por Gilberto Coutinho
Situado a cerca de 150 milhões de quilômetros da terra, o Sol é uma esfera de gases incandescentes que emana energia na forma de radiação eletromagnética ou ultravioleta (UV).
Durante sua evolução, o organismo humano se desenvolveu para viver em contato com o ar puro e a luz do sol. O banho de sol pela manhã, até às 10 horas, é favorável à saúde e ajuda a pele a desempenhar suas funções fisiológicas.
A luz solar é essencial à preservação do calor e da vida em nosso planeta. Quando moderada, faz bem aos seres vivos. A ação dos raios solares sobre a pele (epiderme) aquece, confere uma sensação de bem-estar, ativa a circulação sanguínea e estimula a produção da vitamina D, que protege o organismo contra o raquitismo.
Entretanto, por causa dos buracos na camada de ozônio estratosférico, provocados pela poluição, indústrias químicas, a emissão do CFC (cloro flúor carbonos) e pelo desmatamento, todas as formas de vida do planeta encontram-se expostas à radiação nociva (ultravioleta), sem qualquer proteção, o que pode causar mutações no núcleo celular e diversas doenças.
O CFC é um composto produzido pelo homem, feito de cloro, flúor e carbono. A sua produção teve início na década de 1930 com o desenvolvimento da refrigeração; seu uso era limitado antes da Segunda Guerra Mundial. Desde então, vem sendo intensamente utilizado como componente na produção de aerossóis, na indústria de ar-condicionado e em diversas outras produções.
Expor o organismo de forma inadequada à radiação solar pode causar danos irreversíveis à saúde. No Brasil, o câncer de pele é o mais frequente, o que corresponde a cerca de 25% de todos os tumores malignos diagnosticados.
Existem vários tipos de ondas eletromagnéticas provenientes do sol que chegam até a superfície terrestre, que variam de comprimento e espectro de luz. Os raios cósmicos não atingem a superfície de nosso planeta.
A radiação solar divide-se em três categorias
• Radiação UV-A (também conhecida como “luz negra” ou “onda longa”): apresenta intensidade constante durante todo o ano; tal radiação é mais intensa entre 10h00 e 16h00; responsável pelo bronzeamento da pele, penetra as suas camadas mais profundas e é considerada um dos principais fatores responsáveis por manchas, envelhecimento precoce, fotoalergias e câncer de pele. Acredita-se que essa radiação provoque menos câncer do que a radiação UV-B, no entanto causa melanoma cutâneo, um tipo de câncer muito mais perigoso do que os outros, devido à possibilidade de ocorrerem ramificações (metástase); muitos filtros solares não conseguem bloqueá-la, daí a necessidade de atenção na escolha de um bom filtro de proteção solar.
• Radiação UV-B (“onda média”): de incidência muito maior no verão, principalmente entre as 10h00 e 16h00, em altas altitudes e próximos à linha do Equador; penetra superficialmente a pele; é responsável pelas queimaduras solares (eritemas), muitas vezes acompanhadas por lesões bolhosas, o que predispõe à formação de pintas, alterações celulares, envelhecimento precoce e alguns tipos de câncer de pele (com a exceção do melanoma); estimula a produção de vitamina D, essencial ao desenvolvimento normal dos ossos e dentes; promove a absorção do cálcio após a exposição moderada e saudável à luz do sol, o que previne a osteomalacia e a osteoporose; essa radiação é quase totalmente bloqueada por bons filtros solares.
• Radiação UV-C (“onda curta”): é a mais perigosa, potencialmente mais carcinogênica do que os UV-B. Essa radiação é absorvida, pela camada de ozônio, no entanto, devido à sua destruição, tem ocorrido um aumento de sua incidência sobre o planeta.
A maior parte da radiação ultravioleta emitida pelo sol é absorvida pela atmosfera terrestre. 99% dos raios ultravioletas que alcançam a superfície do planeta são do tipo UV-A. A radiação UV-B é parcialmente absorvida pelo ozônio da atmosfera, e a porcentagem que chega à terra é responsavel por causar danos à pele. A radiação UV-C é absorvida pelo oxigênio e o ozônio da atmosfera.
As pessoas de pele clara que se expõem ao sol de forma frequente e prolongada constituem o grupo de maior risco de contrair câncer de pele.
O sol atinge sua altura máxima, quando se encontra no alto do céu, por volta do meio-dia; posição conhecida como zênite; então, a energia, ou a radiação ultravioleta, que atinge a superfície terrestre é máxima. Por isso, deve-se evitar a exposição prolongada à luz do sol nos intervalos das 10h00 às 16h00. A altura do sol é mínima, quando ele se põe no horizonte, o ocaso; então, a energia que chega até a superfície terrestre é mínima.
Na praia, ou piscina, o fato de uma pessoa não ter ficado vermelha durante, ou após, a exposição à luz do sol não significa que não tenha sido atingida de forma danosa pela radiação UV-A, o que a predispõe ao envelhecimento da pele, a rugas prematuras, a manchas e até a câncer de pele.
Pesquisas modernas revelam que a exposição prolongada e excessiva durante os primeiros 10 até 20 anos de vida aumenta muito o risco de se contrair câncer de pele; a infância é a fase mais vulnerável aos efeitos deletérios da radiação solar. Em geral, as crianças e os jovens se expõem ao sol três vezes mais do que os adultos.
Considerando-se que os danos ocasionados devido a uma exposição frequente e prolongada ao sol sejam acumulativos, é importante que se tomem cuidados especiais desde a tenra infância: evitar os raios solares mais intensos (das 10 às 16 horas); fazer uso frequente e adequado de filtros solares com fator de proteção (FPS) 30, durante as atividades ao ar livre; usar óculos escuros com proteção contra UV-A e UV-B, chapéus e guarda-sóis.
O clima tropical, a existência de praias, piscinas, cachoeiras, a ideia da beleza associada ao bronzeamento e o trabalho rural favorecem a exposição excessiva à radiação solar.
Nas câmeras de bronzeamento artificial, a emissão dos raios ultravioletas pode ser 10 vezes maior que a radiação proveniente do sol, o que contra-indica esse tipo de tratamento, não obstante existir uma propaganda sedutora em torno disso.
Recomendações
Mesmo as pessoas de pele morena e negra podem desenvolver câncer de pele; por isso, devem evitar a exposição prolongada ao sol e fazer uso de protetor solar.
Para a pessoa ter e conservar uma pele saudável, bonita e jovial por mais tempo, é necessário que pratique algumas recomendações, além da adoção de hábitos alimentares saudáveis:
• Hidratar o corpo, bebendo uma quantidade adequada de água. Não fumar e não consumir bebidas alcoólicas, para evitar um aspecto envelhecido e manchas de pele.
• Fazer uso de filtros solares, preparações de uso tópico que ajudam a neutralizar os efeitos deletérios da radiação solar.
• As crianças devem ser educadas de modo a se protegerem da radiação solar desde cedo. Devem usar foto-protetores adequados e ser expostas à luz do sol em horários menos perigosos.
• Nem todos os filtros solares oferecem proteção total contra os raios UV-A e UV-B. Deve-se escolher um que também proteja contra os raios UV-A (de amplo espectro), hipoalergênico e não-comedogênico (não formadores de cravo). Deve ser à prova de água e suor, para a prática de esportes.
• Ter em mente que os raios solares são mais fortes nas montanhas, em baixas latitudes e perto da linha do equador.
• O protetor solar não deve ser utilizado sob o pretexto de se aumentar o tempo de exposição ao sol e de se estimular o bronzeamento.
• Filtro com FPS 30 durante a exposição ao sol é recomendável. Os danos solares ocorrem a cada exposição e seus efeitos maléficos são acumulativos.
• Mesmo nos dias nublados e dentro de automóveis, é aconselhável o uso do filtro.
• O uso de chapéu com aba e de óculos de sol com lentes anti-UV confere uma proteção de quase 100% da radiação ultravioleta nos olhos.
• Os olhos são órgãos sensíveis e suscetíveis à ação dos radicais livres e da radiação solar, que podem causar lesões, doenças degenerativas e até cegueira; por isso, não se deve olhar diretamente para o sol.
• O uso de cremes ou óleos bronzeadores pode aumentar os riscos de se contrair câncer, dentre outras doenças de pele.
• Os filtros solares devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicados após: a natação, o suor, o secar-se com toalhas e a permanência por mais de duas horas ao sol.
• Orelhas, lábios, pescoço, dorso das mãos e dos pés e couro cabeludo, onde há pouco cabelo, são regiões do corpo que, expostas ao sol, devem ser protegidas pelo filtro solar.
• O protetor solar não garante segurança total, daí a recomendação de se evitar a exposição prolongada ao sol. Muito cuidado com os bebês e crianças, lançando mão sempre de guarda-sol, chapeuzinho e protetor solar adequado e hipoalergênico.
• A radiação UV-B é mais intensa entre 10h00 e 16h00, por tal razão deve-se evitar a exposição solar durante esse período.
• A radiação UV-A causa envelhecimento precoce e acredita-se estar relacionada ao desenvolvimento do melanoma maligno.
• Neve, areia branca e grandes altitudes requerem cuidados extras e uso de protetor solar.
A exposição frequente e prolongada ao sol pode causar:
• Eritemas (queimaduras solares e lesões bolhosas na pele).
• Envelhecimento precoce.
• Manchas e dermatites (inflamações da pele).
• Desidratação.
• Câncer de pele, inclusive o melanoma (tumor maligno que mais frequentemente acomete a pele e o olho).
• Lesões, catarata e outros problemas oculares.
Autoexame de pele
É aconselhável fazer regularmente o auto-exame da pele, procurar imediatamente auxílio terapêutico/dermatológico, no caso de qualquer alteração suspeita: manchas que coçam, descamam e/ou que sangram; sinais ou pintas multicoloridas, e/ou que mudam de cor, forma e tamanho; feridas que não cicatrizam por mais de 4 semanas.
O câncer de pele, quando detectado e combatido precocemente e de forma adequada, apresenta grandes chances de cura. A prevenção das doenças é o melhor de todos os tratamentos. A naturopatia muito pode auxiliar na prevenção e no combate efetivo das afecções da pele (dermatoses), inclusive o câncer.