por Marcelo Toniette
"Sou casada há 29 anos. Nunca gostei de sexo, não sei o que é sentir um orgasmo. Já procurei vários médicos e nenhum me deu uma resposta que me ajudasse. Desisti, resolvi deixar assim mesmo. Mas hoje encontrei você na internet e resolvi escrever para que você me oriente."
Resposta: A expressão da sexualidade é singular, varia de pessoa para pessoa. O fato de você não ter experimentado orgasmo nas suas relações sexuais não quer dizer que você não goste de sexo.
É muito comum a confusão entre prazer sexual e orgasmo. O orgasmo é uma forma máxima de prazer sexual, porém, o prazer sexual não necessariamente é sinônimo de orgasmo.
O orgasmo é conseqüência de diversos fatores dentre eles o grau de relaxamento, os estímulos eróticos, a disponibilidade para o sexo, o contexto como um todo.
A resposta que você quer está dentro de si. Para encontrá-la é preciso que tenha paciência, respeito, consideração consigo mesma. Você permanecer no estado da autocobrança exacerbada por um padrão julgado correto (= ter que ter orgasmo) somente trará mais frustrações: o prazer fica inalcançável, o desejo fica inalcançável, o orgasmo nem se fala!… a obrigação acaba tomando o lugar do prazer. Como a autocobrança fica difícil perceber o processo (= começo-meio-fim) para que o orgasmo aconteça, pois sempre se tenta pular etapas importantes para alcançá-lo.
Vejo pela sua mensagem que você já cansou de buscar a resposta. Veja se você já percebeu que é hora de experimentar encontrar novas possibilidades de prazer sozinha e/ou com seu parceiro. Se você tem que desistir de algo, esse algo é você tentar se encaixar em um padrão que não é o seu. Se você acha que não gosta muito de sexo, que tal se dar a oportunidade de experimentar sensações prazerosas? Que tal sair desse padrão de se achar imperfeita e adotar um padrão mais humano e positivo a respeito de si mesma?
Banho é um caminho para descobrir o prazer sexual
Dentre as diversas possibilidades de experimentar isso, o banho pode ser uma forma interessante de você tocar seu corpo por inteiro de uma forma mais delicada, sutil e estimulante. Você e seu parceiro podem fazer algo que você gosta, que lhe agrade. Isso também é uma alternativa interessante. Se você não sabe ao certo o que gosta, ou o que é estimulante para você, nada de cobranças.
Sempre com paciência, preste mais atenção no seu corpo, nas suas sensações, veja o que mais lhe agrada, o que mais desperta prazer, mesmo que seja de forma sutil.
Sexo é um aprendizado
Lembre-se que o sexo é um aprendizado. Ninguém nasce sabendo. Utilize o seu momento atual de vida com seu parceiro e, juntos, procurem renovar da maneira que mais agrada a vocês dois.
Esqueçam aquilo que “dizem” ser bom, experimentem aquilo que é interessante e estimulante para vocês.
A paciência é fundamental!
Também é importante lembrar que o sexo não se restringe na cama. Assim, sugiro que você e seu parceiro retomem aquele clima de namoro com toda aquela sensação gostosa de parceria, de intimidade, de cumplicidade… Passeiem mais, façam mais atividades juntos, redescubram-se não só na cama, mas na vida como um todo. Nada de cair no discurso de que já é tarde e que não tem mais jeito. Sempre existe a possibilidade do recomeço. Sem culpa, e sem autocobrança, se dê a oportunidade de experimentar a vida.