por Roberto Shinyashiki
Quem morou no exterior conhece os desafios de adaptar-se a um novo país: a língua que geralmente não se domina, os valores de outra cultura, os costumes diferentes, as reações inusitadas das pessoas, a descoberta de lugares interessantes e outros a serem evitados, os meios de locomoção, entre outros.
O processo de integração de um recém-nascido ao mundo assemelha-se à adaptação em um país exótico e distante. O novo ser humano precisa adaptar-se e aprender a viver com regras e valores já estabelecidos e relacionamentos já estruturados. E, pior, vê-se cercado de gigantes que se comunicam emitindo sons estranhos e muito parecidos (depois ele descobrirá que se trata da língua). Dependendo do que ele faz, esses gigantes sorriem ou ficam bravos, e às vezes até gritam.
A criança também tem reações e necessidades que ela mesma precisa conhecer e com as quais deve aprender a lidar: são as carências, que cessam com alimento, carinho, sono ou colo. Ela se descobre em um mundo cheio de acontecimentos que às vezes têm lógica e outras não. Percebe-se dentro de um universo que necessariamente tem de compreender, pois não há chance de voltar a seu país de origem.
Ser pai de uma criança é apresentá-la a si mesma e ao mundo com carinho, atenção e respeito.
Existem anfitriões que convidam pessoas e depois as abandonam. Cicerones que não apresentam bem a cidade porque não conhecem os lugares. Há outros que obrigam os visitantes a ir somente a locais de seu próprio interesse. Mas há os que, com dedicação, mostram os lugares realmente interessantes, explicam os costumes vigentes e depois deixam as pessoas à vontade para descobrir sua maneira própria de ver a cidade ou o país.
Ser pai é apresentar ao convidado não só o mundo e as pessoas, mas também a ele mesmo seus sentimentos, seu jeito de ser, de agir e depois, respeitosamente, deixá-lo escolher a melhor maneira de curtir sua viagem no planeta.
Que tipo de anfitrião você tem sido? Espero que sua meta seja mostrar a seu filho os diferentes aspectos do mundo e respeitar-lhe o direito de escolher o melhor caminho.