Entenda por que a monogamia foi historicamente tão importante para a nossa sobrevivência e por que em tempo ancestrais era mais natural ser monogâmico
E-mail enviado por uma leitora:
“Acabei de ler uma matéria na internet sobre uma garota de 23 anos. No seu segundo casamento, ela conseguiu convencer o seu marido sobre a prática do poliamor e que deu certo.
Ela fala que a monogamia é uma imposição sociocultural vinculada ao mito do amor romântico,. Para ela, a monogamia é antinatural. Então, seríamos monogâmicos por conta dessa imposição e não por uma ‘opção natural’?”
Resposta: Muito interessante e polêmica a sua pergunta. Vou te responder através da teoria da psicologia evolucionista.
A monogamia é algo natural da espécie humana. Aliás, desde a época das cavernas, as relações amorosas/sexuais têm esse caráter.
Nossos ancestrais na pré-história, viviam em cavernas com sua família. Dessa forma, para garantir a propagação da espécie e dos genes, a genitora ficava com sua prole (filhos) enquanto o genitor saia para caçar e buscar alimentos. Por isso, acontecia de certa forma um pacto entre ambos. Assim o homem era responsável em trazer alimento para sua prole e a mulher responsável pelos cuidados da prole. Afinal, conseguiria se imaginar alguém arriscar a sua vida para trazer alimentos para filhos que não os seus?
Por que historicamente a monogamia foi importante
Embora hoje a monogamia pareça demodê, ela foi muito importante para a sobrevivência, desenvolvimento e evolução da espécie humana.
Por meio da monogamia foi possível preservar aspectos da saúde física e mental. Através da monogamia preservou-se a difusão dos genes e a perpetuação da espécie. Ademais, algumas religiões também acreditam que a melhor forma de se viver amorosamente é por meio da monogamia. No entanto, outras aceitam casamento de um homem com várias esposas. Mas não é comum uma mulher ter vários maridos. Isso ocorre talvez por aspectos culturais e até mesmo por questões de diferenciação de gênero. Desse modo, nesse contexto sociocultural: (homem manda, mulher serve/ homem pode engravidar várias mulheres). Assim, nós como humanos, mesmo ateus, sabemos o quanto a religião influencia nas decisões das pessoas.
A monogamia também tem influência da nossa cultura. Na época do romantismo (séculos XVIII e XIX), as relações monogâmicas tinham o seu glamour. Assim as declarações de amor e a promessa do amor eterno marcaram época. Mas cá para nós, a expectativa de vida nesses séculos era baixa. Portanto, jurar amor eterno fazia a pessoa se comprometer por pouco tempo.
A história é importante para a gente entender o hoje e por que as coisas são assim e não de outro modo. O que quero dizer é que por anos a monogamia foi e ainda é a forma de relação mais prevalente na sociedade. Mas poderíamos aqui listar outras teorias e pensamentos. No entanto, entendo que esses já sejam o suficiente.
Mas… e hoje?
Todavia podemos pensar que hoje a comida está a poucos passos de nós. Também, a capacidade crítica foi desenvolvida e a religião pode ser questionada (de certa forma). Aliás, hoje existe exame de DNA e mais recursos para a saúde. Ademais, a expectativa de vida subiu. Então, torna-se mais fácil não ser monogâmico. Podemos sim fazer rearranjos na forma de se relacionar. No entanto, isso não quer dizer que para ser feliz, você precisa aceitar o poliamor ou outra forma de relação. Inclusive, não existe relação certa ou errada. O que existe é a relação em que você se sente confortável em se relacionar. Isso é o mais importante.
Na sua pergunta, essa moça de 23 anos diz que a monogamia é algo imposto. Por outro lado, falar que o poliamor é o certo, e que isso é a felicidade, também é uma imposição da experiência dela. Se ela se descobriu num tipo de relação que lhe faz bem, que bom. Porém, isso não significa ser o certo ou o errado, mas o que seja bom para ela. Enfim, veja o que faz mais o seu estilo. Analise se está disposta a abrir para outros tipos de relação. Isso é mais importante do que discutir o que é certo ou errado. Por conseguinte, o importante é se ver feliz na relação. Se as suas relações não estão dando certo, talvez não seja o tipo (monogâmica ou não), mas sim como essa relação se estabelece entre você e o outro.