Da Redação
Infelizmente, a violência doméstica contra a mulher é uma constante em nossa sociedade. Por meio da divulgação dos casos mais recentes na imprensa, percebe-se que os relacionamentos abusivos podem atingir qualquer pessoa, de qualquer nível sócio, econômico e cultural. Muitos, infelizmente, acabam de forma trágica deixando no ar uma série de questionamentos.
Uma das principais questões é: quais as dificuldades que essas mulheres, vítimas da violência doméstica, enfrentam para terminar esses relacionamentos abusivos?
Segundo a psicóloga e terapeuta de casal Marina Simas de Lima, a resposta para a chamada acima envolve um conjunto de questões complexas, pois a violência doméstica não é apenas um caso de polícia, envolve as relações conjugais e os vínculos afetivos.
“Os relacionamentos afetivos são construídos ao longo do tempo. Cada casal desenvolve sua dinâmica e forma próprias de comunicação. Infelizmente, alguns casais constroem uma linguagem relacional que oscila entre o amor e a dor. E é aqui que entra o abuso, seja ele verbal, físico ou sexual”, explica.
Culpa
Para a psicóloga e terapeuta de casal Denise Miranda de Figueiredo, apesar de a mulher ter sua profissão, sua independência financeira e poder sair de uma relação abusiva, ela fica. “Um dos motivos é a culpa. O abusador, ao longo do tempo, leva essa mulher a sentir-se culpada pela situação. Elas podem ainda sentir culpa e/ou vergonha por terem escolhido esse parceiro”.
Outra questão é que a mulher dentro de uma sociedade patriarcal e tradicional, como ainda é no Brasil, pode se ter a crença de que para ser completa precisa estar em um relacionamento estável e duradouro.
“Isso pode vir da família de origem, da religião e de crenças individuais. Assim, essa mulher permanece na relação e ainda acredita que o parceiro pode mudar, pode melhorar. Dependendo da religião ou da cultura da família de origem, o divórcio não é bem visto, não é aceito. Portanto, para essas mulheres parece que a única opção é ficar, mesmo sob constante violência”, explica Denise.
Autossuperação
“Sair de um relacionamento abusivo sozinha pode ser muito difícil. Primeiro, porque a mulher pode nem perceber que se trata disso, pode considerar normal a dinâmica do casal. Depois, há o medo do julgamento e a vergonha de abrir os problemas conjugais para outra pessoa. E aqui vai um alerta: é preciso empoderar as mulheres para que procurem ajuda”, reforçam Marina e Denise.
Em briga de marido e mulher mete-se a colher
Quem está dentro da situação tem uma percepção menos apurada da gravidade. Assim, a recomendação é que a família e os amigos tenham mais atenção aos sinais que podem indicar algum tipo de violência e oferecer ajuda, escutar sem julgar e contribuir para que essa mulher entenda que está em um relacionamento abusivo, mostrando inclusive quais podem ser as consequências disso.
Reforçando…
O bom senso deve prevalecer sempre. Porém, brigas de casais que envolvam violência verbal e física, por exemplo, podem precisar da intervenção de alguém de fora, seja da família, dos amigos ou de um vizinho.
“Quando alguém pede por socorro, como seres humanos, devemos nos preocupar, checar o que está havendo. A omissão pode levar a consequências mais graves do que ser considerado apenas “intrometido”, concluem Marina e Denise.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.