Budismo, vida e morte: quando a morte encontra a morte e chama à vida
Observei que andava devagar, ombros baixos, não havia energia de vida em você.
Passei ao lado para ver melhor, para sentir a sua respiração.
Ouvi que repetia palavras sem sentido ou… pareciam não serem suas.
Realizava atividades, mas não era você a realizá-las.
Movimentos automáticos.
Onde estava você naquele corpo?
Parecia morto.
Morto de você mesmo.
Mas, eu sou a morte, e não você.
Por que está morto antes de minha chegada?
Isso não está certo…
Nossa! Já me deparei com muitos casos como você.
A morte chega, mas já está morto, ou morrendo.
O que fez de sua vida?
O que faz da sua vida?
Vida! Uma oportunidade maravilhosa.
Mas, olhos não veem, ouvidos não escutam, sensações não distinguem o salgado e o azedo.
Seu paladar se foi.
Tudo bem que a vida é como o clarão de um raio, ou uma gota de orvalho na relva, passageira, um instante.
Mas acontece! Se manifesta plena!
Por que perder essa oportunidade de viver, apreciar cada momento como único?
Confesso a você que não há começo e nem fim
A morte é morte enquanto morte
A vida é vida enquanto vida
Cada momento é inteiro assim como é!
E, você é a expressão de todas as condições de vida-morte.
Olhe para você e identificará a sua verdadeira natureza
Budismo, vida e morte
Dizem ser a Natureza-Buda
Sem um eu fixo, vazio de substancialidade.
Constituído de uma teia infinita de causas e condições simultâneas e em movimento que traçam a tecitura da sua vida e você é tudo isso!!!
Veja quanto a contemplar, a apreciar, a vivenciar, a transformar. Mergulhar!!!
Vou embora, ainda não chegou a sua hora.
Siga com vigor.
Estude os ensinamentos de Buda que são como um bom remédio. Dedique-se ao zazen, à meditação zen. E, conforme escreveu um grande mestre, monge Zen, no século XIII, Dogen Zenji Sama, se assim o fizer, a “casa do tesouro se abrirá e você poderá se servir à vontade!!!”