por Emilce Shrividya Starling
Basicamente, Yoga significa “união”. União do corpo, da mente e do espírito. Significa um método de união espiritual com o Ser interior que habita em nós. Realizar essa união é a alcançar um estado de perfeição no Yoga.
Patanjali, em seus Yoga Sutras, descreve no Sutra 2 (clique aqui e saiba o que é um sutra e quem foi Patanjali)
Yoga é o controle das ondas de pensamento da mente.
De acordo, com Patanjali, que foi um grande sábio yogi, o Ser interior é a pura consciência e nossa verdadeira essência. E, é necessário acalmar a mente consciente e purificar o ego para alcançarmos o estado do Ser.
A turbulência dos pensamentos encobre o Ser, assim como as nuvens encobrem o sol. Por exemplo, se você viajar de avião em um dia de muitas nuvens, você passa por uma zona de turbulência, onde não vê o azul do céu, nem o sol. Mas, quando o avião sobe além dessas nuvens, você tem a linda visão do céu azul, com nuvens bem brancas e sol brilhante.
A meta do yoga é essa viagem interior. É aquietar as ondas de pensamentos para ultrapassar essa fase de turbulência da mente inquieta e assim poder deslizar para dentro da mente neutra, onde habita o Ser e experimentar a paz interior.
Patanjali explica que devido à identificação com o ego e com o corpo, nós achamos que somos o ego e o corpo e dessa identificação errônea surge a ilusão e o sofrimento causado pelo sentido do ego.
Devido à nossa identificação com as ondas de pensamentos, somos afetados por elas. Se a onda de pensamento for agradável, nosso ego sente: “Eu estou feliz”; se a onda de pensamento for desagradável, ele sente:” Eu sou infeliz”.
Essa falsa identificação é a causa de todo nosso sofrimento, pois até mesmo a sensação temporária de felicidade do ego traz ansiedade e também o desejo de se apegar ao objeto de prazer. E isso prepara novas possibilidades de se tornar infeliz e ansioso.
A pessoa que não conhece seu próprio Ser interior, que se identifica com seu corpo, pensa que Deus não existe, acha que somente a vida material é real, vive infeliz e sofrendo.
Ela se identifica com sua mente, com os pensamentos, com as emoções, como a raiva, os apegos e desejos que surgem do seu interior. Fica presa nessas diferentes identificações, se debatendo na vida mundana, experimentando felicidade e tristeza, prazer e dor.
Assim, ela passa pela vida, ora se sentindo uma pessoa importante ou insignificante, ora se considerando uma coisa ou outra, sem nunca saber que realmente é o Ser interior.
O verdadeiro Ser, o Atman (em sânscrito), permanece fora do poder das ondas de pensamento, na chamada não-mente ou mente neutra. Ele é livre, puro, iluminado. É a única felicidade imutável e verdadeira.
Portanto, Patanjali nos ensina que nunca poderemos conhecer o Ser interior, enquanto nos identificarmos com as ondas de pensamentos e com o ego. Desse modo, para alcançarmos o estado de liberação e de iluminação, precisamos ter o domínio sobre as ondas de pensamentos de modo que essa falsa identificação possa cessar.
A Bhagavad Gita, uma escritura sagrada do Yoga, diz que : “Yoga é romper o contato com a dor”. É romper a união com a dor da mente negativa. É vencer o ego negativo.
Podemos entender isso com a imagem de um lago. Se a superfície do lago estiver cheia de ondas, a água se tornará turva e não podemos ver o fundo. O lago representa a mente e o fundo do lago o Ser interior.
Quando Patanjali fala de “controle das ondas-pensamentos”, ele não se refere a um controle superficial e momentâneo. Como muitas pessoas acreditam, a prática do yoga não é tornar sua mente vazia. Não é lutar para cessar os pensamentos.
Seguindo o caminho do Yoga, através de suas práticas como canto dos mantras, meditação e desenvolvimento de virtudes, vamos purificando o ego, renovando e tranquilizando nossa mente, e desse modo, vamos alcançando o autodomínio.
Em vez de um ego negativo, o ego vai se transformando em um ego positivo, que pode refletir as qualidades do Ser, como a amabilidade, a bondade, a compaixão, o silêncio e a pureza Ser.
Precisamos entender como o ego negativo nos ilude. É por causa desse falso ego individual que nos desvalorizamos, nos sentimos inferiores ou pecadores. E o ego sabe que nos domina nos fazendo sentir esses sentimentos negativos, pois ele sabe que ele vai desaparecendo se descobrimos nosso valor e essência verdadeira.
O ego negativo vive em nós como se fosse um amigo, mas é nosso pior inimigo. Por causa dele, ficamos separados e alienados do nosso próprio Ser Portanto, a meta mais importante da Filosofia do Yoga é nos conectar com o Ser, que é Deus em nós.
Quando nos libertamos da raiva, da hostilidade, da inveja, descobrimos o amor. Quando nos livramos do ego, descobrimos nossa verdadeira natureza e podemos desenvolver nossas qualidades e habilidades. Ao nos sentir unidos com o Ser, encontramos o apoio interno para superar os desafios e sermos mais felizes e confiantes.
É por causa do ego, que precisamos fazer sadhana (práticas espirituais). Aprendemos, através da meditação e do relaxamento de Yoga nidra, a observar os pensamentos e acalmar a mente. Com essas práticas, vamos dissolvendo o sentido de separação e purificando o ego. É para isso que fazemos yoga.
Com as práticas regulares do Yoga, desenvolvemos fé e devoção a Deus, e podemos ter a experiência de que não somos nosso corpo, nem nossos pensamentos e emoções. Vamos dissolvendo essa falsa identificação com o sentido do ego e podemos experimentar o que é yoga, a união com o Ser, estado de alegria pura, amor e sabedoria. Namaste! Deus em mim saúda Deus em você! Fique em paz!