Pedagogia loganalítica; entenda

por Luís César Ebraico

Já existe uma safra de crianças, filhos de pacientes meus, que cresceram dentro de um ambiente loganalítico. E o que é um ambiente loganalítico? Resumidamente, é um ambiente em que os pais sabem (1) a diferença entre repressão – impedir que alguém EXPRESSE VERBALMENTE o que se passa em seu mundo interno – e retenção – impedir que alguém FAÇA ALGO e (2) que uma boa educação RETÉM, MAS NÃO REPRIME. Essas crianças têm-se revelado impressionantemente inteligentes, centradas e maduras. Os episódios abaixo ilustram isso. Aconteceram quando Jean tinha, respectivamente, quatro e cinco anos de idade e cuja mãe, desde quanto ele completara dois, adotara, na educação dele, uma postura loganalítica.

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1º episódio

CLARA (em vias de separar-se do pai de Jean): – Meu filho, como você está se sentindo com isso de eu me separar de seu pai?
JEAN: – Ah, estou um pouco triste, mãe!
CLARA: – Posso fazer alguma coisa, meu filho!
JEAN: – Não, mãe, pode deixar! Eu agüento!

Isso em um menino de quatro anos! Quem dera muitos marmanjos fossem capazes dessa capacidade de lidar com os próprios sentimentos!

2º episódio

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Cláudia estava num ponto de ônibus com seu filho Felipe, de seis anos, quando uma senhora comentou:

CLARA: – Que neném bonito!
JEAN (de cara feia): – Eu não sou um neném, sou um menino!
CLARA: – Ah, então você já é um homenzinho!
JEAN: – Eu não sou um neném nem um homenzinho, eu sou um menino!

Isso em um menino de cinco anos! Quem dera muitos marmanjos fossem capazes dessa clareza sobre sua própria identidade!

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Vou acrescentar um episódio que aconteceu comigo, quando eu tinha quatro anos. Sem grande vantagem em relação a Jean, pois minha mãe era loganalista avant la lettre.

Eu estava debruçado sobre uma janela do apartamento de minha tia-avó. Ela entra no aposento e grita, apavorada:

ESTER: – MEU FILHO, SAI DESSA JANELA!

EU (saindo da janela e passando por ela): – Quando uma criança estiver numa janela, você não grita, porque a criança pode se assustar e cair lá embaixo!

Fiquei famoso na família.