Quando o assunto na empresa em que trabalha é política e você percebe que é minoria. Há alguma forma de se sair bem nessa situação? Veja dicas práticas para não passar aperto no ambiente profissional.
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“Sou professor e votei em candidato diferente da maioria dos colaboradores do local em que dou aulas. Os alunos até que não me preocupam tanto… Mas uma parcela, não todos, do grupo docente, é ‘barulhenta’, incomoda e me irrita bastante… Em função desse meu posicionamento político já fui retaliado, como por exemplo, para ser chefe de departamento… Ir para a Universidade virou uma lida e sinto-me emocionalmente desgastado e triste. O que preciso fazer para poder lidar com tudo isso? Vocês do Vya Estelar podem me ajudar? Se puderem… fico muito agradecido!”
Resposta: Entendo perfeitamente a sua situação, pois, também passo por ela – ainda que em menor grau. Não é nada fácil não ser respeitado e se sentir a menor parte em determinada situação, no seu ambiente de trabalho ou com colegas da área, isso ainda mais em um local em que você não consegue fugir e que normalmente será obrigado a estar por pelos menos 8 horas diárias.
Aprendi, nesses últimos tempos, o significado de “a fala é prata, enquanto o silêncio é ouro”. A verdade é que em alguns momentos, você terá mesmo que se calar, pois, com determinadas pessoas e públicos, não há o que conversar, devido ao fato de que tudo vai virar um debate, uma discussão, com alguém querendo impor uma opinião sobre o outro. Em ambientes em que você se sente minoria, precisa pensar se vale mesmo a pena comprar essa “briga”.
Com amigos ou colegas mais próximos, quando as opiniões são divergentes, é ideal ter uma conversa franca, estabelecendo limites para que a amizade não seja abalada. Quando há real sentimento de amizade, as coisas podem ser superadas, se ambos quiserem e estiverem abertos.
Quem sabe essa não é uma grande chance para que você possa começar a buscar novos locais, instituições ou até mudança na carreira? Se a situação for insuportável, crie coragem para procurar por novos horizontes! No seu texto você diz que tem sido difícil todo dia estar envolvido nisso. Então, ou você encontra uma forma de lidar com a situação, fazendo com que isso não te abale mais, ou cria estratégicas para sair; não há muita mágica nessa situação, são escolhas.
Você tem a escolha de aprender a lidar de tal forma com isso tudo, que a situação passe a não te afetar mais ou sair desse local e começar em outros, expondo-se menos (sim, eu sei, é difícil, mas às vezes é necessário).
Se você decidir ficar nesse ambiente, acredito que possa buscar nesses colegas que não são tão radicais, nas pessoas que você entende que pensam como você ou que pelo menos agem de forma mais suave, o apoio de que precisa, não para procurar falar desse mesmo assunto, montando o “time do contra”, mas para mudar o foco, falar de outros temas, deixando o diálogo da política ir morrendo. Afinal, quando deixamos claro que não desejamos falar de tal coisa, o outro vai ficar falando sozinho, o silêncio vai imperar ou ainda novos assuntos poderão surgir.
Certamente, mesmo com quem pensa contra, há alguns temas que as opiniões convergem, como outros gostos e hobbies e é nisso que você passará a focar.
Se valer a pena simplesmente se afastar de algumas pessoas e conversar estritamente o necessário, por que não adotar essa medida? Afinal, estamos falando de um local de trabalho, não temos que ser amigo de todo mundo.
Entendo que em alguns ambientes tudo está mais acalorado e que por vezes é necessário que nos isolemos um pouco, não alimentando a polêmica, mas, afastando sua mente disso tudo. A verdade é que nossas opiniões estão imbuídas de crenças, que são tão fortes que são tidas como a única verdade e reformular isso não é tão simples assim. E por isso, minha recomendação é não discutirmos assuntos polêmicos quando não sentimos que estamos em terreno seguro.
Tente ser empático com todos e conversar com aqueles que, mesmo tendo opinião diferente, ainda conseguem dialogar, pois, muitos estão tão inflamados que isso não é possível. Sei de empresas em que as pessoas saíram, literalmente, no tapa, por causa de política e todo mundo foi parar na sala do chefe! Absurda a situação…
Dicas práticas para que você possa lidar com essa situação com sabedoria:
• O ideal é evitar o assunto, conversando sobre política com pessoas que você tem mais intimidade e algum grau de liberdade.
• Ao falar, se dirija a outro de forma não autoritária, imperativa, afinal, política é uma discussão de ideias e opiniões.
• Identifique aquelas pessoas com as quais você deve evitar este tipo de conversa devido ao fato de que uma simples opinião pode se transformar em uma guerra e quando algo for falado, principalmente em tom de provocação, deixe claro que não deseja mais discutir. Afinal, verdade é que não temos que debater e deixar clara a nossa opinião sobre tudo.
• Entenda que discutir política não é uma competição e que você não quer enfrentar essa briga, afinal, você não vai mudar a cabeça de ninguém – e vice-versa.
• Falar por último não significa ter as melhores ideias, assim como usar senso comum e ironia não são as melhores formas de terminar uma discussão política.
• Elevar a voz e tentar monopolizar a conversa não vai te levar a lugar nenhum e não faz você ser visto como mais inteligente ou articulado. Evite mostrar que sabe mais do que os outros ou que é o dono da verdade.
• Discuta temas polêmicos com quem realmente vale a pena, que vai agregar e trazer benefícios para a sua vida.
• Mostre você a maturidade e a inteligência emocional necessária, fugindo dos temas que sabe que não levarão a uma discussão saudável.
• Evite indiretas e brincadeiras, exponha a sua opinião de forma clara, evitando que te interpretem mal.
E por fim, lembre-se do que eu disse no começo: o silêncio é ouro e se você entender que essa á a melhor estratégia, pague o preço pela sua paz, ao invés de querer ter razão…
Se lembre que não há nada errado com o silêncio, muitas vezes ele é a melhor resposta!
Logo esse assunto será substituído por outros, os humores acalmados e você mais sábio para lidar com um novo problema, afinal, não estamos livres deles – e nem dos colegas menos cordatos, infelizmente…
Sinta-se abraçado por mim!