por Marcelo Toniette
"Tenho 19 anos e ultimamente tenho dúvidas sobre minha orientação sexual. Esse desejo sexual não se estende a homens mais velhos."
Resposta: O fator idade não funciona como referencial para determinar a sua orientação sexual.
O que determina a orientação sexual é por quem você se sente atraído afetivo e sexualmente de forma predominante.
É comum que homens e mulheres passem por alguma fase – ou diversas fases – da vida em que se questionem ou mesmo queiram experimentar novas possibilidades em relacionar-se afetivamente e/ou sexualmente. Relacionar-se com alguém do mesmo sexo não quer dizer necessariamente que essa pessoa seja homossexual; e nem o fato de esta pessoa relacionar-se com alguém do sexo oposto determina que seja heterossexual.
O fato de uma pessoa ter atração afetiva e sexual por um determinado sexo, não quer dizer que essa pessoa rejeitará o outro sexo. É bastante comum se pensar nas categorias “heterossexual”, “homossexual”, ou “bissexual”, como ideais a serem seguindos, limitando as possibilidades de vivência, pois “se eu sou isso não posso vivenciar aquilo”. O que assistimos na atualidade é justamente uma flexibilidade de modos de expressão da sexualidade.
Uma pessoa que se identifica heterossexual pode ter experiências homossexuais e vice-versa.
Por outro lado, o que se vê é uma tendência de que as pessoas apresentam uma predominância da atração afetiva e sexual por um determinado sexo.
Alguns teóricos afirmam que o ser humano é essencialmente bissexual e que opta pela vivência predominante hétero ou homossexual. Se você consultar a obra de Alfred Kinsey você verá que depois de uma extensa pesquisa no território norte-americano, ele constatou que apenas uma minoria da população é estritamente heterossexual e uma minoria é estritamente homossexual.
É pertinente o questionamento que você vem se fazendo. Ter esse tipo de questionamento é uma forma de autoconhecer-se. Quando se fala em desejo, se fala de algo que se esta buscando possibilidades de realização. Se você tem desejo sexual por outros homens, será que não existe algum medo ou imagem negativa sobre esse tipo de relação? Ou poderia ser algo no plano da fantasia? O fato de você sentir desejo afetivo por mulheres, mas não desejo sexual, não pode ser alguma dificuldade, ou mesmo falta de familiaridade com a vivência sexual com mulheres?
Procure não partir de forma aflitiva para saber se você é heterossexual, homossexual, ou bissexual. Você é muito mais do que uma mera categoria. O fato de você se disponibilizar em compreender-se já é um caminho. Dê um tempo para você e procure perceber-se enquanto pessoa. Veja aquilo que é importante para você, quais são seus desejos, qual é a sua disponibilidade de vivenciá-los; veja também se existem empecilhos, ou mesmo algum preconceito que o impeça de experimentar possibilidades. Estreite esse contato consigo mesmo e, claro, mantenha contato com outras pessoas.
O que vale agora é a sua vivência social e as possibilidades de reconhecer a sua forma singular de expressar-se afetivamente e sexualmente. Não espere por uma resposta final: “você é isso”, para que você não caia no: “Se eu sou isso, logo, tenho que agir dessa ou daquela forma, pois é isso que é esperado de mim”. Em vez disso, veja que tipo de vivência afetiva e sexual faz mais sentido para você. A “categoria” da sua orientação sexual surgirá com o tempo.
Permita-se fazer isso que você já vem fazendo: experimentar situações, experimentar estar com pessoas…
Permita-se tocar e ser tocado pelas pessoas. Saia mais com os/as amigos/as, veja com qual perfil de pessoa você se identifica. Volte-se para si mesmo, veja o que sente, veja o que é gratificante para você. Monte um projeto que inclua onde e com que tipo de pessoa você gostaria de estar daqui algum tempo. Aos poucos você se aproximará de uma situação que faça mais sentido para você, gerando sentimento de bem-estar e de realização.
Como perceber se minha orientação sexual é homo ou hétero? – clique aqui e leia
Atenção!
As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psicologia e não se caracterizam como sendo um atendimento
