Por Joel Rennó Jr.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que a depressão está aumentando em todo o mundo e é a principal causa de incapacidade mental e física global.
Mais de 11 milhões de pessoas foram diagnosticadas com depressão no Brasil, segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E, embora a doença afete grande parte da população, ainda está envolta em desconhecimento e preconceito, dificultando a discussão sobre o tema e, consequentemente, a busca por ajuda. Trata-se de uma doença que traz um estigma para os pacientes, que muitas vezes não são compreendidos nem mesmo pela família. Somente com informação de qualidade, os familiares poderão entender que se trata de uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que apresenta vários aspectos biológicos e não tem nada a ver com preguiça, falta de força de vontade ou fraqueza.
Sintomas da depressão
Os principais sintomas da depressão compreendem:
– tristeza;
– choro;
– desânimo;
– cansaço;
– lentificação ou agitação psicomotora;
– humor deprimido ou irritável;
– perda do prazer e interesse pelas atividades habituais;
– alteração do padrão do sono (insônia ou hipersônia);
– alterações do apetite, da libido, do sono;
– alterações de atenção, concentração e memória;
– pensamentos negativos como morte, culpa, ruína e menos-valia e até ideação suicida em casos mais graves.
É muito comum haver a associação de depressão com sintomas somáticos, entre eles, a dor.
Para caracterizar como Depressão, os sintomas descritos (bastam alguns deles) devem estar presentes na maior parte dos dias, por pelo menos duas semanas e causarem interferência nas relações pessoais, sociais, familiares e profissionais da pessoa. Precisam ser descartadas doenças clínicas que apresentam os mesmos sintomas, bem como o uso de drogas e medicamentos.
Depressão: tratamento
Diferente do que muitos pensam, os antidepressivos não causam dependência. Esse é um mito. Há trabalhos científicos relevantes comprovando isso. Na realidade, a depressão tende a ser crônica em alguns pacientes, o tratamento exige um tempo prolongado, incluindo uma fase de continuação (4 a 9 meses) para se evitar a recaída e, posteriormente, uma fase de manutenção (um ano ou mais) para se evitar um outro episódio depressivo.
É frequente os pacientes abandonarem precocemente o tratamento por falta de orientação e conhecimento ou mesmo até por resistência e devido ao estigma associado à depressão, ainda alvo de preconceitos.
As pessoas chegam ao consultório com uma ideia distorcida sobre os efeitos colaterais dos antidepressivos, que atuam de forma diferente em cada paciente. Hoje, há medicações de última geração que já não exercem impacto significativo sobre o peso do paciente nem sobre o desejo sexual, sobre os quais outros fatores, físicos e psicológicos, podem interferir, como alterações hormonais, algumas doenças e a qualidade da relação conjugal e da vida sexual no período anterior à depressão.
Dicas para tratar a depressão
• Procure o especialista correto que é o psiquiatra. O diagnóstico preciso e é importantíssimo para a definição do tratamento, geralmente multidisciplinar. Fuja de charlatães sem embasamento científico. O medicamento só pode ser instituído, alterado e suspenso por um médico de sua confiança.
• A psicoterapia sempre é benéfica. A busca da elaboração de conflitos psicológicos é fundamental. Não adianta apenas tentar uma mudança dos aspectos externos ou ambientais.
• Os familiares devem ser orientados pelo médico e participar do tratamento.
• Pratique exercícios físicos regulares. Eles ajudam a melhorar a concentração de serotonina, essencial para manutenção do bom humor.
• Alimente-se de forma saudável. Alimentos ricos em ômega-3, encontrados em grãos (nozes), peixes (sardinha, salmão) e folhas verde-escuras podem aliviar sintomas leves.
• Tenha atividades de lazer: leituras, cinemas, passeios com a família, viagens…
• Invista em atividades filantrópicas ou que elevem a autoestima e autoconhecimento: trabalhos voluntários, meditação, ONGs, grupos religiosos etc.
Em psiquiatria a comorbidade, ou seja, a associação entre transtornos depressivos e ansiosos é frequente. Devemos levar em conta que o diagnóstico é categorial, ou seja, por sintomas. Transtornos considerados diferentes podem ter sintomas comuns. Somente o psiquiatra é capaz de avaliar e prescrever o melhor tratamento para cada quadro específico.