Traição no casamento: não há uma resposta objetiva para essa questão. No entanto, a monogamia não é tão natural assim para homens e mulheres.
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“Uma pessoa que sabe e tem um casamento perfeito, uma família estruturada, um ótimo relacionamento com o cônjuge e, mesmo assim o trai, sem nada que justifique essa ação, significa que essa pessoa tem problemas de personalidade, falta de caráter ou outra patologia que necessite de tratamento? Desde já agradeço!”
Resposta: A traição conjugal não precisa, necessariamente, estar ligada ao mau comportamento do parceiro. No seu caso, por exemplo, você recebe do seu marido tudo o que um casamento convencional pode oferecer. Mas existe um lado seu que é atraído pela novidade, pelo risco, por experiências diferentes.
O ideal seria definir as regras do relacionamento antes, para que a traição não seja o único meio de concretizar necessidades como a sua. Mas em nossa sociedade, tradicionalmente monogâmica por definição, isso não é tarefa fácil. Até existem casais que adotam uma relação aberta, mas são raros. Assim, para não trair seus desejos a pessoa “trai”. Ou seja, faz algo escondido do seu parceiro e fora dos juramentos que fez na igreja.
Por que ocorre a traição no casamento?
Isso é doença? Isso é falta de caráter? Você pergunta. Não existe uma resposta objetiva para essa questão. A traição compulsiva pode ser doença. A traição que visa denegrir a imagem do parceiro pode caracterizar distúrbio moral. Mas a traição, em geral, em seu sentido mais popular, refere-se à traição sexual proibida em sociedades monogâmicas. Por quê? Porque a monogamia é uma forma de garantir a perpetuação da espécie para os machos; uma forma de preservar fortunas para famílias. Mas a monogamia não é tão natural assim para indivíduos. Nem para homens nem para mulheres. Se fosse natural, não precisaria ser legislada. Aliás, nem a lei considera mais a traição sexual como justificativa para alguma punição moral em caso de separação.
Assim, cada vez mais as próprias pessoas envolvidas em relacionamentos amorosos devem estar conscientes do tipo de comportamento que esperam e aceitam de seus parceiros.Traição no casamento e acordos estabelecidos
Os acordos estabelecidos entre casais nem sempre estão ligados a regras explícitas. Muitos, sem palavras ou regras, apenas aceitam a liberdade do parceiro para que possam exercer a própria liberdade. São aqueles que sabem, mas não falam. Hipocrisia? Falsidade? Não necessariamente. Muitas vezes a explicitação obriga o parceiro a tomar uma atitude que ele não quer.
Muitas vezes a traição pode até magoar, mas não é pesada o suficientemente para justificar uma separação. E muitas vezes uma semi-explicitude é suficiente para um acordo que pode funcionar: “você pode fazer o que quiser, mas não me conte e não me envolva”. Sim, muitos casais vivem assim e se entendem.
Levando em conta essas reflexões tente tirar suas próprias conclusões sobre seu comportamento. Por que você trai? A traição tem algo a ver com o comportamento sexual de seu marido? Qual a sensação compensadora que a traição traz a você? Você pretende parar de trair em algum momento? Pretende manter seu casamento? Essas e outras perguntas podem ajudá-la a reclassificar seu comportamento dentro de seu próprio código moral. Avalie os riscos e os benefícios e entenda que você, só você pode se responsabilizar pelo que faz. Nesse tipo de questão os outros são detalhe.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.