Meu marido me pressiona para economizar

Questões financeiras podem gerar bastante desgaste na relação. Não se pode mudar o outro, mas é possível contornar o problema, mostrando uma nova perspectiva sobre ele; saiba como

E-mail enviado por uma leitora:

“Meu marido sempre foi controlado com dinheiro, mas com a crise econômica gerada pela pandemia, com a inflação do aluguel e alimentos, ele está paranoico e isso está desgastando muito nosso relacionamento, pois ele faz conta de tudo, querendo economizar, evitando gasto em tudo. Mas isso de forma muito exagerada, mesmo eu ajudando nas despesas. Há um limite para economizar. A vida é dinâmica e precisa de dinheiro para se manter em movimento com despesas de toda ordem, de manutenção disso ou daquilo etc. Gosto muito dele, mas está difícil lidar. O que você me aconselha? Obrigada.”

Resposta: Espero que esteja melhorando a situação de vocês quando escrevo essa resposta.

A minha sugestão é que vocês façam essas contas juntos, até para ver esses exageros de economia. Isso pode ser feito por meio de uma tabela no Excel com o valor monetário que entra todo mês e assim realizar um cálculo de gasto médio por mês com os itens essenciais do dia a dia e as despesas fixas como: água, luz, telefone etc.

Continua após publicidade

Por mais que os itens estejam inflacionados, dá para realizar uma projeção de gastos médios. Nessa tabela insira um valor aproximado que você e ele estimam desses gastos do dia a dia. Dessa forma haveria um dinheiro específico para essas despesas diárias e assim talvez fique bom para todos. Quem sabe, ao ver essas projeções, ele fique mais tranquilo.

Por que alguns economizam demais

Às vezes pessoas que economizam demais é porque já passaram em outros momentos da vida um período de escassez. Esse comportamento de guardar e economizar ao máximo sempre vem com alguma história nesse sentido.

Mas, se a pessoa diretamente não viveu esse período, é provável que algum ancestral tenha passado por isso. Então, como aprendemos através dos nossos cuidadores; e nossos cuidadores tiveram outros cuidadores, e assim sucessivamente… o aprendizado é passado de geração para geração. Logo, é provável que esse comportamento esteja há muito tempo nessa família e tenha aflorado de forma mais abrupta nesse momento de crise.

Conversar com ele sobre isso pode também ajudá-lo a ver se é excessivo ou não o comportamento e entender a origem dele.

Continua após publicidade

Outra questão, é que você disse ajudar nas despesas. Não sei se é seu caso. Mas gostaria de deixar claro para você, ou outras leitoras que não tenham renda fixa (individual) ou ganhem menos que seus maridos; ou então não sejam responsáveis por pagar as contas mais altas.

O real valor monetário de cuidar da casa e dos filhos

Muitas mulheres (elas ainda são maioria, mas isso não dispensa homens) dedicadas às tarefas realizadas no lar, não são percebidas como trabalhadoras. Isso porque elas não ganham uma remuneração para essas atividades. Esse trabalho é chamado de invisível. As mulheres que trabalham com os cuidados da casa, às vezes, não se sentem bem em gastar dinheiro ou até mesmo comprar coisas para si, pois acreditam que o dinheiro é do marido, até porque ele trabalha fora e trás o dinheiro para dentro de casa.

Acreditem mulheres, o dinheiro também é seu, o seu trabalho não vale menos do que o do seu marido, só porque as suas atribuições são cuidar do lar e dos filhos.

Continua após publicidade

Alguns estudos mostram que mulheres, mesmo trabalhando somente dentro de casa, podem ter uma carga horária de trabalho maior que a do homem, mesmo ele trabalhando fora.

Então, não se engane, o dinheiro também é seu e você também trabalha. Dependendo do regime em que forem casados, mesmo sem união comprovada, você, a partir do momento que mora com seu companheiro, tem direitos sobre o que for adquirido.

Atenção!
Esta resposta não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem