por Marcelo Toniette
Em uma situação de sintonia existe uma troca harmônica entre duas pessoas, seja no sentir, no pensar, nas atitudes diante da vida, na relação, na sexualidade… Para a sintonia acontecer não é necessário que as pessoas sejam “iguais”, isso é impossível. Reconhecer a diferença do outro é fundamental para que exista a reciprocidade entre o casal.
A manutenção desta “via de mão dupla” promovida pela reciprocidade depende da disposição do casal. É sempre bom lembrar que o sexo com amor sempre tem um prazer a mais. Por se falar em amor, muito se discute sobre a duração desse sentimento. Se o amor não for cultivado e cuidado no dia a dia, em um momento ele pode acabar. O mesmo acontece na vida sexual.
É importante na relação falar um ao outro sobre aquilo que gosta, aquilo que sente, aquilo que mais dá prazer. Quanto mais a relação for duradoura, mais a tendência de o casal cair na armadilha de achar que sabe tudo do outro, ou que o outro sabe tudo sobre si. Ledo engano que gera uma série de desentendimentos entre os parceiros. Quantos casais ao longo dos anos deixam de expressar o afeto e caem em uma rotina sufocante?
Para a manutenção da relação é sempre bem-vindo o contínuo resgate da expressão afetiva, do (re)despertar do sentimento de ter prazer ao lado de quem se ama. Isso tudo favorecerá a “química”, aquele algo mais na relação, que influenciará positivamente a vida afetiva e sexual do casal.
Ela quer fazer o papel de homem. Deixo?
Namoramos há dois anos. Temos uma relação aberta, sem preconceitos e gostamos de realizar nossas fantasias. Mas agora ela quer inverter as posições, até comprou uma sinta e um consolo e quer fazer o papel do homem. Isto é normal?
Resposta: Nessa situação sugiro você notar o que desperta em você a ideia de realizar essa fantasia, seja em termos de sensações, seja em termos de ideias e valores. A permissão, ou não, para experimentar essa fantasia da sua namorada é algo que cabe a você. Entrar no mérito se isso é normal, ou anormal, é o menos importante neste momento. Quem vai determinar a “normalidade” é você junto com a sua namorada.
Perceba em você se existe a curiosidade, ou mesmo se você sente-se à vontade com a ideia de realizar essa fantasia. Mesmo que exista o desejo, como essa experiência é algo novo para você e sua namorada, pode surgir algum embaraço, ou mesmo a sensação de estranhamento. Mas nesta situação o prazer também pode surgir. Isso vai depender de como você respeita seus limites e até que ponto você se sente disponível para ir além deles. Caso você se sinta forçado e desconfortável para a realização dessa fantasia, é melhor partir para uma outra alternativa que esteja dentro dos seus limites e dos limites da sua namorada.
Existe uma infinidade de possibilidades de curtir a relação a dois e obter prazer sexual. Criativamente e com responsabilidade permitam-se vivenciar aquilo que esteja de acordo com o desejo e consentimento de cada um. É sempre bom lembrar que a forma de dar e receber afeto, ou mesmo a forma de sentir prazer, varia de pessoa para pessoa.
Meu marido adora sexo em grupo e eu não. Como encarar isso sem causar descontentamento para nós dois?
Resposta: Na sua pergunta você deixa explícito o seu posicionamento diante do sexo grupal. Em primeiro lugar, respeite seus limites. Noto na sua pergunta que não existe curiosidade ou disponibilidade para essa vivência. Submeter-se a uma situação apenas para agradar ao parceiro, talvez gere mais sofrimento e insatisfação a você – e a ambos – do que não submeter-se. Depois de checar a sua disponibilidade, converse com seu parceiro sobre isso.
Uma relação pressupõe reciprocidade, o dar e receber o afeto, respeitar e ser respeitado. Em conjunto vocês poderão encontrar alternativas para a vivência do prazer. Nem sempre as fantasias de um serão viáveis para outro, e isso precisa ser respeitado. Porém, a expressão do desejo de realizar algumas fantasias abre espaço para que o casal use a criatividade e encontre alternativas.
Na atualidade, muitas pessoas sentem que devem estar prontas para submeterem-se às mais diversas experiências sexuais. Felizmente vivemos em um momento em que existem várias possibilidades de vivência sexual. Cabe a cada um, dentro dos seus limites e possibilidades, experimentar ou não certas vivências. Tudo no seu devido tempo e vivido com responsabilidade e prazer.
Atenção!
As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psicologia e não se caracterizam como sendo um atendimento