por Ceres Alves Araujo
Ética é uma matéria que faz parte do aprendizado de vida, no qual os pais devem ser os melhores professores. Na atualidade, em nosso Pais, as crianças ouvem falar do mensalão, da corrupção, das greves e das passeatas contra a corrupção, dos movimentos contra o gasto descabido de dinheiro na Copa do Mundo e fazem perguntas sobre o que acontece. As crianças são naturalmente curiosas e querem saber os por quês.
Como explicar para elas que vários de nossos políticos, nossos representantes eleitos, são em muitos casos indignos, mentirosos ou corruptos, que o dinheiro público quando não é roubado, é desviado para fins eleitoreiros, que nosso País tem a educação e a saúde abandonadas?
As crianças precisam ser ensinadas à verdade, precisam aprender a serem responsáveis por suas ações, desde os primeiros tempos de vida. Mas, não é fácil trabalhar essas questões com as crianças em uma época de mentiras e irresponsabilidades, na qual se lida com a ética como se ela fosse algo maleável e adaptável a cada contexto. Modelos de desonestidade são numerosos em nossa sociedade.
A ética está estritamente vinculada à moral, sendo a moral um conjunto de princípios a ser seguido de forma livre na vida de cada um. Ou seja, é aquilo que nos obrigamos a respeitar porque livremente nós decidimos acatar. Porém, esses princípios morais precisam ser ensinados já desde o início da infância.
O ser humano, como ser social, tem um impulso a condutas éticas, porém esse impulso, para ser satisfeito, sofre um processo de aprendizado, mediado pelos adultos. Aos pais cumpre dar exemplo de autonomia e liberdade interna para fazer escolhas e assumir posições e se responsabilizar por elas. Uma pessoa só é ética, quando se orienta por princípios e convicções. Falar a verdade implica em ser honesto consigo mesmo e com os outros e em assumir as consequências de seus atos. Essa é a base da ética.
Como responder as questões dos filhos acima mencionadas? Como falar a verdade?
A ética é própria do ser humano, que cria uma natureza moral sobre sua natureza instintiva. Princípios e valores sempre foram e continuarão a ser o que caracteriza a humanidade no homem e continuarão imprescindíveis para nos manter civilizados.
Podemos ensinar às nossas crianças, com nosso exemplo, que os fins não justificam os meios, que bens de consumo, liberdade, prazer e felicidade se conquistam com condutas éticas, com escolhas que tenham sentido e não buscando levar vantagem ou ganhar sempre a qualquer custo.
Às crianças menores, uma ideia é contar que no momento, existem pessoas que estão fazendo mal para o nosso País, mas que o bem sempre vence o mal. Elas estão acostumadas a esse final feliz da maioria dos contos e histórias que tanto gostam. Podemos contar que há momentos nos quais os vilões parecem estar vencendo, que a escuridão cobre a terra, mas os heróis, que são genuinamente éticos, ganham forças, sobrenaturais muitas vezes, e vencem o mal. São analogias que nos ajudam a manter uma prospecção positiva no vir a ser do País e que podemos relatá-las aos nossos pequenininhos.
Às crianças, um pouco mais velhas, cumpre ensinar o idealismo e patriotismo. O idealismo é a designação geral dos sistemas éticos, que tomam as normas éticas como normas de ação. É importante contar as histórias das pessoas que, nos diferentes lugares do mundo, lutaram pela moralidade, pela liberdade, pela vida digna para todos os povos. São esses os heróis, os modelos ideais de identidade para os filhos.
Não podemos deixar que nossos filhos percam o patriotismo, o sentimento de orgulho, o amor e a devoção à Pátria e nem a solidariedade com seus compatriotas. Cumpre, sobretudo, ensiná-las a serem os construtores de um País diferente, ético.