por Renato Miranda
Os Jogos Olímpicos de Sochi – 2014, na Rússia, novamente revelaram a beleza e o encanto das modalidades esportivas praticadas no gelo e na neve.
Tanto as modalidades que oferecem certo risco aos seus praticantes como o downhill (modalidade em que o atleta desce de esqui em uma montanha a mais de 100 km por hora) e o snowboard (modalidade em que o atleta faz manobras aéreas em uma prancha); tanto como outras em que se exige resistência física e psíquica fantásticas: cross country (esqui de fundo combinado com tiro ao alvo); beleza estética e técnica na patinação no gelo.
Enfim, os esportes de inverno nos remetem a seguinte pergunta: Como é possível atletas das mais diferentes idades, entre 15 a 40 anos, conseguirem façanhas extraordinárias?
Uma resposta simplista é dizer que tal desempenho é fruto da combinação entre talento e treinamento. É resumir como a descoberta de um determinado talento, em nosso caso o esporte (aqui me refiro aos esportes de inverno e verão – este mais conhecido e praticado no Brasi), com o devido treinamento, pode levar atletas a realizarem algo considerado incrível.
No entanto, desde a descoberta do talento aos treinamentos mais sofisticados e árduos há uma trajetória a ser seguida.
Quando se descobre um jovem (muitas vezes ainda criança) com talento para uma determinada modalidade esportiva, já é algo especial. Para tanto, é necessário apresentar o esporte, oportunizar sua prática, oferecer infraestrutura compatível e de preferência com boa qualidade, além de um orientador de bom nível pessoal e profissional.
Ademais, sabemos que para atingir níveis de desempenho olímpico é fundamental aprender e treinar desde a tenra idade e, portanto, a rotina de uma criança talentosa e que tem possibilidades de vir a tentar ser atleta olímpico, necessita de muito apoio para favorecer o desenvolvimento do (a) mesmo (a).
Alicerces do talento
Família, escola e a instituição que o (a) jovem atleta pertence é que fortalecem aquilo que energiza o talento e sustenta o treinamento: MOTIVAÇÃO.
Se por um lado o perfil desses jovens atletas é de uma motivação inconsciente (intrínseca) alta é primordial que sua motivação ambiental (extrínseca) seja potencializada.
Auxílio familiar na rotina disciplinada e saudável do (a) jovem atleta, apoio da escola em criar alternativas para a aprendizagem, execução de tarefas e avaliações (lembre-se, os atletas viajam desde cedo e nem sempre tem muito tempo para realizar algumas tarefas escolares) e a instituição esportiva cujo atleta esteja associada oferecer condições ótimas de prática (equipamentos, treinamento, participações em diversas competições, viagens com qualidade – desde translado a hotéis – e auxílio diversos) completam uma estrutura básica de sustentação da motivação ambiental.
Poder público e patrocinadores completam e sofisticam tais condições, ora com políticas de participação e promoção esportiva e também equipamentos, ora com possibilidades financeiras, no caso dos patrocinadores, como auxílio no pagamento de mensalidades escolares (se for o caso), compra de equipamentos, financiamento de viagens, salário (em forma de "bolsa") e outros.
Aí está, em síntese, o que acredito que o atleta deva ter para facilitá-lo a se envolver cada vez mais com o esporte escolhido.
Se você quiser saber se alguém está motivado em fazer algo, basta reconhecer o quanto essa pessoa está envolvida com determinada atividade. O envolvimento impulsiona a pessoa a vivenciar experiências jamais sonhadas e facilita atingir desempenhos sensacionais.
Se a um (a) jovem talento esportivo não é oportunizado ter tudo ou boa parte do que foi referenciado acima, possivelmente por volta dos 17 anos, o mesmo se cansará de tanto "batalhar" e em consquência desistirá do esporte.
Esses atletas olímpicos provam que talento e treinamento são indissociáveis, mas não é tudo.