Tratamento natural da endometriose pode ser feito com nutracêuticos – nutrientes utilizados como medicamentos e são vendidos em cápsulas
Dentre os suplementos e nutracêuticos que ajudam a combater a endometriose e a reduzir focos endometriais, dor e inflamação, e até a aumentar a taxa de fertilidade, os mais investigados são n-acetilcisteína (NAC), picnogenol, resveratrol, ômega-3, cúrcuma, melatonina, palmitoiletanolamida (PEA), canabidiol e própolis. Conforme comprova a pesquisa atual, diversas outras plantas e vitaminas podem atuar também, dependendo dos sintomas e deficiências específicas.
N-acetilcisteína
Há evidências de que a suplementação com N-acetilcisteína (NAC) pode reduzir o tamanho de endometriomas (cistos sanguinolentos nos ovários). Em um estudo italiano com 92 mulheres, o grupo de pacientes tratadas com NAC tiveram os cistos reduzidos de tamanho, em média de -1,5 mm, contra um aumento significativo de +6,6 mm em pacientes não tratadas. Além disso, 24 mulheres no grupo NAC, contra somente 1 no grupo controle, cancelaram a laparoscopia programada devido à diminuição ou desaparecimento de cistos, e/ou redução relevante da dor.
Neste estudo foi administrada uma dose de 600 mg de NAC 3x por dia 3x por semana durante três meses. Outros dois estudos usaram NAC em associação com quercetina e cúrcuma ou com ácido lipoico e bromelaína. Em ambos, o resultado foi positivo, com melhora significativa e redução dos sintomas de dor associados à endometriose, permitindo diminuir o uso de anti-inflamatórios e analgésicos.
Picnogenol
Picnogenol, um extrato de casca de pinheiro (Pinus pinaster), contém poderosos compostos polifenólicos (catequinas, epicatequinas, procianidinas, ácidos fenólicos) com forte ação antioxidante. Picnogenol apresenta ação antiespasmódica e bloqueia a inflamação, inibindo citocinas e prostaglandinas pró-inflamatórias, atuando de forma eficaz na redução da dor em diversas condições ginecológicas.
Um estudo de alto nível, preciso e extremamente sofisticado, feito em hospitais no Japão, mostrou que picnogenol (60 mg/dia) diminuiu significativamente a dor e a quantidade de medicação analgésica necessária na dismenorreia relacionada à endometriose (dor intensa durante a menstruação). Picnogenol reduz cólicas e desordens menstruais, dor abdominal e sensibilidade dolorosa na endometriose, e pode ser usado como alternativa terapêutica aos hormônios sintéticos no controle dos sintomas, ou em conjunto com anticoncepcionais.
Resveratrol
Resveratrol é um composto polifenólico natural, encontrado em uvas, vinho, diversas berries, amendoim. Resveratrol tem ação antiproliferativa, por indução da apoptose (morte celular), e anti-inflamatória, inibindo a síntese de prostaglandinas. A partir de estudos revisados fica claro que o efeito anti-inflamatório do resveratrol pode contribuir no manejo da endometriose, sendo considerado como uma nova arma na prevenção e tratamento desta doença.
O papel do resveratrol na redução do número e volume de focos endometriais e da dor abdominal crônica é um fato comprovado. Resveratrol também pode agir como um coadjuvante e potencializar a ação de contraceptivos orais no tratamento da dismenorreia relacionada à endometriose, pelo efeito anti-inflamatório e impacto terapêutico na dor. A dose varia de 50 a 200 mg por dia.
Ômega-3
Ao longo dos anos, muitas pesquisas e ensaios clínicos mostraram que ácidos graxos do tipo ômega-3 (EPA e DHA) têm potencial para reduzir os sintomas dolorosos associados à endometriose, diminuir o tamanho das lesões e preservar a capacidade de engravidar, sem efeitos adversos. Ômega-3 desempenha um papel na produção de mediadores anti-inflamatórios, regulando prostaglandinas e citocinas, fatores críticos na endometriose.
Uma grande pesquisa prospectiva investigou a exposição dietética e o risco de endometriose em mulheres, e concluiu que o aumento da ingestão de ômega-3 poderia minimizar o risco de endometriose. Um estudo de modificação alimentar e suplementação, incluindo ômega-3, apresentou redução nos escores de dor em mulheres com endometriose. O uso de 1000 mg de ômega-3 duas vezes por dia durante oito semanas foi suficiente para apresentar melhora na dor pélvica e na qualidade de vida de portadoras de endometriose.
A endometriose, uma doença inflamatória estrogênio-dependente, é caracterizada pela presença de tecido uterino e glandular fora do útero. O papel da inflamação na endometriose tem destaque, agindo sobre a proliferação celular e angiogênese (formação de vasos para alimentar o crescimento anormal, que invade e fica aderido a outros órgãos).
Curcumina, o principal polifenol da cúrcuma, é um potente agente anti-inflamatório, com propriedade antioxidante e antiangiogênica (reduz a proliferação de vasos), reduzindo assim os sintomas da endometriose. Por outro lado, a curcumina também ajuda regulando a produção excessiva de estradiol, que estimula a migração tecidual do revestimento do útero. Dose usual da suplementação de curcumina: 100 a 200 mg por dia. Use cúrcuma diariamente, tempere a sua comida e acrescente em sucos.
Referências
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*Eur J Obstet Gynecol Reprod Biology 2018. Effectiveness of an antioxidant preparation with N-acetyl cysteine, alpha lipoic acid & bromelain in the treatment of endometriosis-associated pelvic pain.
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*Research in Pharmaceutical Sciences 2011. Pharmaceutical & nutraceutical effects of Pinus pinaster bark extract.
*J Reproductive Medicine 2008. French maritime pine bark extract significantly lowers the requirement for analgesic medication in dysmenorrhea: a multicenter, randomized, double-blind, placebo-controlled study.
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*J Endocrine Society 2017. Use of Resveratrol as an Adjuvant Treatment of Pain in Endometriosis: A Randomized Clinical Trial.
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*Biomedicine & Pharmacotherapy 2018. Curcumin & endometriosis: Review on potential roles & molecular mechanisms.