja com seu marido, com seu novo amor ou com qualquer outra pessoa.

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 É importante então que você decida se quer estar casada ou quer estar apaixonada.

Se quer estar casada, é importante perceber que depois de algum tempo, se você precisa vibrar, talvez o casamento não seja o melhor lugar para isso. Pelo menos não depois de nove anos casada com uma pessoa equilibrada.

Você pode tentar se mobilizar através de outras fontes: um novo trabalho, novas amizades, novos cursos etc. Mas se você quer viver paixões intensas, a melhor forma é aproveitá-las enquanto duram e, quando terminarem, trocar de parceria. Ou continuar como está agora, levando dois relacionamentos ao mesmo tempo se conseguir administrar culpa. Simples assim.
 
Certamente não existe um motivo racional que possa fazê-la decidir o que é melhor para você. Os "porquês" podem ser levantados para ajudá-la a entender seus vínculos afetivos, mas sua decisão sempre dependerá de sua intuição, seus sentimentos e seu querer. Assim, depende de você decidir que tipo de "felicidade" você procura.

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Lembre-se que largar uma pessoa para ficar com outra sempre tem seus riscos. Pergunte-se se a pessoa por quem você está apaixonada hoje continuará sendo a mesma pessoa depois que você se separar; se você, numa relação formal com essa pessoa, continuará sentindo por ela a mesma atração que sentia num relacionamento não convencional; e se as características dessa pessoa proporcionariam a você aquilo que você necessita num convívio cotidiano. Às vezes a paixão pode funcionar muito bem em encontros fortuitos, mas não consegue sobreviver ao dia a dia.

Por fim, reflita sobre o que é "felicidade" para você e tente entender que tipo de "felicidade" você procura.

Ninguém é feliz o tempo todo e, certamente, ao olhar para trás, podemos nos deparar com momentos felizes pelos quais passamos sem dar muita atenção. Momentos para os quais, se pudéssemos, voltaríamos correndo. Mas como isso não é possível, evite tomar sua decisão baseada só em uma possibilidade de se arrepender depois. Pense em sua vida como um todo e assuma sua decisão, seja ela qual for, de cabeça erguida e disposta a fazer com que dê certo.    

Atenção!
Este texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento.