Vitamina E: como ela age na sua saúde?

A vitamina E age em diversas áreas da saúde, como por exemplo, fígado, coração, cérebro e é excelente para o idoso

A vitamina E foi descoberta em 1922, e o alfa-tocoferol foi o primeiro composto isolado. Os tocotrienóis só apareceram 40 anos depois e não atraíram a atenção até os anos 90, quando suas poderosas propriedades neuroprotetoras, anticancerígenas e redutoras de colesterol foram descritas em estudos. Os benefícios de tocoferóis e tocotrienóis incluem a supressão do crescimento de tumores, ações nas esferas digestiva, hepática, cardiovascular, pulmonar e cerebral, suporte à saúde ocular, óssea, cutânea e renal.

Família

A ‘família’ da vitamina E é composta por 8 análogos naturais, 4 tocoferóis (alfa, beta, delta, gama) e 4 tocotrienóis (alfa, beta, delta, gama). Pesquisas recentes mostram que tocotrienóis são 40 a 50 vezes mais eficazes do que tocoferóis como protetores contra o processo oxidativo. Vitamina E é lipossolúvel, o que significa que se dissolve em gordura e óleo. Ela é absorvida por glóbulos de gordura que viajam pelo intestino delgado e é distribuída no corpo através da corrente sanguínea.

Continua após publicidade

Sintomas de deficiência

A deficiência de vitamina E pode causar danos nervosos e musculares, que resultam em dormência, formigamento ou perda de sensibilidade nos braços e pernas, perda de controle do movimento corporal, dificuldade de coordenação motora, fraqueza muscular, um sistema imunológico enfraquecido e problemas de visão.

Fontes alimentares

O corpo humano não produz vitamina E, ela está nos alimentos, como por exemplo, nas oleaginosas

Vitamina E não pode ser produzida pelo corpo humano e precisa ser obtida a partir dos alimentos. Ela é sintetizada basicamente por plantas e está presente na maioria dos óleos vegetais, extraídos do farelo de arroz, palma (azeite de dendê), urucum, coco e outras palmeiras, como o babaçu. Também são fontes as sementes oleaginosas, como nozes, avelã, amêndoa, gergelim, sementes de uva, papoula, girassol, linhaça e de abóbora, óleo de abacate, azeite, amendoim, e cereais, como centeio, cevada, aveia, amaranto, milho.

Gordura no fígado

A esteatose hepática é uma das causas mais comuns de doença crônica do fígado, causada por acúmulo de gordura no órgão. Os principais fatores que levam à esteatose são a resistência à insulina, obesidade, estresse oxidativo, fatores genéticos, disbiose intestinal (alteração na flora intestinal), excesso de carboidratos simples e frutose. Uma revisão de todos os estudos padrão-ouro, publicados entre 2010 e 2020, mostrou que a vitamina E tem utilidade clínica na esteatose hepática e inflamação do órgão, melhorando os níveis de enzimas hepáticas e anormalidades histológicas (alterações dos tecidos do fígado).

Vitamina E na geriatria

Danos oxidativos contribuem para aumentar os marcadores de envelhecimento e inflamação crônica de baixo grau, e para reduzir componentes essenciais e moléculas protetoras que atuam em vias patológicas, levando ao aparecimento de múltiplas doenças relacionadas à idade. Os idosos, em particular, têm alta carga de estresse oxidativo, produzindo radicais livres de forma acelerada, o que leva à baixa imunidade, infecções, doenças cardiovasculares, câncer, degeneração cerebral, diabetes. Um status adequado de nutrientes, incluindo a vitamina E, pode fazer a diferença.

Continua após publicidade

Múltiplas ações

Uma grande quantidade de estudos mostra as ações desta vitamina em diversas áreas da saúde humana. Vitamina E apoia a função cerebral e atua em desordens neurodegenerativas, incluindo demência, Alzheimer e outras formas de declínio cerebral ligadas a danos dos radicais livres. Os tocotrienóis da vitamina E ajudam a suprimir a proliferação de células tumorais na mama, cólon, fígado, pulmões, estômago, pele, pâncreas e próstata. Também apoiam a saúde digestiva e são eficazes no combate aos efeitos do estresse oxidativo no sistema gastrointestinal. Os efeitos cardioprotetores da vitamina E são mediados através de seus mecanismos antioxidantes, na melhora da fluidez sanguínea, na redução de colesterol e placas de ateroma. Outras ações incluem a saúde da pele, olhos, sistema renal e pulmonar, ossos. Sua ação anti-inflamatória é comprovada pela redução de marcadores, como a proteína C reativa.

Vitamina E na obesidade e na inflamação

Excesso de tecido adiposo gera inflamação crônica, medida pelo aumento da secreção de citocinas e mediadores de resposta imune, levando à ativação de vias inflamatórias. A inflamação subclínica de baixo grau na obesidade leva ao aumento do estresse oxidativo (produção de radicais livres), com um desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes no corpo. Pesquisas indicam uma relação positiva entre o percentual de gordura corporal e a demanda de vitamina E – quanto mais gordura acumulada maior a necessidade de antioxidantes. Baixos níveis sanguíneos de vitamina E foram significativamente associados ao aumento do peso corporal e aos níveis de colesterol e triglicerídeos. Além disso, a inflamação ligada a distúrbios metabólicos reduz a biodisponibilidade da vitamina E.

Gorduras e vitamina E

Ao cortar a gordura da alimentação, usando produtos desnatados, comendo claras e dispensando as gemas, preparando pratos sem nenhum azeite ou manteiga, escolhendo cortes magros de carnes e peito de frango grelhado, você pode estar reduzindo o seu nível de vitamina E: uma boa quantidade de gordura em uma refeição facilita a absorção dos compostos de vitamina E. Ela pode ser dosada no sangue para se verificar se o seu nível está adequado ou não. A necessidade diária média é de 400 UI, podendo variar dependendo de fatores como doenças e obesidade.

Continua após publicidade

Referências

*International Journal of Molecular Science 2021. Tocopherols & Tocotrienols-Bioactive Dietary Compounds: What Is Certain, What Is Doubt?
*Journal of Chemistry & Biology 2015. A review of characterization of tocotrienols from plant oils & foods.
*Cureus 2020. Vitamin E as an adjuvant treatment for non-alcoholic fatty liver disease in adults: a systematic review of randomized controlled trials.
*Frontiers in Nutrition 2021. An Interactive Review on the Role of Tocotrienols in the Neurodegenerative Disorders.
*Antioxidants (Basel) 2020. Cardiovascular & Metabolic Protection by Vitamin E: A Matter of Treatment Strategy?
*Nutrients 2021. Randomized Controlled Trial: the Effects of Tocotrienol-Rich Vitamin E on Diabetic Kidney Disease.
*PLoS One 2021. Serum vitamin E levels & chronic inflammatory skin diseases: systematic review & meta-analysis.
*Free Radical Biology & Medicine 2021. Vitamin E research: Past, now & future.

Médica especializada em Nutrologia. Membro da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia. Pós-graduada em Terapia Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia. Membro Titular da Sociedade Médica Brasileira de Intradermoterapia. Consultora com atuação em Nutrologia e Medicina Ortomolecular. CRM 52 301716 www.tamaramazaracki.med.br