Há três neurotransmissores principais que interagem entre si e aumentam a felicidade: dopamina, serotonina e endorfinas
Há muitas maneiras de cultivar felicidade na vida diária. A chave é descobrir quais atividades aumentam os hormônios naturais que trazem satisfação e prazer, e estimular a sua produção. Diversos neurotransmissores atuam como mensageiros no corpo, regulando tudo, desde o funcionamento físico até o bem-estar emocional, e são influenciados por pensamentos, atividades e alimentos. Há três neurotransmissores principais que interagem entre si e aumentam a felicidade: dopamina, serotonina e endorfinas.
Dopamina
Dopamina é um dos impulsionadores do sistema de recompensa do cérebro, e aumenta quando se experimenta algo prazeroso: elogios, sexo, fazer compras, comer, ouvir música, ganhar dinheiro e praticamente qualquer outra atividade que se considere agradável. Apaixonar-se? Seus níveis de dopamina vão disparar!
Tirosina
Dopamina é produzida em um processo de duas etapas, em que o aminoácido tirosina é convertido em outro aminoácido chamado L-dopa e, em seguida, esta é metabolizada em dopamina por enzimas. A tirosina está presente em todos os produtos de origem animal, como carne, aves, peixe, ovos, laticínios, e em amêndoas, gergelim, sementes de abóbora, banana (bem madura), maçã, abacate, chocolate (cacau 70%), chá verde, café, feijão verde e feijão branco, aveia, germe de trigo, beterraba, folhas verdes, algas.
Bem-estar
Dopamina é um ativo químico liberado nas células nervosas que ajuda a enviar mensagens entre o cérebro e o corpo, ou seja, é um neurotransmissor. Esta molécula do “bem-estar” é regulada pelo organismo. No entanto, substâncias externas, como álcool, açúcar, cafeína, nicotina e drogas, intensificam ou interrompem a produção normal, causando uma disfunção do neurotransmissor, e podem criar um efeito de montanha-russa, com altos e baixos emocionais.
‘Rush’ de dopamina
Como parte do sistema de recompensa do cérebro, a dopamina nos ajuda a sentir prazer em atividades como sexo, interação social, jogos, pular de paraquedas, surfar ou mergulhar na cachoeira, filmes, músicas, comida ou qualquer outra coisa associada ao prazer. Estas atividades são impulsionadas com um ‘rush’ de dopamina (fluxo súbito), que pode ser desencadeado por apenas se pensar nelas. A dopamina não está ligada somente ao prazer, e desempenha um papel em muitas funções, incluindo aprendizagem, atenção, humor, movimento, sono, libido e muito mais. Há evidências de que o cérebro libera mais dopamina quando se medita.
Dopamina baixa
De acordo com pesquisas científicas, a dopamina desempenha um papel vital na modulação da ansiedade em diferentes partes do cérebro. Níveis baixos de dopamina podem fazer com que alguém se sinta menos motivado, menos animado com a vida, e pode levar a doenças mentais, incluindo depressão, desordens emocionais e psicose. Deficiência de dopamina causa movimentos mais rígidos, que são a marca registrada da doença de Parkinson.
Conexão entre vício e dopamina
Existem muitas substâncias viciantes no planeta, como álcool, açúcar, cafeína, nicotina, drogas lícitas e ilícitas, e quando as pessoas começam a usar não pretendem ficar viciadas. Quanto mais frequente é o uso e quanto mais potente é o produto, mais dopamina é liberada no cérebro e, ao longo do tempo, isso vai causar sérios problemas de saúde mental e física. Ao tentar reduzir ou parar os ativos que aumentam a dopamina, seus níveis ficam muito baixos. Daí surge o estresse, depressão, ansiedade e compulsão, o que acaba arrastando o indivíduo de volta ao uso e ao vício.
Euforia química
Álcool, açúcar, cafeína, maconha, nicotina, cocaína, medicamentos opioides, heroína e metanfetamina têm um efeito subjacente em comum: influenciam fortemente a produção de dopamina e produzem sentimentos de euforia. A ciência por trás disso é sólida, com muitos estudos publicados. Mesmo baixas quantidades dessas substâncias, alimentos ou drogas, podem levar ao vício quando o indivíduo perde o autocontrole e cede à gratificação imediata, repetidamente. O açúcar é reconhecido por induzir o cérebro a produzir enormes picos de dopamina, assim como as drogas pesadas, como cocaína e heroína.
Mucuna pruriens e dopamina
Uma planta que cresce em climas tropicais aumenta os níveis de dopamina naturalmente. Mucuna pruriens tem sido usada extensivamente em um dos sistemas de saúde mais antigos do mundo – a medicina tradicional indiana. Mucuna é um tipo de leguminosa, presente na Índia, sul da China e Brasil. As sementes e raízes são usadas em suplementos para fins medicinais diversos. Mucuna acalma e relaxa o sistema nervoso, ajudando a reduzir o estresse e a depressão. Há pesquisas mostrando a sua ação em alguns tipos de câncer, em fertilidade masculina e como um afrodisíaco.
Efeitos terapêuticos
A ação antiparkinsoniana da Mucuna é bem conhecida, e sua atividade na preservação de células nervosas no cérebro foi demonstrada por vários pesquisadores. A levodopa (L-dopa) é o ativo precursor de dopamina, e o importante constituinte responsável pelo efeito na doença de Parkinson – na Mucuna sua concentração é de 5%. Além de L-dopa, vários outros componentes bioativos, como ácido ursólico e ácido betulínico, atuam na proteção de neurônios. Estudos documentaram amplamente as propriedades neuroprotetoras, neurorrestauradoras e imunomoduladoras da planta. Além de combater a deficiência de dopamina comum nos que se recuperam de substâncias viciantes, seu maior valor reside no tratamento de Parkinson, porém ela também atua em outras doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, esclerose lateral amiotrófica e derrame cerebral.
Referências:
*Advances in Experimental Medicine & Biology 2021. The Brain’s Reward System in Health & Disease.
*Neuron 2015. Pleasure systems in the brain.
*Biomolecules 2021. A runner’s high for new neurons? Potential role for endorphins in exercise effects on adult neurogenesis.
*J Biomedical Science 2021. Dopamine, behavior & addiction.
*J of Neural Transmission 2019. Dopamine & addiction: what have we learned from 40 years of research?
*Neurochemical Research 2022. Neuroprotection by Mucuna pruriens in Neurodegenerative Diseases.
*3 Biotech 2020. Mucuna pruriens in Parkinson’s & in some other diseases: recent advancement & future prospective.