por Roberto Santos “
“Primeiramente gostaria de parabenizar o seu trabalho e o direcionamento que você transmite com base na sua experiência. Tenho 27 anos e estive pelo período de cinco anos em uma grande empresa. Porém, não estava feliz com meu trabalho e decidi que era hora de sair. Mesmo com as previsões catastróficas da nossa economia, sai em março desse ano e até agora não consegui minha recolocação profissional aqui na minha cidade; moro em Belém (Pa), estou aguardando uns recebimentos de verbas trabalhistas e estou idealizando a possibilidade de fazer um Mestrado em Marketing em Portugal. Possuo um capital para me descapitalizar e vou tentar aplicar para a bolsa de estudos. O mestrado que pretendendo fazer é em Marketing Internacional e tem duração de dois anos. Gostaria de saber a sua opinião. Minha família não apoia a ideia devido ao conservadorismo e estabilidade do concurso público, mas não me vejo como um concursado. Porém, apesar da pouca idade, já me preocupo com a minha estabilidade financeira futura. Sei que dinheiro não é tudo, quero fazer uma escolha que me propicie satisfação e consequentemente um retorno. Sei que é difícil tomar uma decisão de ficar dois anos longe de família, amigos, namorada…”
Resposta: Tenho que retribuir seus parabéns por sua postura madura e leitura objetiva de sua condição atual e seu futuro para sua idade.
A crítica situação econômica de nosso país provavelmente perdurará por pelo menos dois anos – tempo que coincidiria com o mestrado que você pretende fazer. Há tempo de plantar e tempo de colher e esse “plantio” de conhecimentos, competências e experiências de vida e de trabalho (mesmo que informal) em outro país, certamente, permitirá colher frutos no seu devido tempo – frutos que dificilmente conseguiria permanecendo em sua cidade ou país.
Sempre recomendo um “zoom-out”, ou seja, como você tomasse um binóculo ao contrário para olhar sua trajetória pessoal e profissional até o presente e projetando para os próximos 27 anos. Essa perspectiva de longo prazo lhe servirá para avaliar onde você (negrito proposital) quer chegar e a melhor forma para chegar lá, por suas pernas, braços, coração e mente – não a de familiares.
Aparentemente, a estabilidade de um emprego público com aposentadoria garantida (será?) não é o destino que lhe empolga. Quando você conta que saiu de um emprego em uma grande empresa porque não lhe trazia satisfação, revela que você tem vocações, aspirações sobre o que quer para seu futuro e estas são as vozes que talvez sejam prioritárias para serem ouvidas neste momento. Se repassar os últimos 5 anos provavelmente eles devem ter passado rapidamente se você os viveu intensamente. Algo semelhante vai acontecer em dois anos fora do país, enquanto o mundo do emprego público brasileiro que você vai deixar, estará evoluindo numa velocidade inversamente proporcional.
O sucesso no trabalho neste Século XXI depende de se conectar com o que gostamos de fazer e sabemos fazer bem (ainda que em aprimoramento constante) e o mercado para se trabalhar se abre mais facilmente para aqueles que têm esse diferencial – fazem o que lhes traz satisfação por isso fazem mais e melhor – e o resto é consequência.
BOA VIAGEM!