Namorados, nos dias atuais, não aparecem. As pessoas vão atrás deles, principalmente através de aplicativos de relacionamento
E-mail enviado por uma leitora:
“Olá, tenho 35 anos, não tenho namorado e nunca me casei. Tenho uma filha de 13 anos de meu ex-namorado. Faz 11 anos que me separei. Desde então, nunca mais apareceu ninguém que queira namorar sério comigo. Estou me sentindo muito triste. Sou bonita e não sou chata, mas não encontro ninguém. Pior que também não tenho amigos. Isso aumenta mais minha solidão. Tenho medo de terminar a minha vida toda sozinha.”
Resposta: Nesses novos tempos de relacionamentos em xeque, virtualidade “preenchendo” a vida das pessoas, pandemia e isolamento social; é imprescindível você se questionar para quê, exatamente, quer um namorado. E se quer realmente um namorado.
Quando você diz que, apesar de ser bonita e “não ser chata”, os namorados não “aparecem”, algumas questões chamam a atenção. Por que você usa o termo “não sou chata” para definir-se? Ser ou não ser chata é, para você, o divisor de águas para ser bem-sucedida na relação?
Não ser chata significa aceitar o que o parceiro quer, mesmo que você não queira? Alguém disse que você é chata? Mas… ao não se ver dessa forma, você afirma o contrário? Bem, talvez valha a pena você rever características suas que podem atrapalhar suas conquistas. Afinal, você já namorou e já teve uma filha. Assim, você já tem uma noção do que é conquistar e conviver com um par amoroso.
O mito do amor romântico
Ao me contar que depois desse namorado nunca mais “apareceu” ninguém; a palavra “aparecer” sugere uma ideia romântica, mágica… Dá a impressão que, na sua cabeça, a parceria amorosa depende do acaso, sem a necessidade de empenho. E aí volta a pergunta feita lá atrás: você quer realmente ter um namorado? Pense nisso. Se a resposta for positiva, algumas de suas atitudes e pensamentos devem ser revistos.
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Namorados, nos dias atuais, não aparecem. As pessoas vão atrás deles, principalmente em Apps de relacionamento. Estes Apps correspondem às antigas pracinhas de pequenas cidades onde mocinhas passeavam e rapazes se aventuravam a chegar perto daquelas que lhes agradava. Mas nos dias de hoje, mocinhas e mocinhos vão à luta. Assim não é mais apenas a aparência que encanta ou desencanta, mas as ideias, o modo de ser que se evidencia através da troca de mensagens eletrônicas. E isso tudo está ao seu alcance, é só arriscar. Ou então optar por ficar só. Mas conscientemente. Sem lamentações.
Procure entender por que você se sente só
Como você afirma que a questão da solidão não se dá apenas no campo amoroso, que você não tem amigos, talvez toda a questão de socialização tenha sido mal construída. Você nunca teve amigos? Ou está difícil vincular-se às pessoas agora? Assim, tente entender se a timidez acaba te imobilizando e você fica com medo de se aproximar dos outros.
E, mais uma vez, tente usar a tecnologia a seu favor. Você pode entrar em grupos de discussão de algum assunto do seu interesse e conhecer novas pessoas; fazer cursos online e abrir seu leque de relacionamentos. E melhor, você pode expor suas ideias sem expor sua imagem. Mas pode fazer até mesmo o contrário: expor sua imagem e ficar quietinha lendo ou ouvindo o que as pessoas discutem. Não resta dúvida que a virtualidade facilitou muito conhecer pessoas. Do seu computador ou telefone, você tem acesso ao mundo. Dessa forma, não é tão difícil começar.
Certamente, você não está falando só de começar; mas de aprofundar relacionamentos. Você já teve essa experiência e parece que gostou dela. Mas não conseguiu repeti-la. O que será que aconteceu? O fim do relacionamento foi traumático? Quem resolveu se separar foi você ou ele? Portanto, avalie se a dificuldade de dar continuidade a eventuais relacionamentos, que você menciona acima, pode estar ligada ao medo de se decepcionar, ou de perder o parceiro. E se for isso, talvez uma terapia possa ajudar bastante.
Finalizando, é preciso entender o que é o amor nos tempos modernos. Não adianta repetir comportamentos que, talvez, no passado deram certo. Hoje, cada pessoa que quiser ter um par, tem que avaliar o que quer, o que ganha vivendo com alguém. Mas, principalmente, o que pode oferecer a um par amoroso. Esse último item, aliás, costuma ser o mais negligenciado. Não adianta apenas sonhar com um par que satisfaça seus anseios românticos. Aliás, nunca adiantou. Mesmo os filmes com final feliz, não contam o que acontece depois dos primeiros tempos de convivência. Mas todos nós sabemos, não é?
Quem souber oferecer afeto, provavelmente, receberá afeto; ao oferecer respeito você poderá recebê-lo; se você for compreensiva, receberá compreensão. Simples assim.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.