Transtorno de personalidade paranoide: insegurança e mania de perseguição estão incluídas nesse “pacote”?
Tenho recebido pacientes que estão sempre se achando perseguidos, invejados, traídos ou ameaçados por algo ou alguém.
Eles sofrem e na maioria das vezes não identificam que estão com um problema que precisa de tratamento.
O sofrimento vivido por essas pessoas gira em torno de alguns comportamentos específicos. Veja se você se reconhece nesse perfil.
8 características do transtorno de personalidade paranoide
1ª Suspeita frequentemente, mas sem fundamento, de estar sendo explorado, maltratado, discriminado ou enganado pelas outras pessoas;
2ª Preocupa-se, duvida da lealdade ou confiabilidade de parceiros, amigos ou colegas;
3ª Tem dificuldade para confiar nos outros;
4ª Tem medo de dar informações que possam ser maldosamente usadas contra si;
5ª Sempre interpreta significados ocultos, de caráter humilhante ou ameaçador em observações ou acontecimentos benignos;
6ª Guardam rancor de forma persistente, tendo atitudes vitimistas ou agressivas com qualquer atitude que julgue ser um insulto, injúria ou deslize do outro;
7ª Percebem ataques ao seu caráter ou reputação, que não são visíveis pelos outros, reagindo rapidamente com raiva ou contra-ataque;
8ª Suspeitam frequentemente e sem justificativa quanto à fidelidade de seu parceiro(a).
Você se identificou com pelo menos 5 dessas 8 características? Vale a pena prestar atenção.
Segundo o psiquiatra clínico e psicoterapeuta Dr. Vinicius Benício, essas pessoas que apresentam muita desconfiança em relação ao outro e tem muita dificuldade em confiar, geralmente apresentam essas características no início na adolescência e esse traço permanece na vida adulta. Elas acreditam que a responsabilidade por seus sentimentos são do outro e podem se tornar hostis, intolerantes e irritáveis.
Comportamentos comuns de quem possui transtorno de personalidade paranoide
Essas pessoas podem se tornar patologicamente ciumentas e conflitantes. Sempre suspeitam que irão ser exploradas e prejudicadas. Por isso, questionam o caráter de sócios, amigos e cônjuges.
Elas exteriorizam suas emoções através de projeções. Ou seja, atribuem aos outros os impulsos que não aceitam em si mesmas. Elas podem ser pouco afetivas e parecem “frias”, sem emoção. Orgulham-se de sua racionalidade e objetividade, mas isso não corresponde à realidade, pois estão sempre sendo vítimas de seu jeito persecutório de olhar a vida.
Além do mais, elas gostam bastante e dão atenção ao poder e à hierarquia, mas rejeitam aqueles que as reconheçam como fracas ou inadequadas. No mundo corporativo, podem causar impressão de profissionais eficientes e ágeis, mas costumam produzir conflitos e até medo na equipe de trabalho, pois acabam tendo atitudes rudes ou ameaçadoras “para se defenderem” de sua impressão fantasiosa de perseguição ou traição.
Transtorno paranoide x transtorno delirante
O transtorno paranoide se diferencia do transtorno delirante por ser uma desconfiança e não uma certeza de que algo irá acontecer com a própria pessoa, como ocorre no caso do transtorno delirante.
Essas pessoas raramente procuram terapia por si mesmas, pois resistem em confiar nos profissionais de saúde e resistem à avaliação psiquiátrica, pois têm dificuldade de identificar o sofrimento e o prejuízo que causam a si mesmas e aos outros.
Se não forem tratadas, costumam apresentar os sintomas de forma vitalícia. Isso pode ocorrer em casos mais graves ou mais leves, sem tanto prejuízo nas atividades do cotidiano.
A base do tratamento é a psicoterapia sempre. No entanto, pode ser necessário o uso de medicamentos em momentos de crise ou em alguns casos específicos. Equipes multiprofissionais (psicólogo e psiquiatra) conseguem melhores resultados em reduzir os sintomas e melhor socialização.
Esse transtorno ]traz prejuízos e muitas vezes torna insustentável relacionamentos afetivos, conjugais ou mesmo relacionamentos profissionais. O transtorno de personalidade paranoide pode gerar situações de rejeição e consequentemente solidão – além da possibilidade de quadros depressivos.
Se você se identificou com essas características, comportamentos ou formas de pensar procure ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.