Idoso com ganho de peso na pandemia: o que fazer?

Saiba algumas razões que podem levar uma pessoa idosa a ganhar peso durante pandemia e veja cinco exercícios para lidar com o problema e aumentar a resistência física   

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“Antes da pandemia, minha mãe, de 80 anos, saudável, passeava com seu cachorrinho. Com a pandemia, ficou com medo de sair de casa. Isso ocorreu quando em uma de suas saídas, ficou com medo de não conseguir voltar para casa. Sem suas caminhadas, e só comendo, engordou e se cansa fácil.”

Resposta: Como é relatado, está senhora de 80 anos parece ter a saúde física em condições normais de saúde.

Porém, a pandemia trouxe à tona ou exacerbou um sintoma psicológico, que é o medo de morrer. Isso aconteceu porque ela tentou um dia sair casa com o cachorrinho e sentiu medo de não conseguir voltar a casa.

E se o vírus me pegar? Os idosos têm maior chance de vir a óbito! Assim, o sistema de alerta de defesa própria liga no máximo, tocando alarmes internos e tudo mais. Nesse sentido, minha sugestão urgente é procurar um psicólogo para ajudá-la.  

Atualmente, a psicoterapia tem um grupo “novo”, com o perdão da palavra, para “os velhos”.

Antigamente, quando percebia em atendimento de alguma senhora ou senhor na terceira idade um sofrimento emocional, eu sugeria procurar ajuda de um psicólogo. Em geral, eu ouvia respostas similares a isso: “Pra quê? Já estou velho/velha, não vai adiantar nada.” Hoje em dia, quando faço este apontamento, a pessoa já pergunta se eu conheço algum profissional especialista em terceira idade…

Segundo ponto, que indiretamente está atrelado ao primeiro, “segurar a emoção com comida”. Certamente, esse pode ter sido um grande efeito da pandemia nas pessoas com as seguintes consequências:

– ganhar “pneuzinhos”;
– aumentar exponencialmente de peso por ingerir calorias a mais e gastar menos.

Outros fator que leva a ganhar peso é o de diariamente tomar um aperitivo, ao invés de tomar um vinho só aos fins de semana. Enfim… houve aumento de ingestão de coisas comestíveis ou “bebíveis” e não se gastou a energia.

Assim, se comprometer a mudar o hábito alimentar é a saída. No entanto, sem dietas loucas, mas cortando as porções pela metade e não pular refeições. Desse modo você pode aumentar a ingestão de verduras e legumes, comer adequada quantidade de carne, ovo, leite, queijo. Outra coisa, substitua a farinha branca por integrais e grãos e corte ou diminua drasticamente o açúcar branco.

Agora, vou contar uma historinha.  Minha tia vinha à minha casa para olhar minha filha, caso eu tivesse um paciente até mais tarde. Toda solicita, ela sempre aparecia com um saquinho de pó branco. E assim falava: “Nunca vi uma casa que não tem um grãozinho de açúcar… Assim. trouxe de casa pra por no meu café com leite.”

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Ah!!! Agora sim. Depois de me meter em assuntos que não são da minha atuação profissional – direta -, vou sugerir atividades físicas para esta linda senhora.

Exercícios na terceira idade são tudo de bom. Pois satisfazem lacunas perdidas de um modo rápido e útil. Esse sintoma de se ressentir cansaço ao menor esforço vai desaparecer, se praticado diariamente. O problema relatado de “se cansar fácil” vem da falta de exercícios diários e imobilidade social causado pela pandemia.

Exercícios a serem realizados:

1) Em pé ao lado de uma cadeira – 2  exercícios

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2) Em pé olhando para lado de fora na janela – 3 exercícios

3) Em pé  –  3 exercícios (pode colocar uma música)

4) Sentada em cadeira – 3 exercícios

5) Deitada na cama – 2 exercícios

Exercícios

1) Série em pé ao lado da cadeira

Em pé, de lado, para o lado detrás da cadeira. Primeiro, apoiar a mão direita e quadril direito próximo à cadeira. Execute o exercício, elevando* lateralmente a coxa e perna esquerda. Repita 10 vezes e troque o lado.  *o membro inferior esquerdo, vai para o “ar”.

Em pé de lado para o lado detrás da cadeira. Primeiro apoiar a mão direita e quadril direito próximo à cadeira. Os dois pés ficam no chão. Execute o exercício elevando lateralmente o braço e mão esquerdos para o lado direito. Repita 10 vezes e troque o lado.

2) Em pé olhando para lado de fora na janela

Posição inicial: fique com o corpo reto olhando para fora, apoie as duas mãos no parapeito da janela. Mantenha uma distância confortável. Separe ligeiramente as pernas e os pés ficam em “V”. Isto é, calcanhares unidos e pontas dos pés separados, como ponteiros de relógio indicando 1:50h. Execute, agachando, segurando na janela até onde suportar. Em geral, a amplitude do movimento é bem pouca. Repita 10 a 15 vezes.

Posição inicial: fique com o corpo reto bem próximo do parapeito, olhando para fora, apoie as duas mãos no parapeito da janela. Mantenha os pés paralelos. Execute realizando a elevação dos calcanhares simultaneamente. Repita 10 a 15 vezes.

Posição inicial: fique com o corpo reto olhando para fora, apoie as duas mãos no parapeito da janela. Mantenha uma distância confortável. Pés paralelos e braços apoiados e retos, no parapeito com abertura igual ao seu ombro. Realize a flexão do cotovelo. Repita 10 a 15 vezes.

3) Em pé  –  com música

Em pé, olhar ao horizonte, ombros para trás, abdômen e períneo contraídos. Se tiver problema de equilíbrio, fique próximo à cadeira ou parede ou algo para se apoiar.

Realize por 30 segundos a elevação dos joelhos alternadamente.

Em pé, olhar ao horizonte, ombros para trás, abdômen e períneo contraídos. Se tiver problema de equilíbrio, fique próximo à cadeira ou parede ou algo para se apoiar.

Realize por 30 segundos a flexão de pernas e joelhos alternadamente como se quisesse encostar o calcanhar no bumbum.

Em pé, olhar ao horizonte, ombros para trás, abdômen e períneo contraídos. Se tiver problema de equilíbrio, fique próximo à cadeira ou parede ou algo para se apoiar.

Acompanhe sinta o ritmo da música. E, quando quiser, de passos para um lado e para o outro lado. Realizemos 30 segundos.

4) Sentada em cadeira

Se desejar, troque por uma música mais calma.

Sentada numa posição confortável, ombros eretos, braços relaxados com as mãos apoiadas nas coxas, abdômen contraído, olhar ao horizonte, coxas e pernas paralelas, pés apoiados completamente no solo.

Execute o exercício da seguinte maneira: olhe para cima, cabeça para cima, olhe para baixo, cabeça para baixo, olhe para o lado esquerdo e vire a cabeça para o lado esquerdo, olhe para a direita e vire a cabeça para o lado direito. Em cada movimento da cabeça, inspire pelo nariz e solte o ar pela boca. Faça no mínimo durante um minuto.

Sentada numa posição confortável, ombros eretos, braços relaxados com as mãos apoiadas nas coxas, abdômen contraído, olhar ao horizonte, coxas e pernas paralelas, pés apoiados completamente no solo. Execute o exercício, elevando as duas mãos, simultaneamente para cima, como se quisesse agarrar algo no teto. Repita por 10 vezes.

Sentada numa posição confortável, ombros eretos, braços relaxados com as mãos apoiadas nas coxas, abdômen contraído, olhar ao horizonte, coxas e pernas paralelas, pés apoiados completamente no solo. Execute o exercício elevando os dois pés para o alto com as coxas coladas na cadeira. Repita 20 vezes.

5) Deitada na cama

Deitada de costas ou decúbito dorsal, execute o exercício, abraçando as duas coxas e pernas, segurando nos joelhos. Repouse os pés na cama. Repita por 10 vezes.

Deitada de costas ou decúbito dorsal, execute o exercício, com os joelhos fletidos, pés apoiados na cama, pés paralelos na largura do quadril. Eleve seu quadril da cama e volte a cama. Repita por 10 vezes.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de um profissional de Educação Física e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Educadora física, pós-graduada em Fisiologia do Exercício e fisioterapeuta, pós-graduada em Fisioterapia Desportiva. Desde de 1997, atua como personal trainer há 15 anos na área de ginástica postural e RPG. Desde 2007, na área de uroginecologia trabalha com orientação e conscientização da saúde do homem, da mulher e de atletas quanto a musculatura pélvica e afecções. Supervisiona o curso de Fisioterapia em Obstetrícia e Uroginecolocogia da UNIFESP.