Meu marido quer sair pra balada sozinho. O que faço?

Sobre seu marido sentir a necessidade de ir sozinho para a balada, essa situação precisa ser refletida com flexibilidade e equilíbrio; saiba como lidar

E-mail enviado por uma leitora:

“Sou casada há dez anos. Meu marido reclama que sente saudades dos tempos de solteiro, quando saia sozinho para a balada e encontrava os amigos. Ou mesmo de sair sozinho num sábado ou sexta à noite, para ir num bar… sem ter hora certa para voltar… A gente se ama. Quando nos casamos, vim morar na cidade natal dele e infelizmente não consegui criar uma vida social aqui. Não temos filhos. Como lidar com isso? Como o desejo dele é o de sair sozinho… Isso é justo, ele sair e eu ficar em casa? Como lido com essa questão? Me ajuda. Muito obrigada.”

Resposta: Olá. Quando leio sobre a sua pergunta, fico aqui imaginando o processo de mudança de vida. A escolha ou não de se mudar para uma cidade desconhecida é difícil; a solidão e o processo de socialização pode ser complicado. Porém, é necessário para se ter uma vida com qualidade e tentar estabelecer novas relações, sejam elas dentro do trabalho, amizades, entre os vizinhos, entrar em grupos ou comunidades.

Quando temos um único vínculo, como no seu caso, então, no casamento fica realmente difícil entender ou lidar com a necessidade do(a) parceiro(a) ter uma vida social. Já que na sua vida essa é a única relação. Logo, se ele não estiver ali o tempo todo, pode parecer injusto contigo ou com essa única relação. Sempre precisamos manter relações de amizades, familiares etc fora da relação amorosa.

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É comum que cada integrante do casal tenha seus próprios amigos e que façam coisas sozinhos

Quando você menciona vida de solteiro, penso que pode ter dois pontos: primeiro a diversão e socialização com amigos e possibilidades de traição. Porém, quando leio o que perguntou, não percebo que o medo maior seja a traição em si, mas o fato dele desejar ter outras relações além da sua, com amigos por exemplo. É comum que cada integrante do casal tenha seus próprios amigos e que façam coisas sozinhos. Aliás, sempre recomendo que cada membro do casal precisa ter sua vida individual e a vida conjugal.

Sobre como lidar com o fato do desejo dele sair, acredito que não temos muito controle sobre o que o outro deseja, então, por mais que ele não expresse o desejo, isso não significa que ele acabou ou deixe de desejar. O problema é quando você tenta suprir o desejo do outro, sem pensar em seu próprio desejo, ou tenta de alguma forma fazer o outro esquecer ou suprir esse desejo, com coisas que não fazem parte da idealização, é meio que tapar o sol com a peneira, sabe?

Sabe quando estamos com sede, aquela sede que só a água supre? A gente pode tomar água de coco, refrigerante, suco ou qualquer outro líquido, a sede pode até diminuir, porém, a sensação que ela não foi suprida ainda ficará; e enquanto não se toma água, não sacia a necessidade.

Dei esse exemplo porque você pode sair com seu marido, ir nessas baladas, mas isso não vai diminuir totalmente o desejo, pode até amenizar, mas o desejo real dele pode ser a socialização com os amigos e você é a esposa dele. E precisa saber, se o seu único desejo é estar com ele integralmente, para onde foram os seus outros desejos e interesses da sua vida?

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Fazer novos amigos, um curso, atividade física, busca da espiritualidade ou até mesmo viajar e reencontrar seus amigos ou convidá-los para vir na sua cidade, pode ser uma alternativa mais fácil do que lidar com o desejo do outro.

Equilibre a balança para o seu lado

Se você se sente injustiçada por ele sair de casa ou ter a ideia de sair de casa, é porque provavelmente sente que a balança está desequilibrada, que tal equilibrar a balança para o seu lado, ao invés de tirar ou privar o outro? Talvez seja mais satisfatório em longo prazo. Se ele te pede ou dá a entender em situações que você tem que ficar isolada, ou mina as suas relações de uma forma discreta, é provável que você necessite conversar com ele sobre isso, e assim se libertar um pouco desse isolamento.

Ter a vida pautada em uma única relação é complicado, porque qualquer coisa que ameace esse rompimento dá muito medo e insegurança, até porque se ela acaba ou muda, o que será da sua vida a partir disso. Por isso, é importante ter outras relações, outros interesses além da relação amorosa.

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Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem