Prisão de ventre: como tratar?

Prisão de ventre crônica: saiba o que você pode fazer para lidar com esse problema que prejudica a qualidade de vida

A prisão de ventre é um problema desconfortável e inconveniente que atinge pelo menos 20% da população mundial.

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Constipação intestinal (prisão de ventre) é um dos distúrbios de saúde mais relatados, afetando uma em cada cinco pessoas mais jovens e um em cada três idosos, de acordo com os órgãos de saúde. Mulheres são as que mais sofrem essa disfunção. A normalidade abrange movimentos intestinais entre três vezes por dia e três vezes por semana. Se for necessário um grande esforço para evacuar, com fezes duras, ressecadas ou em forma de pequenas bolinhas, isso também sinaliza constipação.

Prisão de ventre: sintomas desagradáveis

Embora seja normal ter problemas ocasionalmente, especialmente quando estressado ou viajando, outra coisa é experimentar uma diminuição na qualidade de vida devido ao baixo desempenho no banheiro. Além disso, diversos sintomas podem perdurar o dia todo, incluindo inchaço, gases, dor abdominal ou lombar, e até ansiedade ou fadiga. Muito dinheiro é gasto em laxantes e prescrições para ajudar a tratar essa questão digestiva. No entanto, a prisão de ventre é muitas vezes evitável e existem formas naturais para ajudar a melhorar a função intestinal.

Disbiose intestinal

O tempo de trânsito é fator-chave em um sistema digestivo saudável – a comida tem que percorrer 8 metros de intestino até sair do outro lado. Quando os dejetos alimentares se movem muito lentamente ao longo do intestino grosso, o bolo fecal é excessivamente fermentado por micróbios e o longo tempo de trânsito pode favorecer a predominância de espécies bacterianas negativas. Essas espécies então liberam toxinas que aumentam os níveis de inflamação intestinal e sistêmica. Este processo é conhecido como disbiose intestinal, levando ao “leaky gut” ou intestino permeável, permitindo o vazamento de bactérias e moléculas grandes para a circulação sanguínea, criando uma série de transtornos de saúde.

O peso da idade

O ato de defecar é um processo complexo e coordenado que integra múltiplos sistemas fisiológicos, incluindo sistemas neuromusculares, hormonais e cognitivos, com quatro fases (basal, pré-expulsiva, expulsiva e final) e começam até uma hora antes da eliminação final. Idosos sofrem mais com constipação por alterações na mecânica intestinal compatíveis com a idade, maior uso de medicamentos e presença de comorbidades.

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Medicamentos

Muitos fármacos podem atrapalhar a fisiologia intestinal e predispor à constipação: laxantes, sequestradores de ácido biliar (para reduzir o colesterol), analgésicos opioides, anti-inflamatórios, antiácidos (omeprazol e outros ‘prazois’), anti-hipertensivos (bloqueadores de canais de cálcio, betabloqueadores), diuréticos, antiarrítmicos, drogas para insuficiência cardíaca, anticonvulsivantes (gabapentina, fenitoína, pregabalina), drogas anti-Parkinson, antiespasmódicos (cólicas), antieméticos (náuseas, vômito), antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, lítio, anti-histamínicos, antibióticos, suplementos de ferro, quimioterápicos e outros mais.

Doenças e fatores associados

Dentre as enfermidades associadas e fatores psicossociais, as mais comuns são doença inflamatória intestinal, má absorção intestinal (doença celíaca, insuficiência pancreática), diverticulose, câncer colorretal, megacólon, malformações anorretais, Parkinson, esclerose múltipla, AVC, ansiedade, estresse psicológico e físico, depressão, abuso sexual, distúrbios alimentares, transtorno obsessivo compulsivo, diabetes, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, menopausa, gravidez, desidratação, inatividade física, má alimentação, falta de privacidade, falta de tempo.

Hábitos alimentares

Prisão de ventre crônica é um fator de risco que pode impactar a saúde, e os hábitos alimentares têm forte influência no tempo de trânsito do bolo fecal. Para aumentar a velocidade da passagem da comida pelo intestino, faça uma dieta rica em fibras (folhas, frutas, legumes, feijões, cereais integrais, sementes), consuma alimentos fermentados (kefir, kombucha, iogurte, chucrute) e beba muita água. Ingerir gorduras de qualidade é importante para ajudar a lubrificar o bolo fecal. A atividade física também contribui neste processo.

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Referências:

*Nature 2021. Understanding the physiology of human defecation & disorders of continence & evacuation.
*Lancet 2020. Functional gastrointestinal disorders: advances in understanding & management.
*Neurogastroenterology & Motility 2021. Gut Microbial Dysbiosis in the Pathogenesis of Gastrointestinal Dysmotility & Metabolic Disorders.
*Journal of Applied Microbiology 2020. Gut dysbacteriosis & intestinal disease: mechanism & treatment.
*Nature 2021. Impact of commonly used drugs on the composition & metabolic function of the gut microbiota.
*European Gastroenterology Journal 2016. Chronic constipation & co-morbidities.

Médica especializada em Nutrologia. Membro da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia. Pós-graduada em Terapia Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia. Membro Titular da Sociedade Médica Brasileira de Intradermoterapia. Consultora com atuação em Nutrologia e Medicina Ortomolecular. CRM 52 301716 www.tamaramazaracki.med.br