Seu constante exercício de aprendizado e reconstrução, o maior desafio da experiência humana, é feito quando você troca as lentes e muda a forma como se vê, criando redesenhos de sua forma de existir no mundo (autoconhecimento!), a partir das suas percepções do que chega a você por: pensamentos, gatilhos emocionais e acontecimentos…
Somos resultado do que aprendemos desde a mais tenra idade. Nossa impressão do mundo, nossos valores, sonhos, ideias, medos, esperanças… Tudo enfim que sentimos e que pensamos é fruto do modelo de mundo que herdamos. Isso não é certo nem errado, apenas é assim.
Ao compreendermos e aceitarmos essa premissa estamos prontos para redesenhar nossa realidade. Recebemos lentes para ver a vida e essas lentes foram forjadas dentro dos limites de visão de nossos antecessores. Vivemos um mundo que é resultado do alcance que os nossos ancestrais chegaram.
O papel que cabe a cada nova geração é expandir o paradigma, ampliar a lente, para que novas e maiores possibilidades estejam disponíveis. E aqui já entramos na seara vocacional, pois transcender paradigmas é a vocação de cada nova geração.
Como uma * vocação geracional a expansão da percepção é uma tarefa que cada indivíduo precisa realizar em seu cotidiano, repensando padrões, redefinindo conceitos, duvidando de certezas há muito estabelecidas e de tudo o que reproduzimos sem reflexão.
É através desta tarefa que vamos também ampliar nossas possibilidades individuais, reconhecendo potenciais e talentos que, por vezes, sequer foram identificados como tal. Tudo o que conhecemos hoje como realidade social é fruto do engenho humano, da capacidade de criar, organizar e implementar sonhos, realizar aquilo que não existia, mas que o gênio humano faz brotar no mundo.
Sendo assim, cabe a cada um de nós o exercício do rever, repensar e recriar continuamente. Essa divertida tarefa ao ser entendida e assimilada pode nos conduzir para a seara mais específica de nossa vocação individual, onde vamos identificar e aplicar talentos para revelar dons, que nos destacam e, ao mesmo tempo, nos integram, na grande teia da comunidade humana.
Considerando que nossa tarefa genérica é avançar para além das fronteiras que as gerações anteriores estabeleceram e que isso nos levará ao encontro de nossa própria vocação, é fundamental realizar o exercício de abertura para novas possibilidades.
Além da sua realidade: transcender
Para podermos transcender o estado de realidade em que nos encontramos, precisaremos, como primeiro passo, reconhecer: o que vemos e vivemos não é a “verdade absoluta”, mas uma versão de realidade criada no limite de percepção formulado por cada um.
Se não aceitarmos esse conceito, não seremos capazes de fazer a devida revisão para a expansão e atualização do modelo de mundo. Estamos vivendo dentro de uma forma de realidade e podemos escolher qualquer outra forma, só nos cabe perceber a forma que nos contém.
Enquanto acreditarmos que a vida é exatamente como a conhecemos, não seremos capazes de fazer nada diferente. Contudo, não basta duvidarmos de algumas coisas, precisaremos nos abrir para um exercício investigativo consistente e nos perguntar acerca de tudo.
O cabeleireiro que você frequenta utiliza um modelo de negócio para funcionar, a padaria em que você compra o pão todos os dias, a igreja ou templo de sua fé, a escola onde você estudou, tudo foi criado a partir da ideia de alguns indivíduos, ou não? Será que sempre foi assim? Isso tudo é fruto de alguma lei da natureza que faz as coisas serem como são? Mas, então por que as coisas se modificam? Quem as modifica?
5 qualidades do grande aprendiz
É preciso desenvolver a mente científica que nos habita e nos tornarmos pesquisadores de modelos de mundo. O maior exercício para aprendizagem é se abrir para as cinco qualidades do grande aprendiz:
1ª) abertura;
2ª) interesse;
3ª) curiosidade;
4ª) ausência de preconceito;
5ª) ausência de julgamento.
A abertura para o novo, o interesse por todas as coisas, a curiosidade para formular perguntas, a ausência de preconceito para conhecer em profundidade e a ausência de julgamento para não aprisionar nada em um rótulo. Ao colocar essas qualidades em prática aprenderemos sempre mais e mais rapidamente e isso vai facilitar todo nosso processo de autoconhecimento, que é a base para o reconhecimento de nossas vocações, dons e talentos.
É preciso ter clareza de que nada está separado, tudo está em intensa e constante interligação e ao fazermos um caminho percorreremos vários a um só tempo. Ao trabalharmos o corpo, relaxamos a mente e esvaziamos as emoções. Ao aprendermos sobre a realidade, descobrimos mais sobre nós mesmos. Ao buscarmos a mudança encontraremos nossas vocações. Continuaremos o assunto no próximo artigo. Por enquanto, vai refletindo sobre isso.
* Vocações que eclodem a partir de mudanças culturais e aí muitos costumam seguir a onda, mesmo quando não é a deles.