por Patricia Gebrim
Estamos vivendo um momento muito especial, um momento em que podemos dar um salto significativo em nosso nível de consciência, criando em nossas vidas muito mais harmonia, mais leveza, mais beleza.
Mas para que isso possa acontecer é necessário que sejamos capazes de colocar abaixo as bases desse pedestal onde colocamos nosso ego. Pense no seu ego como a soma das experiências que você viveu nessa vida, como a sua história, desde o seu nascimento. Tem um nome, uma profissão, suas preferências… Enfim, o ego é aquilo que você usualmente chama de “Eu”. E que não é, absolutamente, a sua essência. Ouça. Você não é seu ego, embora ele exista. Você não é essa historinha que conta a seu respeito todos os dias, quando acorda. Na verdade, talvez você não saiba disso, mas essa história é a sua prisão.
Tudo fica tão mais fácil quando tiramos o ego da frente. Quando paramos de pensar tanto em nós mesmos, e nos voltamos para o outro, muitos dos obstáculos simplesmente se desfazem.
Outro dia uma conhecida minha estava sofrendo intensamente porque teria que fazer uma apresentação em público. Conversamos sobre isso e eu perguntei o que estava lhe causando tanta angústia. Ela disse que tinha medo de não ser boa o suficiente, de ser julgada, de não ser capaz de responder alguma pergunta, etc, etc. Observem… O que causa dor é sempre o EU.
– “EU” posso falhar. “EU” posso não saber. “EU” posso ser julgada.
O sofrimento existe pois acreditamos que precisamos defender o EU, evitar que o EU seja criticado, desvalorizado, julgado. E dá-lhe medo!
Foi quando eu perguntei a ela como seria se, ao invés de ficar tão focada em proteger o próprio EU, sua imagem, sua autoimportância; ela pensasse mais nas outras pessoas. E eu perguntei:
– Como seria se você olhasse menos para você mesma e mais para os outros?
Se entrasse em contato com a sua própria generosidade e imaginasse a si mesma amorosamente compartilhando o seu melhor com as pessoas que estarão lá para escutá-la?
Afinal, aquelas pessoas não são inimigos prestes a julgá-la, e sim pessoas que de verdade gostariam de aprender mais sobre aquele assunto, não é?
E se você tirasse o EU da frente e pensasse apenas nelas, em oferecer-lhes o seu melhor, em ajudá-las a compreenderem melhor aquilo que você conhece tão bem… Será que você sofreria tanto assim? Não seria mais fácil?
E de certa forma, parece que olhar para tudo dessa maneira fez diferença na sua atuação. Estive na palestra e percebi que ela a conduziu lindamente. E suas palavras vinham tranquilas e em paz, tocando a todos que a ouviam.
Gastamos energia demais tentando proteger esse tal EU que, na verdade, nem é quem somos de verdade. Nós somos “aquele que tem consciência desse EU”.
Pense no EU como um personagem numa peça de teatro. Se acreditamos que somos o personagem, só nos resta seguir as falas, tal como se apresentam no script que recebemos da vida. Mas se compreendermos que não somos o ator, e sim o diretor. Então tudo pode mudar. Podemos escolher papéis diferentes, podemos mudar tudo em nossa vida, e podemos representar a peça com mais leveza, pois saberemos que se trata apenas de uma encenação, e não da verdade última. A vida real não é a que acontece no palco, pense nisso.
A vida real acontece na singeleza de um momento pleno de significado, acontece nos espaços silenciosos dentro de nós, na percepção única que brota de nossa inteireza. Muitas vezes a vida real não é percebida pelo olhar mais superficial. Requer que a gente queira prestar atenção nela, requer que a gente se afaste um pouco da loucura desse mundo feito de ilusões e sinta, agora mesmo, o sagrado que pulsa em tudo o que existe.
Sofrimento vem da tentativa de proteger o ego
Toda vez que você estiver experimentando sofrimento em sua vida, eu o convido a fazer esse exercício e tentar perceber no quanto esse sofrimento pode estar relacionado a uma tentativa de proteger o seu ego. Perceba isso, e imagine que não exista nada a proteger. Lembre-se de que a vida não é algo que podemos controlar e faça as pazes com qualquer possibilidade que se apresente. Tente criar menos resistência, e, acredite, tudo fluirá melhor.