Hardballing: você sabe o que é?

Hardballing é uma modalidade que está pulverizando nos apps de relacionamento; entenda e veja se você pretende aderir à prática

E-mail enviado por uma leitora:

“Fiquei sabendo de uma nova modalidade de comportamento que surgiu nos apps de relacionamento. Ela se chama hardballing (jogar pesado). Trata-se de você, já antes mesmo do primeiro encontro, deixar bem claro para o seu crush quais são precisamente suas reais expectativas para qualquer tipo de relacionamento, sem deixar espaço para relações indefinidas. Assim, você já vai para esse primeiro encontro com um enfoque digamos… mais sensato. Entre um dos argumentos está essa necessidade e urgência imposta nos dias de hoje; não há tempo a perder, a vida é um sopro. Essa postura é positiva? Ou um dos ingredientes do relacionamento não seria justamente deixar fluir a magia do ‘deixa rolar’…? Essa postura não pode fechar a porta de cara de poder conhecer uma pessoa e ter uma relação bacana? Como já li nessa coluna, o amor não é cartesiano. Assim, não sei se podemos enquadrar as relações em um grau de objetividade desse tamanho. Qual a sua opinião? Me ajuda… “

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Resposta: Olá! Pois é, essa modalidade está pulverizando os apps de relacionamento. Pelo que percebo, é uma forma rápida e clara de deixar entendido expressões como:

– Eu não quero relacionamento sério, eu quero somente sexo, não insista;

– Eu quero namorar, se você quer algo casual, não me dê like;

– Eu sou casado e estou procurando uma aventura, então não crie expectativas.

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Hardballing nada mais é que uma placa de ‘pare’

Então, é uma forma mais nua e crua de dizer eu quero ISSO e não AQUILO. Se pararmos para pensar no “anúncio” feito no perfil da pessoa, hardballing nada mais é que uma placa de PARE; preste atenção no cruzamento ou na via à frente. Mas se isso é uma postura saudável ou positiva, é difícil julgar, porque cada um tem seus próprios objetivos de vida e isso vale também no uso de um app.

Se a pessoa não quer se relacionar seriamente com alguém (amorosamente falando), é a forma mais rápida e simples de dizer: ‘quero apenas sexo, não insista’. E se a pessoa está colocando uma placa de Pare no perfil do app, é por que ela não está disponível para negociação.

Pode parecer simplista demais o que vou dizer, mas é a única forma de dizer: se a pessoa acabou de escrever isso no perfil de um app, e partindo do pressuposto que você nunca viu a pessoa na sua vida, logo ela deixando claro o seu objetivo. Então, por que dar like num perfil desse, se seu objetivo é outro? A ambivalência já inicia ai, dar like numa coisa que não combina com seu objetivo. A possibilidade de dar ruim é enorme.

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A gente vive numa cultura que o amor supera tudo, que o amor tem a capacidade de mudar a vida e as pessoas, que mulheres são oficinas de conserto de homens, e que tudo tem um final feliz, desde que exista uma amor verdadeiro.

Essas afirmações ficam muito no campo das ideias e na cultura do conto de fadas. Na prática, as coisas não funcionam muito bem assim. A gente sabe que somente amor não é o suficiente, se não tiver cooperatividade entre ambos; que não é responsabilidade de ninguém dentro de uma relação, curar traumas que são dos outros, mas muitas vezes nos sentimos na obrigação de fazer isso.

Aliás, nós não podemos mandar ou mudar o sentimento das pessoas, e se acharmos que temos esse poder, poderemos ficar durante anos em uma relação em que só recebemos migalhas, porque o outro não está inteiro, pelo simples fato que não ama ou não está disposto a se relacionar de forma mais profunda etc.

Talvez, nessa situação, se o seu objetivo for ter uma relação duradoura, romance etc, o ideal é você colocar a sua placa de PARE, e não dar like nesses perfis, porque pelo menos também “poupa” o seu tempo e diminui a possibilidade de você se envolver com alguém que não está a fim de “deixar rolar” ou te conhecer mais profundamente.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem