por Arlete Gavranic
“60% dos relacionamentos apresentam algum tipo de disfunção sexual”
A reposta sexual dividida em quatro fases (desejo, excitação, orgasmo e relaxamento), tanto em homens, como em mulheres, foi motivo de muitas dúvidas. Como acontece a resposta sexual? Ou como deveria acontecer?
Não que essas dúvidas não ocorressem antes, mas desde os anos 70, homens e mulheres têm se permitido viver mais sua sexualidade e a falarem mais desse assunto; e a buscarem respostas para dúvidas que podem até dificultar o relacionamento.
As pessoas costumam fazer confusões sobre como acontece a resposta sexual, muitas mulheres dizem “Sinto prazer mas não gozo”, “Tenho tesão pelo meu namorado, mas não fico excitada”. Então vamos ver o que acontece em cada etapa da resposta sexual.
O desejo sexual não tem tantas mudanças físicas evidentes, está mais relacionado à vontade de fazer sexo, aos motivos que nos levam ao interesse pelo sexo, às fantasias sexuais. Quem não pensa em sexo, quem não fantasia com o encontro, com o parceiro (a), como vai ser, o que vai acontecer… Quando se tem o desejo sexual diminuído, pode ocorrer a queixa de disfunção sexual de desejo, que é a diminuição ou a ausência de desejo sexual. É o desejo que vai levar a pessoa a buscar uma vivência sexual, em busca da excitação, orgasmo e do consequente relaxamento.
A excitação já apresenta mudanças físicas evidentes, através da ereção do pênis no homem e pela lubrificação vaginal na mulher, além de um rubor (ficar corado, vermelho de paixão), pela maior concentração sanguínea no rosto, costas e coxas. Há também uma crescente sensação de excitação sexual, que é o chamado tesão!
Nesta etapa, os problemas que mais preocupam as pessoas se referem no homem à dificuldade de ereção do pênis, ou disfunção erétil, e na mulher, ao desconforto ocasionado pela falta de lubrificação, que pode gerar a sensação de dor na hora da transa (também chamada de dispareunia).
O orgasmo é caracterizado por uma intensa sensação de prazer sexual, uma sensação de desligamento do meio externo, chamada por Kinsey de “la douce mort” (uma doce morte). Nessa fase do orgasmo, a queixa de disfunção sexual mais frequente é a ausência de orgasmo (anorgasmia) nas mulheres e a ejaculação rápida nos homens. A ejaculação rápida, ou gozar rápido, também preocupa as mulheres, pois quando seus parceiros são rápidos, não conseguem proporcionar prazer às suas parceiras.
A fase de relaxamento caracteriza-se pelo gradual retorno do organismo às condições anteriores à excitação. Há um relaxamento muscular, a sensação de alívio e cansaço. Não encontramos nessa etapa, queixas de disfunções.
As pessoas que sofrem de disfunções sexuais, ou seja, que têm dificuldade de cumprir satisfatoriamente, uma ou mais das etapas da resposta sexual acima descritas, muitas vezes acabam ficando insatisfeitas consigo próprias e, consequentemente, acabam desenvolvendo dificuldades de relacionamento com seus parceiros (as).
Essas dificuldades sexuais podem ser decorrentes de um ou de vários fatores combinados. Esses fatores, também chamados de causas, podem ser orgânicos, psicossociais e emocionais.
Causas orgânicas
Essas causas podem acontecer por consequência de doenças neurais, endócrinas e venosas que podem trazer alterações, mesmo que passageiras, no desempenho sexual; alterações hormonais, como por exemplo as que acontecem no pós-parto, ou próximo à menopausa . A falta de exercícios físicos ou o excesso destes. O uso de álcool, drogas, (mesmo aquelas utilizadas para tratamentos médicos), podem provocar alterações no desempenho sexual. É sempre importante procurar um médico para saber se há algum problema físico.
Causas psicossociais
As causas psicossociais são aquelas que ocorrem por problemas de relacionamento familiar, por problemas profissionais complicados, falta de dinheiro, lutas de poder, pela repressão sexual vivida desde a infância na família, na igreja, ou em escolas; por estresse, ansiedade, situações de perda de emprego…
Conflitos emocionais
Algumas das dificuldades sexuais podem até ser originadas pelos conflitos emocionais, como os que envolvem a insegurança quanto ao desempenho sexual, medos: “Será que vou ter ereção?”. Ou então: “E se eu não conseguir atingir o orgasmo de novo?” O medo de intimidade, a culpa pela vivência sexual, que pode acontecer mesmo quando essa sexualidade é vivida dentro de “padrões oficiais” como no casamento, como se você fizesse um boicote ao próprio prazer.
Há problemas e preocupações que ocorrem fora da área sexual, como a baixa autoestima, a depressão ou a perda de alguém querido ou de um emprego também podem afetar a sexualidade.
Se você conseguir identificar alguma dessas dificuldades na sua resposta sexual, já pode começar a melhorar procurando quais os fatores que estão presentes na sua vida e que podem estar impedindo você de ter um desempenho sexual satisfatório. Aí é só ver o que precisa ser feito para melhorar.
É importante lembrar que a forma como vivemos e como pensamos nossas emoções e nossa sexualidade é determinante na qualidade de vida e de prazer sexual que poderemos usufruir. Portanto:
Dicas para aumentar o seu prazer
– Cuide bem do seu corpo;
– Procure conhecer seu corpo e suas regiões que mais te dão tesão;
– Evite fatores prejudiciais como o álcool, drogas, o sedentarismo ou o estresse físico;
– Cuide de suas emoções, jogue fora seu ‘lixo emocional’, culpas, medos, raiva, mágoas que em nada poderão te ajudar a ser feliz;
– Invista na sua autoestima;
– Seja otimista, pare de fixar sua atenção no problema “Será que não vou ter ereção de novo? “E se eu não atingir o orgasmo de novo?”. Procure relaxar e desfrute do seu relacionamento. Aproveite o namoro com muitas carícias, massagens e beijos;
– Invista em relacionamentos saudáveis, sem essa de ser a pessoa culpada pela infelicidade do outro. Você pode ser companheiro de busca, mas não o responsável pelo prazer de viver do outro. Isso também vale para você!;
– Invista em uma maneira mais positiva de ser e de se relacionar com a vida, com as pessoas e com a sua sexualidade, tentando tirar dela muito prazer, por ser você.
Mas é verdade que construir essa sexualidade equilibrada, confiante e prazerosa, nem sempre é tarefa fácil. Hoje sabemos que 60% dos relacionamentos apresentam algum tipo de disfunção sexual, em maior ou menor intensidade, o que na maioria das vezes é gerador de insatisfação pessoal e conflitos para o casal.
Boa sorte nas suas buscas!