Preguiça para arrumar namorado e ao mesmo tempo sofrer com solidão

Você não é obrigada a arrumar um namorado, pode escolher ficar sozinha ou pode escolher ter vários relacionamentos, paralelos ou sucessivos, para preencher suas necessidades amorosas; saiba como lidar com essa situação

E-mail enviado por uma leitora:

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“Estou solteira e me sinto muito cansada só de pensar em começar algum tipo de relacionamento, até mesmo ir no primeiro date. Ou mesmo beijar alguém em uma festa, agora que a pandemia começa a entrar em outro momento. Eu me sinto exausta principalmente pela liberdade de escolha com as diversas ofertas nos apps de relacionamento também… Isso tudo me causa um mal-estar e no final acabo não tendo vontade de fazer nada para arrumar um namorado. E pensão que se entrar num relacionamento, embora sofra por estar sozinha, terei que abrir mão da minha liberdade para me dedicar a uma relação, caso arrume um namorado. Estou sofrendo… Será que isso tudo pode estar afetando minha saúde mental. Como saio disso? Me ajuda! Obrigada.”

Resposta: Pois é, cara leitora… a pandemia trouxe muita coisa ruim, mas acabou ajudando as pessoas no sentido de fazê-las refletir sobre o que realmente querem.

Você passou dois anos sem namorado e, pelo que escreve, não foi tão ruim. Ou, pelo menos justificou seu estar só usando a pandemia como argumento. Agora que a pandemia está acabando não tem mais “desculpa”. Se continuar sozinha a escolha será sua. E aí vem a pergunta: você realmente quer um namorado? Você realmente quer viver a dois? Você é obrigada a seguir o padrão vigente? Ainda bem que você está abrindo os olhos e enxergando os contornos de sua liberdade de escolha! Certamente, independentemente da decisão que tomar, ela será mais amadurecida, mais consciente e mais realista.

Por que essa relação entre preguiça de arrumar um namorado e sofrer com solidão?

Você tem consciência que a vida a dois implica em abrir mão de parte dessa liberdade que você tem. Parte dela, não toda. Quando você diz que “sofre” por estar só, mas contrapõe esse sofrimento à diversidade de escolha que existe nos apps de relacionamento, levanta-se a seguinte questão: seu sofrimento liga-se à solidão ou à imposição de uma relação monogâmica que é a relação vigente em nossa sociedade?

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Você não é obrigada a ter um namorado ou pode escolher ter vários relacionamentos, paralelos ou sucessivos, para preencher suas necessidades amorosas?

Sim, todas essas questões podem levá-la a um conflito. Mas conflitos não precisam, necessariamente, afetar a saúde mental de ninguém. Basta entender que muitas vezes os conflitos acabam se resolvendo na prática e não na teoria. Embora agora você esteja com uma certa resistência a sair da redoma da pandemia, em algum momento o impulso em direção ao novo virá. E o acaso certamente interferirá nos seus novos encontros.

Aproveite a liberdade da solidão

Assim, o melhor a fazer é respeitar seu tempo, e aproveitar a liberdade da solidão, enquanto ela estiver servindo para aprofundar o contato com você mesma.

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Relacionar-se amorosamente pode trazer boas sensações, mobilização, planos e, principalmente, a construção de uma família. Mas casamento ou namoro formal não é para todo mundo. Principalmente porque o casamento ainda está associado a uma imagem romântica que se desfaz muito rapidamente no cotidiano. Quem não tiver consciência do caráter efêmero da paixão, sofrerá muito quando ela evaporar. E ela evapora. Podendo se transformar em algo leve e agradável, se os envolvidos forem conscientes, ou em algo pesado e inviável se os envolvidos se relacionarem apenas com seus sonhos pessoais.

Então, evite entrar em pânico ou se forçar a fazer aquilo que não tem vontade. Espere o momento certo e preserve sua liberdade de escolha. Ela, certamente, fará com que você entenda que a sua própria companhia pode e deve trazer um preenchimento afetivo confortável, independentemente de estar ou não vinculada a um parceiro amoroso.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

É psicóloga graduada pela PUC/SP. É psicoterapeuta de adultos e adolescentes em consultório particular desde 1975 até a presente data. É coach em saúde mental. Vya Estelar quer colocar você, querido leitor(a), ainda mais pertinho de nós. A psicóloga Anette Lewin responderá perguntas enviadas por você sobre relacionamento amoroso, conflitos na vida a dois e conjugal. Esta resposta possui dois formatos: 1º formato: responder as perguntas enviadas por você; 2º) formato: extrair uma palavra em específico de uma pergunta que você enviou (ex: traição). E partir desta palavra, revelar o significado do que sentimos ao nos relacionar. Seu nome e e-mail serão preservados.