por Thaís Petroff
“A sua atenção determina o mundo que vê. Não existe nada como uma realidade objetiva lá fora, fixa, imutável. Tudo depende da qualidade da atenção que você utiliza para se relacionar com o mundo. Quando você muda o seu olhar, o seu mundo também muda.”
Carlos Castañeda
No trabalho você presencia algumas situações: seu chefe fala muitas vezes de forma agressiva; seu colega de trabalho, invejoso e que compete com você, sempre quer saber o que você está fazendo e conta vantagem…
Diante desse cenário, sua única alternativa é mudar de emprego, já que seu chefe é um cara truculento e se seu colega é invejoso e compete com você, certo? Errado! Há outras alternativas e uma delas é aceitar que eles se comportem dessa maneira e que você não tem poder de mudá-los. Sendo assim, você está fadado a ser infeliz no seu emprego, certo? Novamente: Errado! Vejamos o que pode ser feito nessa situação e que está no seu controle e depende de você.
Quando seu chefe fala de maneira agressiva e você fica alimentando os pensamentos negativos de que ele é um péssimo chefe, de que ele fala assim com você porque não gosta de você (ou seja, é pessoal), de que ele não deveria se comportar dessa maneira, entre outros, todos esses pensamentos tem uma única consequência: aumentar seu mal-estar diante dessa situação.
Pode-se dizer o mesmo quando você fica ruminando os pensamentos de que seu colega é um invejoso, de que ele fica o tempo todo buscando falhas no seu trabalho, de que quer competir com você, etc… Novamente, a consequência disso é mais mal-estar, ou seja, fabricar ou aumentar as emoções negativas.
Sendo assim, você tem a possibilidade de aumentar seu mal-estar diante de situações que o incomodam. Esse realmente é um poder que você tem, aumentar suas emoções ruins, alimentando ou ruminando os pensamentos negativos ou, justamente fazer o contrário, não alimentá-los e/ou ruminá-los, não piorando a situação.
Há também outra possibilidade que também está sob seu controle. Quando você opta por analisar a situação e seus pensamentos, pode surpreender-se com os resultados. O chefe agressivo, não é assim somente com você; ele também tem um chefe, o qual porta-se com ele de maneira ainda pior, desqualificando-o e cobrando-o a todo momento; ele está tendo problemas com seu filho adolescente o qual anda aprontando muito; ele já foi mais tranquilo e próximo, mas desde que mudou a gerência da empresa ele passou a comportar-se dessa maneira, etc.
Enxergar todas as possíveis variáveis envolvidas na situação, faz com que você perceba-a de maneira global e possível de colocar-se no lugar do outro. Desse modo, você passa a relativizar mais as coisas, inclusive deixando de fazer a distorção cognitiva do tipo dicotômico (pensamento tudo ou nada) de que ou seu chefe é ótimo ou ele é péssimo.
O mesmo pode ser feito com relação ao colega de trabalho. Será que ele tem uma crença de incompetência (incapacidade) e utiliza como estratégia compensatória a competição, a comparação? Será que ele se vê como uma pessoa inferior a você e justamente por isso o inveja e o critica (buscando equiparar-se a você, quando denigre sua imagem? Pensando desse modo o colega de trabalho já não é tão ruim, não é mesmo? E até os comportamentos dele causam-lhe menos raiva, não é mesmo? Pode ser que você até sinta vontade de ajudá-lo de alguma maneira, pois percebe que ele não aprendeu outras maneiras de agir e essas são as únicas estratégias de sobrevivência que ele tem.
Será que diante dessa mudança de olhar, a situação que antes era tão insuportável não começou a pelo menos ficar mais digerível? De repente, é até possível de visualizar como você pode agir de maneira a lidar melhor com os acontecimentos descritos nos dia a dia, sem que você se desgaste (ou pelo menos não tanto) e também que não tome as coisas para si ou ainda ative as suas próprias crenças negativas.