Por Núcleo de Divulgação Científica da USP
Para identificar esse possível componente genético, a equipe analisou toda a sequência de genes dos oito pares de gêmeos e de dez outros bebês que desenvolveram a síndrome congênita do zika e as comparou com os controles.
A análise não identificou uma variação de genes capaz de determinar, isoladamente, a suscetibilidade à infecção – em vez disso, excluiu essa possibilidade.
O passo seguinte foi analisar a sequência do RNA. Ela permite aos cientistas medir a expressão gênica – quais genes são silenciados ou que são ativados e enviam mensagens para produzir proteínas na célula. Isto é diferente do sequenciamento de DNA, que mostra como os genes são, mas não como eles se expressam.
O teste de RNA dos seis gêmeos indicou um grupo de genes capazes de distinguir as células mais suscetíveis das mais resistentes. A maior alteração ocorreu com o gene DDIT4L, 12,6 vezes menos expressos nas células afetadas. Sua proteína relacionada é um inibidor da sinalização mTOR – uma via envolvida no crescimento e na morte celular. Estudos anteriores associaram a via mTOR à replicação do vírus zika.
A sequência de RNA também detectou expressões menores de genes FOXG1 e LHX2 nas células de bebês com síndrome congênita do zika vírus. Esses genes participam do processo de regionalização do cérebro – caracterizado pelo desenvolvimento de áreas cerebrais durante o crescimento do feto. FOXG1 também foi associado a distúrbios cerebrais congênitos. O gene LHX2, 9,6 vezes menos presente nas células afetadas, é responsável pela atenuação da sinalização WNT, envolvida na diferenciação neural.
Fonte: Agência USP
Mais informações: e-mail mayazatz@usp.br, com Mayana Zatz