por Anette Lewin
“O que fazer quando se ama um homem casado, com os prós e contras dessa relação sem fundamento, mas ao mesmo tempo se sentindo feliz em ter tão pouco? Sou uma mulher inteligente, tenho doutorado, uma vida estável, sou considerada bonita para os padrões, e não consigo me relacionar com mais ninguém. Gosto de estar com ele, temos muita intimidade, conversamos sobre qualquer assunto e ele sempre diz que somos mais amigos que amantes. Já tentei estar com outros homens, mas não consigo estabelecer a conexão que tenho com ele, com os outros homens. Eu sofro demais com isso. Me ajude!”
Resposta: Se você, como diz, “se sente feliz em ter tão pouco”, é porque acha que não merece ou não consegue ter mais do que isso. Ou porque, ter pouco dá menos trabalho do que ter muito.
A primeira hipótese remete a um problema de baixa autoestima ou insegurança. Você está com um homem que já foi escolhido, testado e aprovado por outra. Isso a isenta de ter que fazer uma escolha e correr o risco de errar.
A segunda hipótese talvez seja a mais comum entre as pessoas que fazem esse tipo de escolha. Ser amante dá menos trabalho do que ser esposa . O relacionamento convencional implica em compartilhar bons e maus momentos. Exige generosidade, renuncia e paciência. Os amantes compartilham apenas alguns momentos, que em geral são repletos de juras, paixão, enfim tudo o que mobiliza…
Algumas pessoas escolhem homens comprometidos achando que vão conseguir tirá-los de suas esposas. Nesse caso, a escolha pode se basear numa necessidade competitiva que supera a necessidade amorosa. Afinal, nem para todo mundo amar é essencial ou prioritário. E assim, podemos levantar uma serie de hipóteses para responder à sua pergunta.
O importante, porém é avaliar o que essa relação significa para você e se você realmente está feliz com sua escolha de ser a eterna amante. Se já procurou outras pessoas é porque não se sente tão completa assim, amorosamente falando, não é? Além do mais, nada garante que essa relação dure para sempre.
Quando alguém diz para você que é mais seu amigo do que seu amante, talvez esteja sinalizando que a paixão já teve seu auge e pode estar na curva descendente. Seu sofrimento pode até estar ligado a essa percepção e aí, cabe a você decidir se quer se afastar por iniciativa própria ou viver a relação até que ela se esgote por desgaste ou pela vontade de seu parceiro.
Lembre-se que você está fazendo uma escolha. Seu perfil não parece ser o de alguém que, como você cita, “não consegue se afastar” ou tem que aguentar algo por falta de opção. Assim, evite, nas suas reflexões, enxergar-se como prisioneira, pois isso você não é. Você apenas está vivendo o que escolheu e a chave para trancar ou abrir a porta está nas suas mãos.