por Ceres Alves Araujo
O desenvolvimento da tecnologia da comunicação trouxe um benefício indiscutível para a relação pais-filhos, uma vez que o contato em tempo real, ainda que à distância, pode ser muito tranquilizador para todos.
Toda mãe se lembra, com certeza, da angústia vivida com a necessidade de se separar de seu bebê nos primeiros tempos do nascimento dele. Estão na memória também os registros da ansiedade e medo experimentados quando o filho ficou sob os cuidados de outras pessoas, quando foi deixado na creche ou na escolinha. O espaço da falta, sentido pelas mães e pelos bebês, que se criava, era obscuro por ser sem informação e, consequentemente, muito ansiógeno.
A comunicação praticamente cessava, quando pais se afastavam de casa, seja para trabalhar, passear ou viajar. As crianças, por seu lado, viviam a ansiedade de separação nessas situações e, não raro, a expressavam mediante choros. Vale lembrar também, que os filhos iam para a escola mais tarde, demoravam mais tempo para irem passar o dia ou para dormirem na casa dos avós, dos tios e dos amigos.
Hoje, o computador e a telefonia móvel aliados à internet criaram soluções para os obstáculos da comunicação, permitindo o acesso às informações a todo instante. Isso, alterou de forma sensível as práticas de criar filhos e diminuiu a ansiedade vivida pelas separações.
As babás eletrônicas, de mais de 40 anos atrás, foram os primeiros aparelhos que permitiram um descanso mais tranquilo aos pais. Mas, a evolução da tecnologia da comunicação aconteceu em passos galopantes.
As câmaras conectadas ao computador permitem observar as crianças em suas atividades, o que trouxe enorme alívio para as mães que precisaram deixar seus bebes muito cedo aos cuidados de outros.
A telefonia móvel facilitou também lidar com imprevistos, muito frequentes nas cidades grandes, ajudando a administrar o estresse de mães, pais e filhos quando os horários combinados não podiam ser cumpridos.
As crianças ganharam mais autonomia, conectadas às famílias pelo celular. Vão para a casa do amigo, viajam sem os pais, com a certeza da comunicação imediata com eles. O controle que os pais podem ter sobre as atividades de seus filhos, facilitou muito a vida, principalmente em relação aos filhos adolescentes.
Entretanto, um avanço muito significativo ainda estava por vir: a comunicação via skype e via face time. Ouvir e falar e ver é muito diferente de ouvir e falar. Sabe-se que a comunicação para ser eficiente precisa ser sintonizada entre os interlocutores. O olho-a-olho, a interpretação das expressões faciais garante a percepção do estado mental, emocional do outro. Tal possibilidade de comunicação pode ser carregada de afeto, permitindo manifestações corporais amorosas, permitindo talvez, estar junto ao outro de corpo e alma, à distância.
Tecnologias de comunicação não substituem contato presencial
A tecnologia está se colocando também a serviço do carinho. Para pais bem atentos, ver o filho permite senti-lo e tal fato pode trazer tranquilidade. Para a criança, ver a face da mãe em inter-relacionamento com ela, pode trazer segurança. O virtual e o real estão se aproximando e isso ajuda, e muito, a tornar próximas as situações de distância entre pais e filhos. Traz a sensação de estar presente mesmo estando ausente. Cumpre ressaltar que, por mais avançadas e prodigiosas as tecnologias, nada, ainda, substitui o calor do abraço, o gosto do beijo, o cheiro dos bem-amados.