Você sabe o que significa a sigla LGBTQI+

Você sabe o que significa a sigla LGBTQI+ que tem sido utilizada amplamente não só pela mídia, mas também por profissionais de saúde, educadores e nas relações sociais?

As letras da sigla fazem referência a Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queers e Intersexuais. O sinal (+) simboliza não apenas as demais orientações sexuais, e identidades de gênero que não se encontram na sigla, como também a pluralidade e a potencialidade para o acolhimento de novas possibilidades de representação e expressão da corporeidade e do desejo.

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Pequeno dicionário LGBTQI+

Assexual: pessoa que afirma não sentir atração sexual por pessoas de nenhum gênero. A comunidade LGBTQI+ considera a existência de um espectro da assexualidade, em que se pode considerar também pessoas que sentem atração romântica (pelo mesmo gênero ou ambos os gêneros ou pelo gênero oposto), mas não sexual (www.asexuality.org).

Bissexual: pessoa que se relaciona afetiva e sexualmente com pessoas do gênero feminino ou masculino, sejam elas cis ou trans.

Cisgênero: terminologia utilizada para descrever pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi designado ao nascer e que se sentem confortáveis com essa identificação.

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Drag Queen/King, Transformista: drag queen são performances artísticas de feminilidade estereotipada e exagerada; enquanto drag kings são performances estereotipadas de masculinidade. Tanto drag queen quanto drag king são transformistas, ou seja, formas de experienciar um gênero como diversão e arte, não se tratando de uma identidade de gênero.

Expressão de gênero: é a maneira pela qual a pessoa expressa seu gênero publicamente a partir do que é estabelecido culturalmente como feminino, masculino e de outros gêneros. Dentre as vias de expressão de gênero estão: nome/apelido, vestimentas e acessórios, posturas, gestos, características vocais e demais atributos corporais.



Não é necessário ter tido experiências sexuais para se identificar como gay  

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Gay: homem (cis ou trans) que se atrai afetiva e/ou sexualmente por outros homens (cis ou trans). Não é necessário que um homem já tenha tido efetivamente experiências sexuais com outros homens para que se identifique como gay. Há variações de nomenclatura regionais para o termo gay, como viado, bicha etc. Por mais que haja uma conotação pejorativa para esses últimos termos, tem-se buscado utilizá-los como expressão de afirmação identitária, como via de tensionar o sentido depreciativo que possuem. Há mulheres que também utilizam o termo “gay” como descrição identitária de sua atratividade afetiva e/ou sexual por outras mulheres.

Gênero fluído (gender-fluid): pessoa que pode expressar-se pelo gênero masculino em alguns momentos e pelo feminino em outros, com características de identificação de ambos os gêneros.

Homossexual: pessoa que se sente atraída afetiva e/ou sexualmente por pessoas do mesmo gênero. Pode-se usar o termo lésbicas para homossexuais femininas e gays para homossexuais masculinos.

Homem trans: pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como homem. Os homens trans estão dentro dos grupos das transmasculinidades, que abarcam outras identidades de gênero masculinas, que não se reconhecem ou se identificam como homens.

Homoafetivo: adjetivo utilizado na descrição de possíveis relações afetivas e/ou sexuais entre pessoas do mesmo sexo/gênero. Não se trata de uma definição que se restringe ao campo homoerótico, pois abrange dimensões afetivas e emocionais na relação de pessoas do mesmo sexo/gênero. Nesse sentido, a relação entre duas amigas ou a relação entre um pai e um filho podem ser consideradas homoafetivas, pois se baseiam no afeto entre pessoas do mesmo sexo/gênero. É um termo muito utilizado no mundo do Direito.

Identidade de gênero: experiência interna e singular que cada sujeito estabelece com o gênero. Trata-se de uma autopercepção que não requer conformação genital. Em outras palavras, pode ou não ter correspondência com o gênero designado no nascimento, de acordo com o sexo do bebê.

Intersexual: pessoa que nasce com características biológicas que não se enquadram nos padrões anatômicos binário macho/fêmea, culturalmente estabelecidos. Há múltiplas variações fisiológicas que um sujeito intersexo pode apresentar, tais como aspectos cromossômicos, localização genital, coexistência de tecidos testiculares e ovários. Logo, a intersexualidade é um termo guarda-chuva atribuído aos corpos que não podem ser classificados tipicamente como masculino ou feminino. Tem havido uma intensa mobilização por parte dos movimentos sociais de intersexuais para que a intersexualidade não seja compreendida como uma patologia. A leitura patologizadora tem respaldado a prática médica de cirurgia em bebês intersexo logo após o parto, em um ato que mutila esses corpos com o intuito de “repará-los”, a fim de que se encaixem nos padrões binários masculino/feminino. Essa cirurgia priva as pessoas intersexo de manifestarem o gênero com o qual se identificam ao longo do seu desenvolvimento.



Não é necessário ter tido experiências sexuais para se identificar como lésbica

Lésbica: mulher (cis ou trans) que se atrai afetiva e/ou sexualmente por outras mulheres (cis ou trans). Não é necessário que uma mulher já tenha tido efetivamente experiências sexuais com outras mulheres para que se identifique como lésbica. Também chamada de sapatão, sapatona etc. Tem se buscado utilizar esses últimos termos como expressão de afirmação identitária, como via de tensionar os seus sentidos depreciativos.

Mulher trans: pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como mulher (Jesus, 2012). Não deve ser confundida com as demais identidades de gênero femininas que não demandam serem reconhecidas como mulher.

Não binaridade de gênero: também nomeada gênero não binárie, são experiências de gênero nas quais não existe identificação permanente com a identidade de gênero feminina, tampouco com a identidade de gênero masculina. Trata-se de uma identidade trans, por não estar em conformidade com o gênero que foi designado no nascimento. Muitos sujeitos autodeclarados não bináries reivindicam para si o uso de termos que não sejam marcados linguisticamente pelo binarismo de gênero, com predileção pelo uso da letra “e” como indeterminação de gênero nas interações. Ex: psicólogue, enfermeire, médique, alune etc.

Orientação sexual: inclinação involuntária (não é passível de escolha) do desejo afetivo e sexual de cada pessoa (ex: heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade).

Pansexualidade: orientação sexual de pessoas que se atraem afetiva e/ou sexualmente por outras pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou sexo biológico.

Queer: trata-se de um movimento que emergiu entre as décadas de 1980-1990 e que busca colocar em xeque quaisquer padrões considerados heteronormativos. Dentre esses modelos de normalidade estariam as próprias categorias identitárias. Ou seja, embora possam ser alocados no acrônimo LGBTQI+, queer refere-se a uma forma de expressão que não se submete a rótulos, não se tratando de uma identidade. Não se busca a adequação a determinada forma de ser que se coaduna com uma identidade sexual e de gênero específica, pois há predileção pela autonomia da indeterminação (Colling, 2011).

Sexo: é a classificação biológica de sujeitos em macho ou fêmea, em decorrência de características orgânicas, tais como cromossomos, hormônios, órgãos reprodutivos e genitais. Tais traços fisiológicos da categoria sexo, ao contrário do se estabelece no senso comum, não segue uma distinção dualista (na lógica do binarismo sexual), pois essas características podem se apresentar de forma complexa e variada, como ocorre com a população intersexo.

Transexual: pessoa que desenvolve uma identificação de gênero distinta da que lhe foi designada ao nascer. É recomendado que não se use esse termo isoladamente, pois essa não seria a característica exclusivamente definidora do sujeito. Logo, sempre se refira a essas pessoas como mulher transexual ou como homem transexual, de acordo com o gênero com o qual se identificam.

Transgênero: termo guarda-chuva que envolve pessoas que não se identificam com o gênero que lhes foi designado no nascimento, também nomeadas de pessoas trans. A transgeneridade abrange homens e mulheres transexuais, travestis, trans masculinos, pessoas não binárias ou aqueles que transitam entre gêneros.

Travesti: pessoa que apresenta uma identidade de gênero feminina, mas que não se reconhece como mulher transexual. Essa construção de gênero feminina, assim como as demais, não necessariamente envolve a modificação anatômica por meio de procedimentos biomédicos. Existe um grupo dentro desse segmento que se reconhece como “mulheres travestis”. É um termo de importância política de autoafirmação, em função do caráter pejorativo que lhe foi dado historicamente. Referir-se a ela sempre no feminino, pois o artigo “a” é a forma respeitosa de tratamento.

Para saber mais:

Colling, L. (2011). Mais definições em trânsito – Teoria Queer. Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – UFBA. (disponível em: http://www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/ TEORIAQUEER.pdf).

Conselho Federal de Psicologia (2019). Tentativas de aniquilação de subjetividades LGBTIs. Brasília: Conselho Federal de Psicologia. (Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploa ds/2019/06/livro_cfp_TentativasdeAniqu ilamentodeSubjetividadesLGBTIs.pdf)

Jesus, J. G. (2012). Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília: publicação online. (Disponível em: http://www.diversidadesexual.com.br/w p-content/uploads/2013/04/G %C3%8ANERO-CONCEITOS-ETERMOS.pdf)

Reis, T. (2018). Manual de comunicação LGBTI+. Curitiba: Aliança Nacional LGBTI/ Gay Latino.