por Thaís Petroff
“Problemas como fobia social, mais conhecida como timidez excessiva, e excesso de peso podem ser trabalhados em determinados aspectos, que só são possíveis dentro de uma terapia de grupo”
Não só na terapia cognitivo comportamental como em outras linhas psicoterapêuticas, há uma demanda maior pela busca de atendimento individual.
No entanto, o tratamento em grupo é muito benéfico para lidar com problemas específicos, que abodarei neste texto.
A psicoterapia em grupo é comumente associada a ambientes hospitalares, postos de saúde, clínicas e escolas, pois essa é uma forma de se poder dar conta da grande população que faz uso dessas entidades. Essa explicação é verdadeira, no entanto, não se pode reduzir a única utilidade do tratamento psicoterapêutico em grupo como uma maneira de atender uma grande demanda de pacientes. O trabalho em grupo é muito rico e propicia particularidades que não são possíveis no atendimento individual.
O grupo pode ser visto como um recorte do mundo real, ou seja, é um ambiente em que estão inseridas diversas pessoas com suas particularidades e que de alguma forma podem reproduzir dinâmicas que ocorrem no dia a dia. Um exemplo disso poderia ser uma crença de incapacidade ativada em uma situação de grupo. Essa pode ser uma oportunidade de trabalhar essa questão em um ambiente terapêutico (seguro e sigiloso) para posteriormente levar os ganhos (generalizá-los) para a vida e relações interpessoais.
Desse modo tem-se a possibilidade de entrar em contato com conteúdos e trabalhá-los em tempo real em uma situação de grupo, bem como também poder fazer mais ensaios comportamentais, ou seja, aproveitar a situação em que há outras pessoas inseridas para praticar o treino de alguma habilidade específica e ainda receber feedbacks não só do terapeuta, mas também do grupo.
Outra característica do trabalho psicoterapêutico em grupo, é adquirir mais experiência com situações-problema, uma vez que outras pessoas trarão suas demandas e dificuldades. Dessa forma pode se espelhar e aprender com elas. Na situação de grupo, há também maior suporte para a solução dos problemas, uma vez que há diversas percepções diferentes que podem ser compartilhadas.
Grupos temáticos
Dois exemplos de grupos temáticos que podem ser muito eficazes e funcionais são: um grupo de emagrecimento e um de fobia social (conhecida mais comumente como timidez excessiva).
Em um grupo de emagrecimento os integrantes podem compartilhar suas dificuldades e se autoajudarem contando como conseguiram superá-las. Essa interação pode servir como um agente motivador entre os participantes, que poderão comemorar vitórias conjuntamente. Além do mais, é possível perceber os pensamentos automáticos mais corriqueiros que levam ao autoboicote e, nesse feedback, aprender com isso.
Em um grupo temático para trabalhar a fobia social, só o fato de estarem em um ambiente com outras pessoas e se exporem, já possibilita um treino comportamental, bem como de trabalhar em tempo real todas as *distorções cognitivas que aparecerem, sendo que essas serão muito próximas entre os componentes do grupo.
É importante fazer distinção entre grupo de apoio e grupo terapêutico. Em um grupo de apoio, como o próprio nome diz, há um suporte entre os próprios membros do grupo onde esses expõem suas dificuldades e conquistas, mas, não trabalham através da psicoterapia suas questões.
Em um grupo terapêutico, as questões que geram problemas e dificuldades são expostas, abordadas e trabalhadas através de técnicas adequadas de modo a corrigir a percepção distorcida das pessoas a respeito da realidade, bem como modificar os comportamentos disfuncionais – não producentes.
* Falsa percepção dos fatos e acontecimentos baseada em crenças pessoais.