por Patricia Gebrim
Preguiça, ô sentimento chato que às vezes se agarra em nossos pés tornando impossível qualquer movimento!
A gente vai empurrando aquela coisa grudenta (sim, porque a preguiça tem uma espécie de cola verde e ‘melequenta’), tentando sair daquele estado letárgico, mas às vezes é tão difícil…
Acabamos nos entregando e concordando em “deixar para lá”, tendo que lidar mais tarde com a culpa inevitável de termos traído a nós mesmos.
Sim, porque diga o que quiser, a preguiça nos faz sermos menos do que poderíamos ser!
Bem, antes de condenarmos a tal preguiça, é bom você pesquisar em seu mundo interno (onde mais?) para saber se esse é mesmo o seu caso. Muitas vezes o que pode parecer preguiça nada mais é do que um pedido lícito de uma parada saudável e merecida. Muitas pessoas são tão aceleradas que acabam desrespeitando os próprios limites. São ‘fazedores compulsivos’. Se esse for o seu caso, eu considero uma evolução e um passo importante poder parar de vez em quando e simplesmente se permitir não fazer nada. Adiar um compromisso pode, sim, ser saudável! Não se exigir tanto, ser mais maleável, mais brando, é uma verdadeira bênção para pessoas que se cobram tanto assim.
Mas se você é dessas pessoas que sempre deixa para depois, para a última hora, e que sente que tem que se arrastar toda vez que precisa concluir algo, olhe disfarçadamente para trás e veja se não tem uma gosma verde envolvendo seus pés. Quanto maior for a criatura, mais enroscado você estará na vida. Essa criatura possui poderes mágicos capazes de perturbar qualquer um. Tem o poder de fazer as contas se atrasarem, os papéis se acumularem, a desordem crescer assustadoramente ao seu redor. As decisões de vida vão sendo adiadas, as oportunidades (tão preciosas) acabam sendo desperdiçadas e depois de um tempo vamos perdendo a capacidade de acreditar que podemos mudar o bagunçado panorama ao nosso redor.
Nos sentimos cada vez menores perto de tudo o que precisaria ser transformado, e mais uma vez permitimos que a preguiça nos convença a começar amanhã, ou talvez segunda feira, o dia preferido da horrenda criatura!
Como mudar isso? Onde encontrar a força motivadora para lidar com esse inimigo tão envolvente?
Ah… esqueci de contar! A preguiça tem oito patas, cheiro de pão de queijo quentinho, tem a maciez de um cobertor felpudo em dia de frio, se disfarça de abraço de gente amada. Sussurra em nossos ouvidos promessas de soluções mágicas que não exigirão esforço algum – Ah… Eu bem que queria ter poderes mágicos! –
– Você não?
O que a preguiça esconde é que ela nos faz perder a saúde, nos torna gordos e lentos, nos mostra o mundo como um enorme emaranhado e nos convence de que não seremos nunca capazes de desatar tantos nós, nos envolve como a aranha que tece fios e fios ao nosso redor para nos devorar mais tarde, porque até a aranha tem preguiça, acreditem!
Se é assim que você anda se sentindo. Se olha ao redor e vê coisas demais precisando ser transformadas, se anda se sentindo incapaz de mudar tudo isso, mas ainda tem o desejo de uma vida mais organizada, É SINAL DE QUE AINDA NÃO FOI DEVORADO.
– Ei, acorde antes que a aranha venha buscá-lo para seu banquete final!
Para libertar-se – preste bem atenção agora – você precisa MUDAR AS CRENÇAS QUE TEM A SEU PRÓPRIO RESPEITO.
– Será que você é preguiçoso mesmo? De onde veio essa ideia? Como é que você acabou acreditando que era assim?
Bem, para mudar uma crença, você não precisa organizar de hoje para amanhã TODA a sua vida, acredite! O que precisa é criar em sua vida novas referências, que lhe digam que SIM, VOCÊ É CAPAZ!
Logo, em vez de se prometer arrumar todas as suas gavetas, jogar fora todos os papéis, pagar todas as contas, ir à academia todos os dias e perder os 5 quilos que vem incomodando você (até amanhã), escolha um lugar por onde começar. Vou sugerir alguns passos:
1– Primeiro faça uma lista de tudo o que você gostaria de mudar em sua vida se não tivesse preguiça! Liste tudo, sem medo.
2 – Depois, escolha uma dessas coisas, apenas uma. E que não seja de cara a mais difícil de todas! Ou seja, dê a si mesmo um desafio QUE VOCÊ TENHA A CERTEZA DE QUE SERÁ CAPAZ DE CUMPRIR. Isso é importante! O que quer que você decida fazer, precisa ser algo que você acredite ser verdadeiramente capaz de cumprir. O passo possivel. Nem que seja: “Vou arrumar uma única gaveta do meu guarda-roupas nesta semana!”
3 – Coloque um prazo para você mesmo. Deixe o resto para depois e concentre-se nesse primeira modificação. Como se fosse a única coisa que você tivesse para fazer.
4 – Quando concluir o prazo, escolha uma nova meta!
Pense no exemplo da gaveta. Se, ao término da semana a tal gaveta estiver arrumada, o bicho gosmento já vai ter recebido uma pequena punhalada. Algo dentro de você vai poder dizer: “Veja, eu prometi E FUI CAPAZ DE CUMPRIR!!! Não sou tão preguiçoso assim!” – a sensação é boa, e dá vontade de experimentá-la uma vez mais.
Cuidado! Se você ouvir um guincho estridente, não se perturbe, é a preguiça querendo distrair sua atenção. Mantenha o que conquistou (não vai adiantar nada se você continuar bagunçando a sua vida!) e trace um outro objetivo.
A preguiça só pode ser vencida assim, passo a passo, como quem se concentra para andar sobre uma corda, com consciência e sem pressa. É um avançar constante e seguro em direção à liberdade de ser quem você realmente é. Afinal, todos estamos aqui para manifestar a beleza e unicidade de nosso ser.
Você não vai deixar esse monstro gosmento continuar enrolando você, vai???