Ter um gato pode suprir minha carência afetiva?

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“Os gatos podem suprir, ou mesmo substituir, um vazio da minha carência afetiva? Refugiar-se neles para não me decepcionar com o amor humano pode significar que algo está errado em mim? Ainda mais agora, a pandemia me desmotivou mais ainda por essa busca. Mas o que me motivou mesmo foi o que li na internet sobre as razões para se adotar um gato. E algumas são a seguintes: Os gatos são maravilhosamente fofos. Por que você não iria querer algo macio e bonito andando em torno de você e de sua casa? Os gatos são amorosos e carinhosos com seus donos. Mas claro, em seus termos e quando eles querem. Mesmo assim, quando eles decidem que é hora para permitir que você faça carinho, você também será recompensado com carinho e afeto. Os gatos são ótimas companhias quando você estiver em casa só. Você pode brincar com eles, aconchegá-los na cama. Eles amam isso e são superlimpos.”

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Resposta: Os pets são uma opção de companhia, cuidado, mobilização e afeto. Cresce a cada dia o número de pessoas que compram ou adotam um animal. Não é possível, porém, generalizar os motivos que levam a essa escolha. Alguns querem um pet para companhia, por morarem sozinhos e sentirem a necessidade de um certo movimento,  de uma fonte afetiva sincera e espontânea; outros, porque têm crianças em casa e crianças, em geral, adoram bichos! E assim vai.

Você pergunta se refugiar-se em animais domésticos para não se decepcionar com o amor humano significa que algo está errado em você. Depende.

Você usa a palavra “refugiar-se”. Refugiar-se significa esconder-se; esconder-se significa fugir de algo perigoso ou mal resolvido. Ora, fugir dos humanos é uma forma de evitar decepções, certamente. Mas, em geral, a forma mais adequada de resolver problemas com humanos é enfrentá-los e reavaliá-los. Se você deseja uma companhia humana, mas se decepcionou, o animal pode atenuar sua carência, mas não resolvê-la.



Conforto afetivo: os pets têm muito a oferecer 

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Certamente, em termos de conforto afetivo, o animal tem muito a oferecer. Ele é grato a quem cuida dele, em geral é brincalhão, não exige quase nada além de alimentação, conforto e afeto. Não é necessário negociar com ele, quem manda é o dono. Sempre. Em qualquer idade.

No relacionamento de humano com humano, as coisas já mudam. Pessoas negociam suas vontades quando querem viver a dois; costumam assumir tarefas em prol do bem comum; têm que abrir mão de vontades individuais para que o relacionamento seja equilibrado.

Amor sem sacrifício algum, é o mito do amor romântico

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Alguns humanos conseguem enxergar nitidamente que o sucesso de um relacionamento depende de algum sacrifício, alguma concessão. Outros, porém, querem olhar para o amor de forma romântica; querem acreditar que quando se ama de verdade nada é sacrifício; que o “outro” terá que reagir com afeto a qualquer pedido ou sugestão; que o “outro” não tem vontades também… aí a coisa complica e, para quem vê a troca afetiva sob essa ótica, realmente é melhor aplacar sua solidão com a companhia de um pet… Afinal, as necessidades do pet são bem menos complexas do que as dos humanos: dê água, comida, uma bolinha, e um afago e o companheiro estará agradecido e satisfeito. E você terá a sensação que a troca foi justa, pois ele dificilmente reclamará. Quanto à fidelidade, maior problema do relacionamento amoroso entre humanos… bem, se a porta de casa ficar fechada, ela certamente existirá. Se for aberta… nunca se sabe…

Companhia humana e companhia animal dão retornos diferentes 

Voltando então à sua questão, podemos dizer que o retorno que uma companhia humana e uma companhia animal proporcionam são bem diferentes. Certamente, se a escolha pela companhia animal for fruto de opção e não de uma decepção com os amores passados, melhor ainda. Mas sempre haverá quem critique e condene as escolhas do outro quando elas são diferentes; sempre haverá quem diga: “prefiro mil vezes meu gato a qualquer pessoa, as pessoas são horríveis; e sempre haverá quem não goste do convívio com pets e terá que ouvir comentários como: “Puxa, você não gosta de cachorro? Como alguém pode não gostar de animais? Certamente quem pensa assim não tem coração”.

Pois é… talvez o mais importante seja a liberdade de escolha na questão do convívio afetivo. Tem gente que gosta de conviver com gente, tem gente que gosta de conviver com bicho. Respeito é fundamental, independentemente de qualquer explicação. Então, cara leitora, se tiver vontade de adotar um gato adote independentemente de conselhos ou argumentos lidos na internet. Assuma sua vontade e, quem sabe, um dia conseguirá conciliar amor por bicho com amor por gente? Quem sabe?

Atenção!

Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.