Entenda por que a grande armadilha por trás da insatisfação são as expectativas, que são arbitrárias. Seja flexível com o que pode deixá-lo satisfeito(a); saiba se você é uma pessoa maximizadora.
Os acontecimentos dos últimos meses (a pandemia), assim como as mudanças bruscas que com eles vieram, levaram você, pelo menos uma vez, a se questionar sobre o quê de fato é satisfação e como ela tem se encaixado em sua vida.
Assim, hoje falarei sobre a satisfação e o quanto ela é essencial para que se tenha uma vida plena, feliz e realizada.
Mesmo que você não tenha um excelente repertório musical, já deve ter ouvido o cantor Mick Jagger, vocalista da banda inglesa The Rolling Stones, cantar a música I Can’t Get No) Satisfation – “Não consigo ficar satisfeito”. Só para relembrar, vejamos o trecho inicial, com uma tradução livre:
I can’t get no satisfaction
I can’t get no satisfaction
‘Cause I try and I try and I try and I try
I can’t get no, I can’t get no
Não consigo ficar satisfeito
Não consigo ficar satisfeito
Porque eu tento, e tento, e tento
Não consigo ficar satisfeito
Ao longo da canção, Mick Jagger narra diversas situações com as quais não se satisfaz, mas que, apesar disso, continua tentando encontrar, de alguma forma, essa tal satisfação.
Já ouvimos esta canção tantas vezes, mas nunca paramos para refletir sobre o significado profundo que ela traz. Por exemplo: com que frequência você se questiona sobre o seu nível de satisfação com a vida que leva e com os resultados que tem alcançado nos últimos tempos, seja no âmbito pessoal ou profissional?
Acredito que, devido à quantidade de demandas que precisamos atender, agora imposta pela pandemia, bem como toda a correria do dia a dia, ficamos realmente impedidos de fazer essa reflexão.
Expectativas: não confunda desejo com necessidade
Todos nós temos expectativas sobre nossos relacionamentos, trabalho, renda, bem-estar físico e como vivemos. Mas então tratamos essas expectativas como se elas fossem necessidades: “É necessário que eu tenha um trabalho que seja totalmente gratificante” ou “Eu esperava estar além de onde estou”. O quanto você está preso a essas expectativas sobre o trabalho, sobre os relacionamentos e sobre a vida?
Você é uma pessoa maximizadora?
Algumas pessoas são maximizadoras e esperam que as coisas sejam sempre incríveis, excelentes e as melhores. E outras são pessoas satisfeitas, que esperam que as coisas possam ser boas, mas estão dispostas a aceitar menos do que o perfeito.
As pesquisas sobre maximizadores e pessoas satisfeitas mostram que os maximizadores têm dificuldade em tomas decisões, são menos satisfeitos com os resultados e experimentam mais arrependimento. Qual é o máximo que se pode alcançar, se esse estilo de pensar, esperar e demandar deixa-o infeliz?
Frequentemente tratamos nossas expectativas como se fossem exigências ou regras de vida. Alguém poderia dizer: “Eu esperava já estar casado a essa altura” e não se sente desanimado e derrotado por não ter o que esperava. Ou essa pessoa poderia dizer: “Eu esperava estar adiante em minha carreira neste momento” e assim se sentir fracassada.
Perguntei a uma de meus clientes: “onde foi que você arranjou essa expectativa?”. Ele me olhou como se a pergunta fosse absurda. Jamais havia lhe ocorrido que as expectativas são arbitrárias. Portanto, ninguém nasce com expectativas sobre relacionamentos e trabalho. São as expectativas que você pode ter aprendido com seus pais, na escola ou com seus amigos, mas são totalmente arbitrárias.
Como se libertar de expectativas arbitrárias
Se as expectativas são arbitrárias, então você pode mudá-las a qualquer momento.
Uma maneira de pensar esse conceito, é perguntar como se sentiria se mudasse sua expectativa para se adequar ao ponto onde você está neste momento. Por exemplo, o referido cliente estava desempregado, e sua expectativa era a de que, dentro de seis semanas, tivesse outro emprego. Pedi que ele considerasse a possibilidade de ser mais flexível quanto ao tempo, permitindo-se mais dois meses. A pressão saiu dos seus ombros, e ele então pôde se permitir mais tempo.
Outra forma de pensar sobre expectativas, é imaginar como você poderia ficar satisfeito com o que já tem. A toda hora somos inundados com imagens de pessoas ricas, bonitas e famosas; e quase nenhum de nós estará à altura desses padrões. Não que pessoas ricas, bonitas ou famosas sejam realmente assim tão felizes.
Logo, o que conta não é o que você tem, mas o que você acha que precisa. Mas imagine se você pudesse ficar satisfeito com o que tem neste momento. Por exemplo, há pessoas solteiras, não ricas, não famosas, não bonitas e que não são a alma da festa. Então… algumas dessas pessoas estão satisfeitas? E se você decidisse aceitar alguma satisfação no presente, com o que existe agora na sua vida?
Aqui fica minha dica: ser flexível com o que pode deixá-lo satisfeito, pode libertá-lo de muita turbulência emocional.