por Patricia Gebrim
Muitas pessoas têm uma enorme dificuldade em confiar. Não confiam nas pessoas. Não confiam na vida. Na verdade não confiam em si mesmas.
Não é difícil reconhecê-las. Em geral possuem oito olhos, dois para cada direção, buscando sempre uma visão de 360 graus, na tentativa de antecipar qualquer possível ataque! Tantos olhos acabam embaralhando sua visão, essas pessoas acabam vendo coisas demais e tropeçando na própria sombra.
Também é comum que andem de maneira quase mecânica, arrastando-se preocupadamente por onde passam. Não poderia ser diferente, uma vez que carregam para todos os lugares, uma pesada armadura que as proteja dos golpes que os oito olhos porventura forem incapazes de evitar. Estão sempre armadas e prontas a defender-se.
É claro que se tornam lentas, pesadas, incapazes de dançar, correr ou aproveitar a alegria espontânea de um momento de descontração. Acabam enferrujadas, sem conseguir fluir livremente com a vida, sem conseguir aproveitar aqueles momentos únicos, muitas vezes simples, que existem na vida de todas as pessoas, momentos de leveza e alegria que fazem valer a pena a aventura de viver.
Em geral as pessoas assim desconfiadas culpam alguém por sua vida tão limitada. Pode ser que tenham sido feridas um dia. Pode ser que tenham se sentido traídas, enganadas, apunhaladas.
Mas não importa o que tenha nos acontecido no passado, não importa as experiências que tenhamos vivido, a verdade é: somos nós que continuamos escolhendo nos manter ligados a isso. Não é preciso permanecer atado a algo que nos faz sofrer. Não é porque um dia caímos e ralamos nossos joelhos, que precisamos passar a vida ajoelhados, amedrontados e atados.
Se você for uma dessas estranhas criaturas com oito olhos, enlatada em uma armadura, vá a um supermercado agora mesmo e compre o maior abridor de latas que encontrar.
Volte para a sua própria casa, como a lagarta que se fecha no silêncio de um casulo, e lá dentro, longe de tudo e de todos, feche os olhos. Todos eles. Os oito!!! E quando todos estiverem fechados um olho interno se abrirá. Quando você parar de olhar para fora tentando controlar o mundo, você começará a enxergar a si mesmo. E quando finalmente conseguir isso, será capaz de reconhecer a sua beleza, a sua divindade, as suas asas.
E quando descobrir que tem asas, se lembrará de que é capaz de voar.
Aprenda na quietude do casulo, a reconhecer suas qualidades e a confiar em si próprio. Esse é o único ser em que você pode de fato confiar com 100% de certeza… seu próprio ser. E então, quase magicamente, você se descobrirá expandindo sua confiança nas outras pessoas, no mundo, na vida.
A confiança na vida só pode existir como um reflexo da nossa capacidade de confiar em nosso próprio Eu.