por Gilberto Coutinho
Atualmente, com a disseminação de sucessivas viroses, da gripe suína provocada por uma variante do vírus H1N1 e de doenças infectocontagiosas, como a AIDS, a imunidade (estado de resistência de um organismo vivo em relação a um agente infeccioso capaz de causar doença) tem se tornado alvo de grande interesse e de estudos de pesquisadores e cientistas de várias partes do planeta.
Biólogos, ambientalistas e tantos outros profissionais afirmam que a cura das diversas doenças encontra-se nas matas e florestas. As plantas têm sido utilizadas como remédio desde a Antiguidade. Com o surgimento da indústria farmacêutica, a popularidade da medicina à base de ervas declinou, embora 25% ou mais de todas as drogas contenham ingredientes isolados de plantas. Hoje, a tecnologia existente permite compreender mais claramente de que maneira as ervas promovem a saúde e auxiliam na restauração do equilíbrio na doença.
Função do sistema imunológico
A mais importante função do sistema imunológico é a de proteger o organismo contra as doenças infecciosas (causadas por vírus, bactérias e fungos) e o desenvolvimento do câncer. O sistema imune talvez seja um dos sistemas mais complexos, importantes e intrigantes do organismo humano. Apenas recentemente os cientistas compreenderam a sua estrutura básica e as suas funções fisiológicas de forma mais minuciosa.
As células killer (assassinas) naturais do sistema imune são capazes de detectar e destruir as células que se tornam cancerosas ou infectadas por vírus; elas compreendem a primeira linha de defesa do organismo contra o seu desenvolvimento. Tais células podem ser estimuladas através do emprego terapêutico de certas plantas medicinais.
Naturopatia visa autocura e prevenção
A abordagem terapêutica do naturopata é basicamente dupla: ajudar o enfermo na autocura e empregar a oportunidade para conscientizá-lo da importância do cultivo diário de um estilo de vida mais saudável e harmônico.
A naturopatia, que cuida da pessoa num todo (tratamento holístico), muito tem a contribuir com a imunidade (principalmente, quando os antibióticos alopáticos demonstram ineficazes perante uma infecção bacteriana) e também a auxiliar no combate das doenças ocasionadas pela sua supressão, mediante o emprego da:
– fitomedicina (remédios botânicos);
– suplementação nutricional (polivitamínica e polimeneral);
– dietoterapia (nutrição);
– recomendações específicas num processo infeccioso agudo (o que fazer durante uma infecção?);
– terapias coadjuvantes (homeopatia, acupuntura tradicional chinesa, exercícios terapêuticos de yoga, meditação, relaxamento neuropsíquico e muscular, massagem, hidroterapia, etc.);
– e, também, o indispensável aconselhamento e modificação do estilo de vida (adoção de um modo de vida saudável e o combate do estresse e de hábitos errôneos e insalubres);
Aliás, medicina não se resume apenas em medicação e procedimentos cirúrgicos, mas também na prevenção e na valorosa pedagogia da saúde.
Fitomedicina
Muitas plantas ou ervas medicinais apresentam ação antibiótica significante, como também atividade anti-inflamatória, antialérgica, antibacteriana, antiviral, antifúngica e cicatrizante. O mais interessante é que essas plantas não atuam apenas como antibióticos “naturais”, mas também apresentam atividade imunoestimulatória marcante, o que torna o seu emprego terapêutico justificável e extremamente útil na prática clínica, principalmente quando o assunto é imunidade.
O uso indiscriminado de antibióticos alopáticos, além de causar resistência bacteriológica, dentre outros efeitos colaterais, pode deprimir a imunidade. Quando o uso de antibiótico tornou-se bastante difundido, observou-se imediatamente que as infecções por leveduras (fungos) aumentaram. Os naturopatas recomendam o emprego terapêutico de lactobacilos acidófilos (que podem ser facilmente obtidos pelo consumo de coalhada e iogurte natural) após o uso de antibióticos e corticosteroides por via oral para se refazer a flora bacteriana intestinal (considerada benéfica e saudável, importante para a manutenção do equilíbrio fisiológico dos intestinos) e para o controle da "Candida albicans", cuja proliferação pode causar candidíase.
Além de modernas pesquisas científicas, realizadas em várias partes do mundo, que comprovam diversas propriedades terapêuticas de inúmeras plantas, existe outra grande vantagem em se fazer o emprego dessas plantas: elas são atestadas pelo tempo. Muitas dessas ervas ou plantas medicinais são utilizadas há mais de 5 mil anos pela Medicina Indiana Ayurveda e Tradicional Chinesa (e por outras medicinas, como a praticada na antiga Grécia), um tempo considerado satisfatório para se conhecer de modo apropriado, através de seu emprego clínico, as suas propriedades medicinais e seus efeitos colaterais (quando administradas de forma inadequadas); em contrapartida, muitos fármacos alopáticos, não raro, são retirados das prateleiras, após alguns anos de comercialização.
É comum, notadamente entre os médicos alopáticos, a crença de que os “remédios” botânicos não sejam verdadeiramente efetivos e o desconhecimento de que diversas propriedades terapêuticas de inúmeras plantas medicinais já foram comprovadas através de vários estudos químico-farmacológicos em rigorosos ensaios clínicos, realizados principalmente no exterior. Seria essa “desinformação” mantida pelo desinteresse e, talvez, pela concorrência entre as indústrias farmacêuticas alopáticas? Não é por acaso que a OMS – “Organização Mundial da Saúde” recomenda, já há algum tempo (desde os anos 1960), o uso da fitoterapia e das medicinas tradicionais e alternativas aos seus países membros.
A Portaria nº 971 do “Ministério da Saúde”, de 3 de maio de 2006, aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares e inclui a fitoterapia, a homeopatia, a acupuntura tradicional chinesa e a crenoterapia (uso terapêutico interno ou externo das águas minerais com propriedades medicinais) no Sistema Único de Saúde (SUS).