por Dulce Magalhães
O que mais nos impede de fazer o que queremos é o nosso medo. Tememos a mudança, o novo, o desconhecido, o diferente… enfim, tememos tudo o que não dominamos. Tememos até mesmo viver a conquista de nossos sonhos, porque pode não ser exatamente como idealizamos.
De uma forma geral somos mais conduzidos pelo medo do que por qualquer outro sentimento. Evitamos pedir feedback sobre nosso comportamento e nosso trabalho, pois temos medo de ouvir algo diferente de nossa própria autoavaliação.
Ficamos ansiosos e angustiados em situações de teste. Nos sentimos magoados e ressentidos com críticas ou reclamações. Queremos impor nossas ideias e atrair atenção para nossos planos, porque buscamos reconhecimento e valorização. Se não obtemos uma aprovação total, temos um sentimento de rejeição. Quando nossas propostas não são integralmente aceitas, nos sentimos ofendidos. Quando não recebemos o reconhecimento que julgamos de nosso direito, nos sentimos diminuídos e menosprezados.
Vivemos intensamente nosso medo. Projetamos nas relações com as pessoas à nossa volta o medo que temos de descobrir o quanto somos frágeis e imperfeitos. Somos um produto de nosso próprio medo. Talvez você esteja pensando que isso é um exagero, mas a prática diária só reforça essa conclusão. Se não agíssemos motivados pelo medo, faríamos tudo que queremos de melhor para nós mesmos, mudaríamos imediatamente nosso hábitos e tomaríamos decisões há muito adiadas. Caso você se enquadre nesse comportamento, vale a pena refletir sobre o medo.
A forma mais relaxada e harmoniosa de vida está no exercício da coragem. Isso pode soar até absurdo, mas a coragem permite a superação de quaisquer dificuldades geradas em nossa vida. Coragem não é ausência de medo, ninguém precisa de coragem quando não tem medo. Coragem é enfrentar as situações que nos provocam medo. Isso faz com que aumentemos nossa capacidade de correr riscos, nossa confiança e autoestima.
Faça um checklist de sua vida, considerando os itens de ordem pessoal (saúde, realização, felicidade); familiar (harmonia, relacionamento, diálogo); profissional (progresso, aprendizagem, remuneração) e social (amizade, lazer, interação). Qual o nível de satisfação em cada um dos itens? O que você gostaria de mudar, abandonar ou acrescentar em sua vida? Aproveite este momento e escolha, no máximo, três objetivos realmente importantes para serem atingidos no prazo de um ano. Inicie seu futuro imediatamente. Aliás, tenha em mente que o futuro é o próximo segundo e depende do que você fará no segundo imediatamente anterior.
A primeira oportunidade de usar sua coragem é reconhecer que você é a única pessoa que pode modificar positivamente sua própria vida. Isso exige a coragem de abandonar justificativas e deixar de buscar culpados externos. Voltar-se para si mesmo e procurar reconhecer, verdadeira e honestamente, onde estão suas próprias limitações e dificuldades.
O passo seguinte é aplicar sua coragem para o empenho da disciplina.
Você utiliza sua energia vital todos os dias para viver, a aplicação de disciplina significa decidir como aplicar a energia, não aumenta seu dispêndio, mas altera completamente seus resultados de vida. Usar disciplina na prática diária é dar inteligência à própria energia. A aplicação de disciplina exige coragem de acreditar na própria capacidade de realizar mudanças.
Muitas vezes não concluímos “aquela” dieta tão necessária, não iniciamos uma atividade física, não revemos nossas despesas etc, porque não desenvolvemos a crença de que somos capazes de alterar essa situação. É preciso agir com coragem para produzir mudanças.
Daqui a um ano poderemos estar arrependidos pelo que deixamos de realizar ou altamente satisfeitos pelos resultados alcançados. Tudo depende do nível de decisão tomada, da coragem despendida e da ação empreendida.
Você só não pode alterar o fato de que dentro de um ano, caso esteja vivo, você terá um encontro consigo mesmo. Não há meio ou maneira de evitar isso e a qualidade e prazer desse encontro está no modo como olha a si mesmo e à sua capacidade de produzir mudanças.