“Existe uma justa medida de como manter a minha individualidade na relação? Milagrosamente, mesmo na pandemia, consegui arrumar um namorado. Mas vivo esse dilema, pois não sei até que ponto ceder no relacionamento sem abrir mão da minha individualidade, porque as divergências acontecem no sentido de um querer uma coisa e o meu namorado querer outra. O tempo que lido com minhas questões pessoais, projetos e amigos x o tempo que dedico à relação. Que dicas você poderia me dar para eu ser bem-sucedida nesse quesito de ceder sem abrir mão da minha individualidade. É possível?” 

Resposta: Olha, preservar a sua individualidade na relação, não só é possível como é necessário. No início da relação é complicado dosar o que se faz sozinho e o que eu faço com o outro, porque a paixão faz com que a pessoa queira ficar grudadinha o tempo todo. 

Com o tempo isso vai ficando mais fácil de se resolver. Isso porque a “necessidade” e ansiedade de estar juntos diminui e o medo de perder o outro ou a relação também. Assim, você adquirindo segurança.

Como manter minha individualidade na relação?

Em toda relação normalmente temos que nos adaptar e é muito comum confundir o que você faz por si ou pelo outro. Almoço em família, conversa com amigos e festividades são sempre situações que temos muitas vezes que escolher em fazer juntos ou separados. Então, o ideal é sempre dizer para o outro o que você deseja ou não fazer acompanhado. No entanto, o fato de fazer algo sozinho não significa que você não aprecie a companhia ou que esteja fazendo algo escondido. Na verdade, isso é uma questão apenas de preservar e respeitar o seu espaço como indivíduo.  

Muitas pessoas sentem medo de dizer ou pedir espaço com medo do rompimento da relação e acabam se sentindo sufocadas por conta disso. A melhor dica é: diga a verdade, sempre! 

Dizer que precisa de espaço, que gosta de encontrar os amigos no bate-papo virtual (pelo menos por enquanto) ou vai falar em particular com uma amiga que lhe quer contar um segredo faz parte do cotidiano de todas pessoas, sendo elas solteiras ou em um relacionamento amoroso. 

A melhor forma é naturalizar esse tipo de situações. Assim não se cria pulga atrás da orelha de ninguém: desconfiança, insegurança, incertezas etc. 

Se estão com dificuldades de conciliar o tempo com os amigos, veja se marcam os encontros nos mesmos horários ou em horários que o outro já tenha compromisso. Mas caso não consiga conciliar, peça um pouco de paciência para o outro. Afinal, ele precisa entender e também desfrutar da individualidade. 

Atenção!
Esta resposta não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Cintia Sanches

Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem