Sexo ruim em relações longas: como lidar?

Quando o sexo cai de qualidade, gerando incômodo para um dos membros do casal, isso pode gerar sentimentos e comportamentos perturbadores em resposta ao clima de silêncio que já pode estar ocorrendo há algum tempo

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“Estou num relacionamento há menos de 5 anos. Meu marido é um homem simples com pouco conhecimento. Sempre conversei ou pelo menos tento conversar com ele algumas coisas sobre nossas vidas. Mas ele é um tanto ignorante e não quer conversa.  Fala que não adianta conversa, que o mais importante e o que está no coração, sentimentos.  E nossa vida sexual vai cada dia pior. Desde que estamos juntos, que eu descobri que ele sempre vê filmes pornô… com novinhas. Vive se masturbando.

Até um ano atrás, ele era tão ligado ao sexo, que se eu aceitasse, era umas três vezes à noite até o amanhecer do dia. E de um ano para cá, ele não anda tendo ereção pra fazer sexo comigo. Mas tem um detalhe, ele não funciona na posição de papai e mamãe, mas de quatro contínua com o mesmo desejo. E é de papai e mamãe que eu gosto. Aí vem a pergunta: por que meu marido diz não está conseguindo ter ereção comigo, mas ele tem ereção normal na masturbação e comigo de quatro?”

Resposta: Cara leitora: você parece nos descrever uma situação de desencontros de expectativas a dois, com aspectos na vida íntima que vêm se desdobrando negativamente desde o início do seu relacionamento.

Primeiramente, vale salientar que a masturbação com consumo de vídeos eróticos ou pornografia pode ser uma parte normal da sexualidade de muitas pessoas, inclusive das que têm relacionamentos estáveis. Assim como, cada um pode ter o seu próprio ritmo sexual. Da mesma forma, que preferências de cada pessoa por posições durante a intimidade podem variar ou variar mais para uma do que para a outra ao longo da convivência.

Sexo ruim em relações longas: a saída é o diálogo

Todavia, quando há incômodo para um dos membros do casal sobre qualquer um desses pontos, isso pode gerar sentimentos e comportamentos perturbadores em resposta ao clima de silêncio que se estabelece. O mais importante em qualquer relacionamento é a comunicação franca e respeitosa sobre os efeitos que as diferenças individuais provocam na vida compartilhada.

Uma vez que você percebe resistência por parte do seu marido para conversar com você, vale propor que vocês busquem ajuda de um(a) profissional especializado(a) em terapia sexual e de casal para avaliação e acompanhamento dos seguintes pontos:

1) o seu desconforto com o consumo dele por conteúdo pornô com “novinhas”, e aqui cabe esclarecer se são pessoas mais jovens que você, porém adultas;
2) se a atividade masturbatória do seu marido seria uma forma que ele encontrou para lidar com a frequência sexual a dois insuficiente para ele ou se estaria associada ao uso excessivo de pornografia e/ou à compulsão sexual, e;
3) se há disposição de ambas as partes para abordarem e resolverem juntos essas questões administrando as motivações íntimas que possam contemplar o prazer de ambos os lados.

Caso o seu marido se recuse a aceitar auxílio psicoterapêutico com você, não hesite em fazer isso individualmente, para se aprofundar mais e poder se aparelhar de recursos para lidar com as questões que perpassam a sua vida conjugal.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

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É Psicóloga Clínica, Terapeuta Sexual e de Casais no Instituto H.Ellis-SP; psicóloga no Ambulatório da Unidade de Medicina Sexual da Disciplina de Urologia da FMABC; Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; epecialista em Sexualidade pela Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana – SBRASH; autora do livro “Mulher: produto com data de validade” (ED. O Nome da Rosa) Mais informações: www.instituto-h-ellis.com.br