Por Arlete Gavranic
Nunca se falou tanto de prazer e orgasmo como nas duas últimas décadas. O orgasmo é uma intensa sensação de prazer sexual, e desligamento do meio externo, que dura entre 2 e 10 segundos, seguido de um gostoso relaxamento. Segundo Kinsey em seus famosos relatórios e pesquisas sobre sexo, 20 a 25% das mulheres não conseguem atingi-lo.
Essa exaltação ao orgasmo passa a idéia – errônea – que esse prazer seja obrigatório em todas as relações sexuais. Fora o mito da feminilidade bem-resolvida de que todas as mulheres podem e devem ter orgasmos múltiplos.
Se para 25% das mulheres em média é frustrante não alcançar um único orgasmo, imagine a autodepreciação que muitas vivem com essa 'moda' de que a mulher up-to-date no sexo goza duas, três, quatro vezes… No contraponto, aquele papo machista entre homens dizendo que 'deram' cinco numa noite. Gente, quantidade não é sinônimo de qualidade.
Falta de orgasmo e orgasmo mútiplo
– A dificuldade de atingir o orgasmo (anorgasmia) pode estar ligada a conflitos emocionais, repressão, falta de educação sexual
– A maioria das mulheres que consegue atingir o orgasmo, só o atinge uma vez por relação, mas têm mulheres (não todas) que podem ter orgasmos múltiplos, às vezes, de menor intensidade
– Orgasmo múltiplo independe de treino, aprendizagem ou da qualidade de desempenho do parceiro
Por que elas fingem?
Das muitas mulheres que já atendi nesses 18 anos como psicóloga e das que me escreveram e escrevem no Vya Estelar, constatei algumas razões:
– Muitas assistiram suas mães agredidas por falta de apetite sexual ou por serem desvalorizadas por não terem orgasmo
– Por busca de afeto queriam se tornar apreciadas/desejadas por seus parceiros, e passaram a 'ter' orgasmo para agradá-los
– Passaram a fingir que tinham conseguido chegar ao orgasmo, depois de serem ofendidas por seus parceiros, que insinuavam ir procurar outra mulher que os satisfizesse sexualmente – loucura ele achar que ela goza para ele
– Não quererem ser menos 'mulher' do que as outras
– Por estarem cansadas, bravas ou desinteressadas pelo parceiro, queriam que a relação acabasse logo – principalmente se ele costumava esperá-la ter o orgasmo para depois gozar
– Na tentativa de 'prender' o parceiro e por sentir o prazer dele ao 'vê-la gozar' enlouquecendo-o de tesão
Mas temos aí dois sérios problemas, o primeiro é que enquanto elas fingem, não prestam a atenção no próprio corpo e no tesão, perdendo a oportunidade de exercitar seu autoconhecimento sexual.
O segundo é que seu parceiro pode perceber ou desconfiar e o fato de ter sido enganado pode ser motivo para a perda de confiança, pois se o orgasmo era farsa, será que o desejo e a vontade de estar junto também eram?
Pense bem antes de fingir. Sente e converse com seu parceiro para buscarem uma solução.