Sonho em engravidar, mas não quero namorar…

A melhor forma de avaliar essa situação, é se colocando no lugar desse pai: você gostaria que fizessem isso com você? Há outra alternativa para engravidar sem namorar, mas é cara.

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“Tenho 36 anos e meu sonho é engravidar, mas não quero namorar… Poderia simplesmente transar no período fértil… Mas acho que esse não seria um bom caminho. Então, pensei em ver se um date, pode se transformar em uma “situation” e depois de algumas ficadas, aí sim engravidar e terminar… Queria muito saber se esse caminho pode ser bom para mim? Obrigada!”

Resposta: Bem, mesmo que esses caminhos fossem bons para você, certamente não seriam para o pai da criança. Afinal, a escolha desse caminho para resolver seu problema implicaria no envolvimento de uma pessoa na responsabilidade sobre uma criança que ela não escolheu ter.

Como engravidar sem namorar

Nesse sentido, se você quer ter um filho, sem ser através da formação de uma família tradicional, o mais adequado seria partir para uma fertilização in vitro com doador anônimo.

Sim, custa caro, mas sustentar um filho por 18 anos também custa. Assim, se você não tem condições de pagar uma FIV, como pensa em sustentar uma criança? Será que jogar a responsabilidade para um pai que não escolheu ser pai seria uma escolha moralmente válida?

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Essa pergunta sua consciência tem que responder. Sim, porque no País em que você mora, mesmo que resolvesse assumir sozinha essa criança, no começo, a qualquer dificuldade econômica você poderia fazer um exame de DNA e, provando que o pai é mesmo pai, ele seria obrigado a assumir a responsabilidade.

Como avaliar essa situação?

A melhor forma de avaliar essa situação, é se colocando no lugar desse pai: você gostaria que fizessem isso com você? Você gostaria que, tendo traçado seus planos pessoais com responsabilidade e coerência, aparecesse, de repente, uma criança na sua vida que a obrigasse a abandonar tudo para cuidar de alguém que você não planejou?

Certamente imprevistos acontecem na vida das pessoas, mas, no caso, não seria um imprevisto. Seria uma cilada. Certamente, o pai poderia, em algum momento, se afeiçoar a esse filho, mas nem sempre isso acontece. Na maior parte das vezes, o que prevalece é o ódio, a raiva, que vão acabar colocando essa criança num ambiente disfuncional que afetará todo o seu desenvolvimento.

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Sobre esse tema, me parece que existem na Europa países que lidam com essa questão de uma forma mais coerente. Nesses países, uma mulher, como você, que quer ter um filho, combina isso com algum parceiro, e, com a concordância dele, ambos, pai e mãe, assinam um contrato em que a mãe assume toda a responsabilidade de sustento, atenção e cuidados, isentando completamente o pai de qualquer responsabilidade sobre esse filho que passa a ser só da mãe. Aí sim. O pai sabe o que está fazendo e aceita porque quer aceitar. Mas no seu caso, mesmo na hipótese de você namorar por um tempo, além do pai não participar do planejamento, ainda tem que arcar com as consequências…

É claro que, se algum homem tiver relações sexuais com você sem preservativo, está arriscando, você dirá. Está mesmo. Mas, e se ele perguntar se você usa anticoncepcional? Você dirá a verdade? Dentro do seu “plano”, será obrigada a mentir, não é?

Bem, frente a essas considerações, a atitude a ser tomada depende única e exclusivamente de você. Avalie se quer mesmo ser mãe-solo, ou se, na verdade, quer ter, além de um filho, alguém para dividir as despesas da criação desse filho, sem o ônus da relação a dois que, na verdade, também dá trabalho. Sim, muitas mulheres fazem isso, mas do ponto de vista moral, essa atitude seria no mínimo questionável, principalmente em tempos em que a mulher pode recorrer a uma fertilização in vitro, ter seu filho e arcar inteiramente com a responsabilidade sobre ele. Pense nisso.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.