por Nicole Witek
Nasci antes da era da eletrônica e principalmente dos jogos de videogame e devo admitir que minha tendência natural não me guia para esse tipo de divertimento.
Mas… Em uma das minhas numerosas viagens ao exterior e numa das longas horas de espera para o embarque, matei a tempo olhando e estudando, perplexa, as novidades. De repente meu olhar se depara com um “Programa de treino cerebral avançado” de certa empresa japonesa.
Não resisti e fui pedir informações. Embarquei com o videogame e o cartucho para o treino cerebral.
Passei 14 horas de vôo treinando meu cérebro. Gostei, adorei, tive a impressão de que minha velocidade de calcular, olhar, pensar e resgatar informações da minha memória estava melhorando a cada minuto. Tive que fazer cálculos rápidos, treinar minha concentração e minha atenção. Enfim, foi ótimo e me deu a sensação de que estava postergando o Mal de Alzheimer e outras calamidades da nossa civilização e de que estava rejuvenescendo. Isso foi em agosto de 2007.
Chega dezembro e de novo fui viajar para visitar minha família. Novamente me deparei com a loja do aeroporto “Quais são os novos treinos inventados por essa empresa japonesa que conseguiram me seduzir”? Acho que não fui a única a ser seduzida. A minha faixa etária foi também.
Por quê? Surpresa!
Já falei muitas vezes da importância do treino dos olhos, do olhar. Treinar a faculdade de concentração aliada à faculdade de focar e manter o olhar focado.
Mais uma vez, essa possibilidade que vem só pelo treino, ajuda a dominar os pensamentos automáticos e a manter na mente os pensamentos voluntariamente escolhidos.
Por quê?
Sabemos que a maioria dos pensamentos desencadeia reações mentais e emocionais que modificam a química interna, jogando o ser humano nas alturas de um estresse histérico ou nas profundezas da depressão. Perdoe-me por esse resumo rápido sobre pensamentos e emoções, mas você meu leitor, encontrará todos os detalhes nos artigos anteriores.
Treinar o olhar é condição imprescindível para realizar o verdadeiro estado de yoga, quando o intelecto e a personalidade superficial são colocados em “stand by” e quando o ser profundo pode aflorar. O ideal é juntar os dois. A vontade suave do proprietário, aliada às capacidades profundas do ser intimo. Os dois caminhando de mãos dadas, com objetivos harmonizados.
Nem todo mundo treina os olhos. É uma pena! Sabemos que a falta de exercícios dos olhos leva o proprietário às limitações progressivas e a problemas na visão.
Estou eu na loja do aeroporto e desta vez meus olhos se deparem com “Ginástica dos olhos, para exercitar e relaxar os olhos”. Você acha que resisti a um chamado desse tipo? Não. Comprei meu cartucho já com água na boca.
– O apelo do jogo é o seguinte, treine:
– sua visão instantânea,
– sua coordenação visomanual
– sua visão periférica
– os movimentos oculares
– sua visão dinâmica
Neste texto estava listada uma grande parte do que ensino há anos. Será que esse japonês esperto inventou um jeito mais divertido que fará com que os olhos dos meus contemporâneos estejam funcionando perfeitamente, mesmo com aumento da idade?
Engenheiros espertos: minha geração está apavorada com as doenças neurológicas. O uso de óculos é um dos primeiros sinais da velhice. Dizem que tem 40 milhões de pessoas só no Brasil acima de 45 anos*. Você já pensou no mercado potencial de tais jogos?
Enfim, aqui você tem um modo divertido de postergar os problemas de visão como: fadiga, vista cansada, que são decorrentes inclusive do uso do computador…
Acho muito interessante. E ainda, para compensar os treinos no computador, o videogame propões exercícios de relaxamento da visão.
Resumindo: achei esse jogo fantástico. Não me sinto mais sozinha, “pregando no deserto”. Fico feliz que nessa era alguém se interesse em manter nosso cérebro vivo e nossos olhos com boas performances, além dos apaixonados por yoga como eu.
Os exercícios do videogame são quase idênticos aos dos treinos tradicionais do yoga: fixação/mobilidade/ concentração/relaxamento, mas com mais espírito de diversão e modernidade. Mas ainda assim há uma diferença!
No jogo não é possível escapar do espírito de competição consigo mesmo. Existe uma vontade imprescindível de ler na telinha do seu videogame os pontos da sua performance.
Cada vez que entra a atmosfera de competição em nossas atividades, quer seja jogando tênis ou fazendo cooper, o sistema nervoso entra no “modo simpático”, o modo do estresse e da vontade do ego.
É bom para se divertir e até mesmo para fazer a ginástica dos olhos, que a maior parte das pessoas nunca fez. Mas, o yoga vai além disso. Os treinos propostos pela tradição permitem que você mude de modo, que passe para o modo “parassimpático” que permite a volta ao equilíbrio e o bem-estar, juntando cada parte do seu ser ao redor de suas metas profundas.
Treine sua visão, compre o videogame, se você quiser, mas continue treinando sua visão com ou sem videogame, leia muito sobre o yoga dos olhos e entendam a importância essencial do treino.
Começamos o ano novo sempre com boas intenções, não é?