por Alex Botsaris
Para muitas mulheres a fertilidade é quase um fardo a ser carregado durante a vida. O funcionamento do aparelho reprodutor feminino gera um ciclo que termina com o fluxo menstrual, época que, em geral, essas mulheres sofrem vários sintomas e passam por muito desconforto. Já ouvi algumas pacientes afirmarem que gostariam muito de se livrar dos problemas perimentruais a qualquer preço, pois seus sintomas são tão intensos e insuportáveis que elas não os toleravam mais. Queixas relativas a menstruação estão entre os problemas que mais levam a mulher ao ginecologista: cólicas menstruais, (dismenorreia), irritabilidade, depressão, edema, fraqueza, dores de cabeça, alterações do ritmo intestinal, dores e edema nas mamas, etc. Enfim, a menstruação é uma causa de sofrimento muito freqüente, mas os recursos para lidar com esses problemas disponíveis no arsenal médico convencional ainda são limitados.
A medicina tem drogas potentes para aliviar os sintomas. Se isso não funciona ou não é suficiente para melhorar a paciente, ela emprega pílula (tipo anticincepconal), para inibir o ciclo da mulher, induzindo um ciclo mais regular com hormônios exógenos. Entretanto muitas mulheres têm evitado o uso dos hormônios sintéticos devido ao aumento de risco de cancer ginecológico que esses hormônios podem dar com uso prolongado. Assim a medicina complementar tem sido bastante procurada na busca de alívio desses sintomas.
Existem muitas plantas medicinais que são empregadas no tratamento de problemas menstruais. Uma delas, de largo uso no Brasil, chama-se 'agoniada' (Himatanthus lancifolius), cujas cascas são usadas em forma de chá. O nome 'agoniada' vem justamente do desconforto que a mulher sente nesse período. Um estudo feito pelo departamento de farmacologia da Universidade do Paraná mostrou que os alcalóides dessa planta são poderosos relaxantes de músculo liso, inclusive de músculo uterino. Assim o seu chá funciona como poderoso antiespasmódico, relaxando o útero e reduzindo as cólicas.
Outra planta consagrada para problemas menstruais é a 'Angélica chinesa', (Angélica sinensis) chamada por alguns de 'dong quai' uma corruptela do seu nome popular em chinês. O extrato dessa planta está disponível em todo mundo para tratamento de problemas da menopausa e perimenstruais. Ela possui uma ação analgésica, antiespasmódica, além de modular a ação periférica da progesterona. Com isso evita a proliferação excessiva do endométrio, fato que costuma se relacionar com aumento do sangramento e cólicas intensas na menstruação.
Do Oriente vem ainda uma fórmula (Shakuyaku kanzo to), que combina alcaçuz chinesa (Glycyrrhiza uralensis) e peônia branca (Paeonia albiflora), ambas com efeito antiinflamatório e analgésico. Dois estudos clínicos feitos com essa fórmula tiveram resultados espetaculares em termos de melhora dos sintomas em mais de 90% das mulheres. A árvore da castidade (Vitex agnus-castus), que é comum no Brasil possui frutos e folhas de onde se faz um extrato que tem excelente eficiência para reduzir a tensão pré-menstrual. Quatro estudos clínicos apontaram o extrato de Vitex como eficiente em reduzir os sintomas da TPM, e os ensaios farmacológicos mostraram que sua forma de agir é evitando que a hipófise aumente muito o LH e o FSH, os hormônios que estimulam os ovários.
Por fim não podemos deixar de citar o funcho (Foeniculum vulgaris). Seu óleo essencial é rico em anetol, que tem potente efeito antiespasmódico e relaxante muscular, aliviando as cólicas. Mais ainda o anetol e outros componentes do óleo essencial do funcho possuem afinidade por receptores estrogênicos, estimulando-os. Com isso a variação hormonal que ocorre na menstruação é levemente mascarada, reduzindo os sintomas. No funcho ainda temos flavonóides com atividade antiinflamatória que contribuem para reduzir a dor. Um estudo clínico feito no Iran com chá de funcho resultou em melhora estatisticamente significativa.
Mas plantas, não são o único recurso da Medicina Complementar para tratar TPM. Existem vários outros tratamentos alguns com eficiência comprovada. Acupuntura, por exemplo, é um tratamento internacionalmente reconhecido para dor e problemas da menstruação. A OMS recomenda seu uso no tratamento de problemas perimenstruais como cólicas, irregularidade menstrual, tensão premenstrual, hipermenorréia, etc.. Existem muitos pontos e combinações de pontos tradicionalmente indicados para cólicas menstruais e TPM. Vários estudos clínicos foram feitos sobre a ação da acupuntura em cólicas menstruais, todos com resultados positivos. Os mecanismos de ação da acupuntura nesses casos podem ser vários, mas nem tudo está comprovado. A acupuntura reduz os espasmos uterinos, bloqueia parte da dor causada durante o espasmo muscular e ainda age na hipófise moldando os hormônios que controlam os ovários.
A Homepatia possui em seu arsenal vários medicamentos que são quase que exclusivos para as queixas mais femininas. Temos Sépia, indicada para mulheres nervosas, com fraqueza geral e cólicas manstruais intensas; Pulsatilla para mulheres deprimidas e chorosas, e tendência a varizes ou ainda Lachesis para mulheres agitadas e agressivas, com fluxo intenso e cólicas fortes.
A Medicina ortomolecular oferece algumas opções de tratamento. Suplementação de ácidos graxos Omega 3 e 6, vitamina B6 e magnésio parecem atenuar os episódios de TPM. Óleo de prímula, rico em GLA (um tipo de Omega 3) e vitamina E ajudam a reduzir dor e edema nas mamas. Um derivado de aminoácido, o 5-hidroxi-triptofano aumenta os níveis de serotonina e ajuda a reduzir depressão e irritabilidade associados a TPM.
A prática regular de Yoga ajuda a reduzir a intensidade e freqüência dos sintomas menstruais. Da aromaterapia temos o óleo de lavanda. Colocá-lo em seu quarto num aromatizador é uma boa idéia para melhorar o humor e reduzir episódios depressivos da TPM; resultados também comprovados pela ciência.
Quem pratica exercícios físicos aeróbicos regulares também se beneficia. Os estudos epidemiológicos mostram que mulheres que fazem atividade regular e estão com peso saudável tem menos chance de ter alterações mentruais e TPM. Mas atenção, exercício demais não é bom e pode suprimir a menstruação e atrapalhar a fertilidade.
Atenção!
Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento.